O São Paulo campeão paulista de 1957 na noite das garrafadas

Por Ricardo Pilotto
Foto: Arquivo

O Tricolor foi campeão paulista de 57

No dia 29 de dezembro de 1957, o São Paulo bateu o Corinthians no Pacaembu pelo placar de 3 a 1, numa noite que ficou marcada por garrafadas em direção gramado, e conquistou o Campeonato Paulista daquele ano. O título veio num momento crucial, uma vez que o clube do Morumbi só voltou a ser levantar um caneco após 13 anos de fila.

A competição foi dividida em duas fases: na primeira, todos os vinte times participantes se enfrentaram num único turno. Já na segunda, todas as agremiações que terminaram na primeira metade da tabela se classificavam à Série Azul, que levava à caminho do título. Caso houvesse empate entre mais de uma equipe na 10ª colocação, era previsto um jogo-desempate para decidir quem ficaria com a vaga.

Nesta Série Azul, todos os times se enfrentaram no formato de pontos corridos, em dois turnos. A contagem de pontos não era agregada à fase anterior. Um eventual empate entre os líderes, ao fim das rodadas, provocaria um jogo-desempate para definir quem ficaria em primeiro. Os dez últimos colocados na primeira fase, tiveram de jogar a Série Branca, que rebaixou o pior time à Segunda Divisão estadual. A disputa também foi por pontos corridos, com todas as equipes se enfrentando em turno e returno. Outra semelhança com a outra Série é que os pontos não era somados à etapa anterior do campeonato.

Para algumas partes, somente a Série Azul é considerada como o verdadeiro Paulistão de 57. Foi justamente nesta fase, que o Corinthians fez uma campanha espetacular: ficou invicto, e ainda terminou com cinco pontos à mais em relação à Santos e Portuguesa. Um dos triunfos do clube Alvinegro no Parque São Jorge foi diante do Santos, por 2 a 1. O clássico aconteceu no dia 21 de julho, e acabou sendo a última vitória do Timão sobre o Peixe em campeonatos estaduais até 68.

Do outro lado, o São Paulo, comandado pelo treinador húngaro Bela Guttmann, iniciou a sua participação na fase classificatória preocupando a sua torcida, mas conseguiu garantir a sua vaga para a reta final do torneio sem grandes dificuldades. A diretoria são paulina reforçou time trazendo o já veterano Zizinho, que mesmo com 37 anos de idade, era considerado o maior craque do futebol brasileiro naquela época. Sua estreia no Tricolor aconteceu no 10 de novembro, quando o clube do Morumbi venceu o Palmeiras por 4 a 2. Cerca de quatro partidas depois, participou também de uma goleada por 6 a 2 sobre a equipe do Santos num jogo do segundo turno da última e decisiva fase.

O Coringão foi bastante regular na fase decisiva e conseguiu sustentar uma invencibilidade de 35 jogos que durou até a penúltima rodada. Inclusive, o Time do Povo chegou a conquistar a Taça dos Invictos, que veio numa vitória história contra o Santos. Em contrapartida, bastou uma derrota magra por 1 a 0 para o próprio Peixe, na Vila Belmiro, no 23 de dezembro, para embolar o campeonato: São Paulo e Corinthians somavam 28 pontos, e viam o Santos, com 27, no retrovisor. Como o regulamento previa confronto direto entre os primeiros colocados na última rodada, um eventual empate no Majestoso, somado a um triunfo santista em cima do Palmeiras, deixaria três clubes juntos com 29 pontos, forçaria uma decisão.

Em 28 de dezembro, um dia antes de Tricolor e Timão se digladiarem, o Alvinegro Praiano goleou o Palmeiras por 4 a 1. Esta vitória fez com que os dois times fizessem uma partida tensa no gramado do Pacaembu. Não só porque um simples vitória para qualquer um dos lados seria o suficiente o título, mas sim porque no primeiro turno, no empate em 1 a 1, Alfredo Ramos, lateral do Coringão que tinha acabado chegar do próprio São Paulo, acabou fraturando a perna num choque com Maurinho, do São Paulo, lance que fez com que Luizinho e Gino Orlando passassem a discutir bastante até o fim da partida. No dia seguinte, Gino e alguns outros jogadores tricolores foram visitar o ex-companheiro de equipe no hospital, e Luizinho apareceu para acertar uma tijolada na testa de Gino na saída.


Todo aquele nervosismo dos minutos iniciais do jogo só foi esfriando quando o Tricolor inaugurou o marcador com gol de Amaury, anotados aos 17 minutos da etapa complementar. Dois minutos depois, o time do Morumbi aproveitou que o Alvinegro cedeu espaços ao sair para o jogo e ampliou a vantagem com Canhoteiro. Logo em seguida, Rafael fez um golaço de bicicleta e conseguiu diminuir o prejuízo. No auge da pressão da equipe corintiana, que buscava o empate, Maurinho decretou o placar final, matou o confronto num lance que o time do Parque São Jorge reclamou de impedimento, mas o auxiliar inglês Lynch , não marcou a irregularidade e ainda provocou o goleiro Gylmar, tanto antes quanto após o findar da jogada.

O São Paulo acabou sendo campeão, mas não pode fazer a tradicional volta olímpica. Isso porque, a torcida corintiana, muito revoltada por conta do lance do terceiro e último gol do rival, começou a arremessar garrafas na direção do campo e fez com que a partida ficasse marcado na história como a história como "A Tarde das Garrafadas".
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