O Expresso da vitória - O mais encantador dos 122 anos do Vasco

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Rio de Janeiro, Brasil, América do Sul, o Expresso da Vitória não tinha fronteiras

Um dos mais tradicionais e importantes clubes do Brasil e do Mundo, o Vasco da Gama completa 122 anos de fundação neste dia 21 de agosto de 2020. Independente se pioneiro ou não, o Gigante da Colina é responsável direto pela inclusão de negros e pobres no antigo elitizado futebol e canta com orgulho essa história na lindíssima camisas negras. Porém, não só disso vive a linda história vascaína e, entre os anos 1940 e 1950, o alvinegro de São Januário teve aquele que foi provavelmente o melhor e mais encantador time de sua história: o Expresso da Vitória.

Orgulhoso do pioneirismo na questão da inclusão de "negros e operários", como diz a música, o Vascão contava com o comando do uruguaio Odino Vieira, que introduziu no futebol brasileiro o 4-2-4 que levaria em alguns anos o Brasil a seus melhores resultados e jogos mais bonitos em Copas do Mundo. O Cruzmaltino seria base da Seleção Brasileira que bate una trave na Copa do Mundo de 1950, em casa.

Ao assumir a presidência, Cyro Aranha tratou de renovar o elenco e trazer jogadores pensando em rendimento futuro. Chegaram nomes como o goleiro Barbosa, os meio-campistas Jair, Nenê, Djalma e os atacantes Chico e Ademir de Menezes. Aos poucos foi se formando a base campeã. Se em 1944o título carioca não veio, apesar das conquistas dos torneios relâmpago, início e municipal, em 1945 o estadual veio de forma invicta e com goleadas. Apesar das perdas de Ademir de Menezes e Odino em 1946, o Cruzmaltino seguiu bem, mas não conquistou títulos, apesar do início de Barbosa se dar naquele ano.


Em 1947, assume o comando o treinador Flávio Costa. Com ele, o Vasco é outra vez campeão carioca de maneira invicta, com destaque para seu mortal ataque formado por Djalma, Maneca, Friaça, Lelé e Chico. Somando as conquistas do torneio municipal e do carioca, foram 108 gols em 30 jogos, com um 14 a 1 sobre o Canto do Rio, até hoje maior goleada da história do futebol profissional do estado do Rio de Janeiro. 

Com a ótima performance, o Vasco foi convidado a disputar o torneio dos campeões Sul-Americanos, uma espécie de embrião da Libertadores. Entre os adversários estavam os fortíssimos Nacional e River Plate, este último com a equipe chamada de Lá Maquina e com Di Stefano em seu quadro. Porém, com grandes vitórias e goleadas por 4 a 1 pra cima do Nacional e 4 a 0 no Municipal de La Paz, os vascaínos conquistaram o título após empate em 0 a 0 com o River. A Conmebol considera o Sul-Americano um título de mesma importância que a Libertadores, ainda que não seja a mesma conquista.

Em 1949, tendo novamente Ademir de Menezes e com a chegada do atacante Heleno de Freitas, o ataque cruzmaltino marcou 84 gols em 20 jogos e conquistou mais um estadual invicto. Em 1950, mesmo com um começo claudicante, a equipe se recuperou e conquistou mais uma vez o título estadual, com destaque para algumas goleadas, incluindo um 4 x 0 pra cima do Fluminense. O Brasil tinha em 1950, na Copa do Mundo que disputou em casa, oito jogadores vascaínos no elenco, eram eles o goleiro Barbosa, os defensores Augusto e Ely, o meia Danilo e os atacantes Ademir de Menezes, Chico, Alfredo e Maneca.


Em 1951, a grande história do Vasco foi uma vitória sobre o Peñarol em uma excursão no Uruguai, que serviu para muitos como uma vingança brasileira após 1950. Já perdendo fôlego, o Expresso da Vitória teve sua última grande glória em 1952, com a conquista de outro título carioca, que dessa vez veio por antecipação. Foi a última nota do samba na apoteose vascaína daqueles anos, já que depois disso se iniciou um processo de renovação que entre outros jogadores ajudou a revelar o atacante Vavá.

O Expresso da Vitória cimentou ainda mais o caminho da grandeza do Vasco da Gama, que tem essa equipe até hoje lembrada com saudosismo como uma das melhores da história do futebol brasileiro, figurando na prateleira de times como o Flamengo de Zico, o São Paulo de Telê Santana e um pouco abaixo do Santos de Pelé, que foi um verdadeiro absurdo histórico. Nos 122 anos, a única coisa que o torcedor vascaíno pede atualmente é que um pouco da inspiração daquele time recaia sobre o clube, para trazer alguns dias de paz tão necessários a um tão judiado São Januário.
←  Anterior Proxima  → Inicio

0 comentários:

Postar um comentário

O Curioso do Futebol

O Curioso do Futebol
Site do jornalista Victor de Andrade e colaboradores com curiosidades, histórias e outras informações do mundo do futebol. Entre em contato conosco: victorcuriosofutebol@gmail.com

Twitter

YouTube

Aceisp

Total de visualizações