Milagres: o ídolo da camisa 1 do América Mineiro

Por Ricardo Pilotto
Foto: arquivo

Foram 10 anos de Milagres como goleiro do América Mineiro

Marco Antônio Milagres, um dos maiores goleiros da história do América Mineiro, completa 55 anos de idade nesta sexta feira, dia 23. O ex-atleta defendeu o Coelho por 10 anos de sua carreira e colecionou títulos pelo clube de Belo Horizonte.

Após uma passagens iniciar a carreira no Flamengo, onde amargou a reserva de Zé Carlos, e uma passagem pelo Moto Club de São Luís do Maranhão, Milagres chegou a Minas Gerais para defender as cores do América Mineiro no ano de 1991. O guarda metas se tornou um ídolo para a torcida do Coelho durante algumas das grandes conquistas do clube, como o campeonato estadual em 1993 e a Copa Sul-Minas em 2000. Nessas ocasiões, Milagres foi responsável por grandes defesas que acabaram ajudando no resultado final das competições vencidas.

O primeiro ano completo com a camisa do time mineiro foi no ano de 1992. Era Milagres, o goleiro titular do América Mineiro na campanha em que o clube voltaria a disputar um final do campeonato estadual e levaria o Coelhão do Brasileirão. Naquele momento, o guarda metas já se tornaria peça chave para o clube, que vinha ascendendo no cenário futebolístico brasileiro.

Foi após essa temporada, que Milagres foi ganhando cada vez mais simpatia da torcida do América. No ano de 1993, o goleiro novamente conseguiu ser um grande responsável pela conquista do Campeonato Mineiro. Foi neste ano em que clube voltou a vencer uma taça após 22 anos sem títulos.

Além do troféu, o goleiro conseguiu uma marca importantíssima. Em 18 jogos, só tomou oito gols e chegou a completar 400 minutos sem ser vazado. O América foi campeão com a melhor defesa da competição naquela oportunidade.

Na Série A do Campeonato Brasileiro de 1993, Milagres foi mais uma vez um atleta importante na campanha do clube na elite. Naquela temporada, o Coelho terminou na 16ª posição, em um campeonato que tinha 32 equipes. Mesmo no meio da tabela de classificação, o clube acabou sendo rebaixado para a segunda divisão, já que a CBF havia livrado clubes de grande torcida do descenso naquele ano. O América reivindicou seus direitos de permanecer na primeira divisão na Justiça Comum. Mas no fim, o clube mineiro acabou sendo punido pela entidade máxima do futebol brasileiro e não poderia disputar nenhuma competição organizada pela Confederação.

Mesmo com o rebaixamento e muitos jogadores tendo saído do clube, o arqueiro ficou no Coelhão. O clube passou por uma série de dificuldades para trazer novos jogadores pra repor o elenco e patrocínios para ajudar o clube financeiramente. Além de Milagres, o América ainda ficou com outros dois jogadores que conquistaram o campeonato mineiro do ano anterior. Eram eles: o meia Flávio Lopes e o zagueiro Marins.

Graças a esses três jogadores, o Coelho conseguiu fazer boas campanhas nas próximas duas temporadas no campeonato estadual, terminando na terceira colocação em 1994 e um vice-campeonato em 1995. Naquele exato momento, Milagres colecionava 4 campeonatos estaduais disputados pelo América, vencendo um título, e ficando com o vice campeonato em duas oportunidades. Devido a coleção de grandes atuações com a camisa do time alviverde, o goleiro se tornou um símbolo da equipe na década de 90, época em que o América conseguia jogar de igual para igual com Atlético Mineiro e Cruzeiro em confrontos diretos.

Como consequência de não poder disputar nenhuma competição de âmbito nacional, o América foi fazer excursões na China, no Qatar e na Arábia Saudita, com o objetivo de ajudar as finanças do clube que não se encontravam em boas condições nos anos 94 e 95. Apesar dos resultados positivos contra as seleções da china e do Oriente Médio, Milagres sofreu uma grave lesão na retina em meio a uma confusão generalizada. O goleiro tentava apartar uma briga, mas acabou sendo atingido por um atleta chinês, e por fim, o arqueiro acabou tendo um deslocamento de retina no olho esquerdo.

Mesmo não repetindo o protagonismo de 93, o arqueiro ainda foi uma peça importante em 1997. Chegou a ficar 1000 minutos sem levar gols no estádio Independência. Foi justamente neste ano, que o América venceu seu primeiro título de nível nacional, a Série B do Brasileirão, e tinha uma força defensiva muito grande, contando com jogadores como Tupãzinho, Dênis, Wellington Paulo e Gilberto Silva no elenco. Por conta de todo o seu amor a camisa e ter ajudado na sobrevivência do clube, foi considerado o grande merecedor da grande conquista naquela temporada.

Um ano após a conquista do primeiro troféu nacional do clube mineiro, Milagres voltaria a ser o goleiro titular permanente da equipe e permaneceria como dono da posição até 2000. No ano de 1999, Milagres quase voltou a levantar um título de campeão mineiro com a camisa alviverde. Naquela temporada, a decisão do campeonato estadual de Minas era no sistema "melhor de três", e nos dois primeiros jogos, o ícone americano foi muito bem e acabou não sendo vazado. Milagres só tomaria um gol na terceira partida através de um pênalti que gerou muita discussão, e assim, o Coelho ficaria com a medalha de prata. Ainda naquela temporada, o goleiro conseguiu mais uma vez o acesso para a elite do futebol brasileiro junto com a equipe mineira.

A última conquista do goleiro com a camisa 1 do América Mineiro foi em 2000, com o título da Copa Sul-Minas. Milagres já era veterano, mas ainda sim, conseguiu voltar a ser o principal nome do Coelho e foi premiado como melhor jogador nas duas partidas diante do Cruzeiro na final da competição. Nas semifinais, o arqueiro da equipe de Minas Gerais acabou sendo vilão na primeira partida contra o Atlético Paranaense, ao falhar nos minutos finais e permitir o empate do Furacão. Mas nos 90 minutos que decidiriam uma vaga para a grande decisão, o ícone mineiro se redimiu e pegou uma penalidade, ajudando o clube alviverde a ir para final.


Foram nas duas partidas da grande decisão da Copa Sul-Minas, que Milagres se sagraria de vez um ídolo para o clube e para a torcida do América. O ídolo da camisa 1 segurou a bronca e conseguiu fazer diversas defesas importantíssimas em um verdadeiro bombardeio da equipe celeste. O atleta foi considerado como o melhor jogador nas duas partidas. Por isso, a consagração definitiva de "mito de Milagres".

Após alguns meses da conquista de seu terceiro título pelo clube, Milagres chegou a uma marca expressiva que não havia sido quebrada há 45 anos, até fazer 357 partidas com a camisa do Coelhão e superar Gaia. Antes de sair do clube, o goleiro completaria 371 jogos e se tornaria o jogador que mais vestiu a camisa do time mineiro.

Ainda como arqueiro, Milagres ainda jogaria por clubes como Santa Cruz, Atlético Mineiro e Uberaba antes de anunciar o fim de sua carreira como jogador profissional. Mesmo depois de pendurar as luvas, o ex-goleiro voltou a trabalhar no clube o ex goleiro chegou a treinar das categorias de base do clube.

No cargo de técnico da equipe sub-20, conseguiu levar a equipe a duas conquistas de nível nacional, vencendo uma Taça BH de Futebol Júnior e um título do Campeonato Brasileiro da Série A sub-20 no ano de 2011. Somando as carreiras como jogador e treinador, Milagres conquistou 5 títulos pelo Coelho em sua carreira.
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