Atletas relatam suposto esquema de manipulação de resultados no futebol gaúcho

Com informações do G1 e RBS TV
Foto:  divulgação

FGF monitora casos suspeitos e está colaborando com o MP e Polícia Civil

A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio Grande do Sul investigam a suspeita de suborno a atletas para a manipulação de resultados de jogos de futebol de divisões inferiores no Rio Grande do Sul. Por trás das ofertas, estariam pessoas que fazem apostas em sites da internet. Para forçar resultados, os apostadores tentam comprar os jogadores.

Um goleiro, que prefere não ser identificado, atuou na segunda divisão do futebol gaúcho. Ele diz ter sido procurado por um homem, que lhe ofereceu até R$ 5 mil para forçar a derrota do próprio time. "Ele botou um valor estimado de R$ 3 mil, R$ 4 mil, R$ 5 mil por jogo, para que eu fizesse o que eles mandassem", relata.

O valor é de quatro a cinco vezes mais que o salário recebido pelo atleta. O goleiro afirma que recusou a oferta. "Eu posso não ter realizado o meu sonho, cara, mas eu segui todo o conselho, toda a ética que a minha mãe me deu, todos os passos que ela me deu", destaca.

Os casos passaram a ser investigados a partir de denúncias encaminhadas pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF). A entidade contratou uma empresa de auditoria para monitorar os sites de apostas, que não têm envolvimento no esquema, segundo o MP.

Desconfiança - Nos sites de apostas, é possível arriscar palpites no resultado da partida, número de chutes a gol, cartões, passes e uma infinidade de indicadores do jogo. Quanto menos provável o palpite, mais dinheiro o apostador ganha, se acertar.

Um integrante da comissão técnica do Farroupilha de Pelotas, no Sul do estado, que disputa a terceira divisão, diz que ficou desconfiado durante um jogo em que a equipe perdeu pelo placar de 7 a 0 para o Bagé. "A gente sabe que hoje nas casas de apostas também dá para se apostar nos escanteios, além dos resultados e dos gols. E aí, no quinto escanteio, teve uma situação mais estranha ainda, que a bola estava quase saindo para fora, e o goleiro resolveu meter a mão na bola e dar mais um escanteio", diz o homem, que também prefere não ser identificado.

O diretor jurídico do Farroupilha, Hermes Rockembach, diz que o clube busca averiguar junto às autoridades as denúncias de manipulação ou eventuais denúncias caluniosas contra o clube. "Estamos buscando amplamente a divulgação, buscando a investigação deste fato que é extremamente grave e não pode passar impune", sustenta.

As suspeitas em torno da partida se tornaram conhecidas quando o jogador Padilha, do Farroupilha, postou um desabafo nas redes sociais. Ele disse que estaria difícil fazer futebol no interior em razão das apostas.

Investigações - A polícia investiga se jogadores e a comissão técnica receberam vantagens para entregar o jogo entre Farroupilha e Bagé. O delegado Gabriel Bicca, da Delegacia de Investigações Especiais, explica que a manipulação de resultados pode ser punida, conforme o Estatuto do Torcedor.

"O Estatuto do Torcedor prevê que aceitar vantagem, ou participar dessa simulação, ou facilitar que aconteça, existe uma apenamento de dois a seis anos e mais multa. Então, as pessoas que participam de qualquer maneira e contribuem para isso estão sujeitas e esse tipo penal", afirma.

Em Porto Alegre, o suposto esquema de manipulação de resultados no futebol já virou processo judicial. A investigação começou depois que o dono de um clube revelou ter sido procurado por dois homens que ofereceram dinheiro. Até os integrantes da defesa seriam subornados.


"[O diretor] poderia receber R$ 20 mil caso manipulasse os resultados de alguns jogos, dois jogos que ainda restavam naquele campeonato. A linha de defesa desse clube, cada jogador da linha de defesa receberia mais R$ 1 mil, com ainda um bônus de R$ 1 mil para quem fizesse um pênalti, para quem cometesse um pênalti. Tudo isso para que o placar de derrota desse clube fosse superior a 3 a 0", relata o promotor Flávio Duarte. O MP diz que sites de apostas não têm envolvimento com esquema.

O presidente da FGF, Luciano Hocsman, afirma que a entidade monitora os casos suspeitos junto à empresa contratada. "Qualquer tipo de movimentação que foge ao normal, nós recebemos dessa empresa um relatório sigiloso com dados desse mercado e, através disso, nós adotamos as medidas administrativas aqui que a gente entende cabíveis para essa situação", comenta.
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