Gamarra no Internacional

Matéria reproduzida da Revista do Inter nº 35
Foto: Revista Placar

Gamarra em ação pelo Internacional. Já fez fama de grande zagueiro pelo colorado

Durante o ano de 1997, com seus 88 anos de história, o Sport Club Internacional apresentava à torcida um time promissor, dotado de inegáveis virtudes. No gol, tinha a segurança de André, nas laterais as presenças de Luciano e Enciso, no meio – campo os incansáveis Fernando e Anderson, aliados à criatividade de Sandoval. A dupla infernal, Fabiano e Christian, completavam a equipe colorada. Porém, meses antes das camisas 7 e 9 virarem a febre vermelha em Porto Alegre, o torcedor já idolatrava a número 4, que pertencia a ninguém menos que Carlos Alberto Gamarra Pavón. Mais um grande zagueiro na vida do Internacional.

O magnetismo que existe entre a Academia do Povo e defensores estrangeiros não é novidade para os colorados. O Clube já conviveu com o chileno Figueroa, nos anos 70 e o uruguaio Oscar Aguirregaray, na década de 80. O primeiro fez o gol iluminado contra o Cruzeiro, que deu o primeiro título em Brasileiros para o Internacional. O segundo integrou a equipe que venceu o Gre-Nal do Século. Gamarra surgiu em 1996 apenas para confirmar isso. O paraguaio chegou ao Inter sem muito alarde, depois de ter sido contratado junto ao Cerro Porteño.

Na época com 25 anos, Gamarra desembarcou bem recomendado por Paulo César Carpegianni e de forma tímida jogou para se eternizar no coração dos colorados. A estréia aconteceu no confronto entre Internacional e Goiás, pelo Campeonato Brasileiro de 1996. O resultado foi 1x1, mas os milhares de torcedores que tomaram o Gigante testemunharam o nascimento de uma nova idolatria. 

Dali adiante, Gamarra já mostrava as credenciais que o levariam para a Seleção do Paraguai e em pouco tempo conquistou para si a braçadeira de capitão. Dentro de campo demonstrava força e alta qualidade técnica que o transformariam num dos defensores mais leais do futebol mundial. Possuía imposição na bola aérea e facilidade para sair com a bola dominada. Atualmente, em conversas de futebol, Gamarra é alçado como parâmetro para definir a qualidade de um zagueiro. Em 1997, o Internacional conquistou o Campeonato Gaúcho contra o Grêmio. Fabiano Souza aparece para os holofotes com um belíssimo gol em cima de Danrlei. Aquele jogo, ao seu final, expressava dois extremos: a alegria pelo título e a consternação pela saída ídolo paraguaio do Clube.


Num último esforço, os colorados em coro pediam que Gamarra permanecesse no Internacional. A taça já não importava mais e sim a preservação de um futebol aguerrido e de qualidade, algo poucas vezes visto quando fala-se em zagueiros no Brasil. Após a passagem pelo Internacional, Gamarra esteve na Copa de 1998, defendendo seu país. Mostrou ao mundo como se joga 360 minutos de uma competição sem cometer uma única falta. Enfrentou, com o braço machucado, a pressão da seleção francesa composta Zinedine Zidane, Barthez e Thuram. Ao longo da carreira, ele acumula passagens por grandes times brasileiros, como Flamengo, Corinthians e Palmeiras, entretanto, ele se diz torcedor de apenas dois Clubes: Cerro Porteño e Sport Club Internacional.
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