Ricardo Costa fala da campanha do Capivariano na A3 e de sua carreira

Por Victor de Andrade
Foto: Yuri Rossi / Raízes FM

Ricardo Costa quando foi apresentado pelo Capivariano

Depois de ter se tornado o treinador de maior sucesso na Segunda Divisão Paulista nas últimas quatro edições da competição, foram três acessos, sendo um deles com título (Portuguesa Santista, em 2016), sendo todas as temporadas chegando, no mínimo, na semifinal, Ricardo Costa, em 2020, conseguiu embalar uma boa campanha na Série A3, com o Capivariano.

O Leão da Sorocabana, com Ricardo Costa no comando, chegou ao quarto lugar antes da parada da competição por conta da quarentena devido à pandemia de coronavírus. A equipe fez 18 pontos em 11 jogos, com cinco vitórias, três empates e três derrotas, ficando próxima da classificação para o mata-mata.

Em entrevista ao site O Curioso do Futebol, o técnico falou como foi montar a equipe, o desempenho do Capivariano na competição, a dificuldade e como enfrentou o fato de não poder atuar na Arena Capivari e também sobre a sua carreira. Confira:

O Curioso do Futebol - Como estão as conversas entre você, diretoria do clube e jogadores durante a quarentena?

Ricardo Costa - Nesta quarentena, nós iniciamos com o monitoramento dos atletas. No começo, achávamos que a volta do futebol seria um pouco mais rápida, mas, infelizmente, ficou difícil o retorno por tudo o que vem acontecendo no mundo. Então, respeitamos a quarentena, monitoramos os treinamentos dos atletas, que faziam as atividades em casa, com o preparador físico passando os exercícios individuais. Porém, agora parou um pouco, pois a questão de motivação é complicado, já que os contratos de alguns jogadores se encerraram e eles estão livres no mercado atualmente. É claro que o clube procura conversar com os atletas e eles entendem o lado da agremiação, as dificuldades, pois a parte financeira, principalmente dos times da Série A3, os recursos são difíceis de achar. Mas, tem alguns jogadores que ainda estão com contrato e o clube vem cumprindo com suas obrigações e destes atletas os treinos estão sendo monitorados. Estamos conversando com a diretoria constantemente e estamos esperando a Federação liberar os treinamentos e depois encerrarmos a competição.


OCDF - O quanto o fato do Capivariano não poder atuar na Arena da cidade, tendo que jogar em Santa Bárbara d'Oeste, atrapalhou a equipe?

RC - Nós tivemos que encarar este fator. Realmente, tivemos que fazer uma adaptação para disputar a competição. Lógico que Santa Bárbara d'Oeste é próximo de Capivari, mas, mesmo assim, compromete a ida de nossa torcida para o estádio, então a renda e o apoio, aquela pressão, nós não tivemos tanto quanto se jogássemos na cidade. Além disso, tivemos que nos adaptar ao gramado, que é bem diferente ao que tem na Arena Capivari. Tivemos pouco tempo para a adaptação, mas nossa campanha dentro de casa foi excelente, pois tivemos uma porcentagem de aproveitamento muito grande, perdendo apenas um jogo como mandante, justamente o primeiro. Mas, depois conseguimos vencer todos os outros jogos em Santa Bárbara d'Oeste. Então, as dificuldades foram iniciais, mas fizemos a adaptação, nos acostumamos com o campo, com o horário também, já que planejávamos jogar a noite e lá tivemos que mudar para a tarde. Mas, conseguimos nos adaptar e a equipe se portou bem nesta questão.

OCDF - Apesar do contratempo citado na pergunta anterior, o Capivariano vem fazendo uma bela campanha e ocupa a quarta colocação da competição, com 18 pontos, a mesma pontuação do terceiro (Velo Clube) e a dois do segundo (EC São Bernardo). O que você acredita que faltava na equipe para se consolidar no mata-mata da competição?

RC - Realmente vínhamos com uma boa campanha, em evolução constante. O time do Capivariano é jovem, mas que não tinha medo de errar, então encaixou o jogo e pegou confiança e cresceu com as partidas. Foi uma pena ter parado, porque os nossos dois últimos jogos foram os melhores, contra o Noroeste, fora, fizemos um grande jogo e saímos de lá com um ponto contra uma grande equipe, que vinha sobrando nesta Série A3. Dominamos a partida, jogamos bem, indo para cima, mesmo com o estádio lotado, e ainda tivemos a chance de vencer na última bola. Já nosso melhor jogo foi exatamente o último, contra o Nacional, onde tivemos cerca de 85% de posse de bola, ganhamos e convencemos, pois a equipe jogou muito bem. Então, eu creio que se não tivesse a parada, seríamos um grande candidato ao acesso, entraríamos embalado neste mata-mata, independente do adversário, e a tendência nossa era decidir em casa, pela campanha, pois ainda tínhamos confronto direto com o EC São Bernardo e jogos com times abaixo de nós na classificação. A tendência era a equipe somar mais pontos e entrar bem nas quartas.


OCDF - Apesar de nunca ter feito uma campanha ruim na A3, você acabou não tendo sequências longas na competição, sendo demitido no meio da competição nas últimas vezes que esteve na divisão. Porém, no Capivariano, pelo menos para quem acompanha sem viver o dia-a-dia, você está tendo mais confiança da diretoria. Isto dá mais tranquilidade para fazer o trabalho?

RC - Eu acho que é tudo no seu tempo. Quando você aceita um projeto, sempre pensa em finalizar. Porém, às vezes, as pessoas não entendem e cortam o vínculo no meio da competição. Isso é ruim e eu sempre tento cumprir os meus contratos, mas eu não posso cobrar isto dos clubes e a cultura aqui no Brasil é essa, de não dar continuidade ao trabalho do treinador. Mas, eu sei da minha capacidade, de onde posso chegar e me sinto confiante. A diretoria do Capivariano me deu total liberdade e confiança para fazer o trabalho, então eu creio que isso me ajudou bastante. O clube vinha de duas boas campanhas na Série A3, sempre disputando o acesso, e me deu esta oportunidade. A agremiação tem uma boa diretoria, boa estrutura, com pessoas pensando no futebol a todo o momento. Eu creio que isto facilitou, deu tranquilidade e liberdade de trabalho e, assim, conseguimos implantar nossa metodologia. Também as pessoas do clube vinham gostando do trabalho até esta parada, nós conseguimos fazer uma boa competição e espero dar sequência e conquistar os objetivos no final do campeonato.

OCDF -  É difícil fazer um prognóstico, pois não há previsão de retorno, mas o que espera na volta dos jogos na A3?

RC - Realmente é difícil fazer qualquer tipo de previsão do retorno da Série A3. Torcemos para que isto acabe logo e os jogos retornem, pois as pessoas precisam trabalhar. Eu sei de jogadores que estão passando dificuldade, tendo que trabalhar fora do futebol, para sustentar a família, então isto é muito grave. Então, torcemos para que isto passe logo e que possamos voltar. Alem disso, creio que a A3 demore mais para voltar. Acredito que a Federação pense em acabar, primeiro, com a A1 para depois pensar na A2 e A3. Mas, ficamos na torcida para voltar o mais rápido possível.

OCDF - Você teve três acessos e um título nas últimas quatro temporadas da Segunda Divisão Paulista e tem um grande respeito e admiração entre as pessoas que acompanham a competição. Você deve esse sucesso ao estilo de jogo que implanta às suas equipes?

RC - Com certeza! Eu acho que o estilo de jogo que tento implantar às minhas equipes facilita bastante dentro da Segunda Divisão. É um futebol bonito, para cima do adversário, tendo o controle de jogo dentro como fora de casa, acredito que isto é importante. Esse estilo deu muito resultado, com três acessos e um título com a nossa querida Briosa, um clube que tenho um carinho muito grande. Então, eu creio que tudo isto facilitou bastante o sucesso na competição, implantando um jogo, quebrando alguns paradigmas dentro da divisão, que sempre falavam que tinha que jogar feio, de corpo-a-corpo, mas acho que conseguimos mostrar que dá para se jogar bonito na última divisão também.


OCDF - Obrigado pela entrevista e deixo o espaço para deixa o seu recado.

RC - Eu agradeço a oportunidade de estar falando com vocês de O Curioso do Futebol. Obrigado pelo carinho e parabéns pelo trabalho. Sempre acompanho as pesquisas e as entrevistas do site. Quero aproveitar e deixar um abraço para o pessoal da Baixada Santista, onde fiz muitos amigos e principalmente para a torcida da Briosa.
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