Para presidente da Associação Nacional dos Árbitros, "o VAR está apitando jogos"

Com informações da Agência Estado
Foto: reprodução

O equipamento do VAR que fica dentro de campo

Três anos depois de o VAR (árbitro assistente de vídeo) ser introduzido no futebol brasileiro, as polêmicas sobre as decisões da arbitragem continuam a prevalecer. A última, motivada por uma decisão do árbitro Vinícius Gonçalves, que marcou um pênalti para o Flamengo no jogo contra o Bahia, provocou a demissão de Leonardo Gaciba da presidência da CNA (Comissão Nacional de Arbitragem) da CBF, na última sexta-feira.

Para Salmo Valentim, presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros), mais do que os nomes escolhidos para o cargo, agora ocupado interinamente, o mais importante é uma reformulação ampla da arbitragem.

“A CBF investiu alto no VAR, mais de R$ 60 milhões neste período, e, apesar disso, aqueles que preparam os árbitros não estão qualificados. Falta gestão na arbitragem. Quem está tomando a maioria das decisões é o VAR. Os árbitros de vídeo interferem quando não devem e deixam de interferir quando devem. O VAR está apitando os jogos de futebol”, critica.

Tal situação, segundo Valentim, tem ocorrido na grande maioria dos jogos no País e contraria o principal conceito do VAR, a autonomia do árbitro de campo para tomar a decisão. Para ele, há muita intimidação também quando as pessoas que operam os aparelhos de imagem chamam o juiz de campo para a cabine.

“Os árbitros brasileiros estão expostos. Até em lances interpretativos, o que não é a recomendação, eles têm sido influenciados por opiniões da cabine. Está faltando autoridade para os árbitros do campo”, diz o especialista, disposto a ajudar caso a CBF precise da associação que preside.

“Estão deixando os árbitros muito acuados diante de posturas agressivas dos jogadores, reclamações, pressão o tempo todo. Os árbitros estão com medo. Quase todas as decisões deles seguem a sugestão do VAR. Temem contrariar o que diz o VAR, com medo de não serem chamados na próxima escala”, observa.

Saída de Gaciba - Salmo considera positiva a saída de Gaciba, que estava sendo muito criticado por não vir à público e dar explicações sobre os problemas com a arbitragem. Pior do que isso: ele tinha convicção de que estava tudo bem com a arbitragem brasileira e não estava. Mas ele também não se mostrou satisfeito com a nomeação de Alício Pena Júnior para ocupar o cargo como interino.


“A gestão de Gaciba estava causando a execração para todos os árbitros e assistentes brasileiros. Mas essa mudança precisa ser estrutural. Não adianta mudar a cabeça e não mudar o corpo. Esse grupo que está à frente da arbitragem, inclusive a pessoa que vai substituir Gaciba de forma interina, está há quase uma década na Comissão Nacional sem qualquer resultado significativo para a arbitragem brasileira”, diz.

As mudanças precisam ser mais profundas, segundo ele. “Gaciba não é o único responsável. O cenário é de ‘terra arrasada’ e exige uma oxigenação completa dos quadros da CNA. Com os ‘mesmos de sempre’, as soluções não passarão de paliativas. São urgentes novos nomes, que tenham conhecimento técnico, profundidade em gestão, espírito de liderança e, principalmente, um projeto claro e sólido de desenvolvimento para a arbitragem nacional”, destaca. “Só trocar o chefe não adianta.”
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