Por Lucas Paes
Elba de Pádua Lima, o Tim, marcou a história do San Lorenzo com um titulo nacional invicto
A Argentina e o Brasil são, no futebol, países intimamentes ligados por uma rivalidade fortíssima dentro das quatro linhas. Imensos expoentes do futebol sul-americano, prezando ambos pelo jogo bonito, porém de formas diferentes, como diferenças entre o Tango e o Samba. Só que as vezes, quando há um comandando um time no país do outro, a música tem uma nota refinada, como o bater de um bumbo junto a nota de um violino. Logo depois do sucesso de Osvaldo Brandão no Independiente, foi a vez de Tim, histórico jogador da Seleção Brasileira, entrar na história do San Lorenzo.
Parte da primeira grande Seleção Brasileira em Copas do Mundo, que jogava um futebol encantador nos idos de 1938, Tim foi tão grande como técnico como foi como jogador. Porém, sua maior conquista não viria em terras tupiniquins. Em 1967, foi contratado pelo San Lorenzo para fazer com que o que havia sobrado do bom time dos "caras sujas" conseguisse tirar o Ciclón da fila. Até então, os cuervos tinham apenas três títulos na era profissional, tendo um curioso tabu de conquistarem um título a cada 13 anos. Tim seria responsável por mudar isso de maneira histórica.
Junto a Albrech, zagueiro de imensa categoria defensiva e excelente batedor de pênaltis e Telch, meia parte do time dos caras sujas, existiam nomes como o bom goleiro Buttice, Rodolfo Fischer, que seria artilheiro da equipe, Sergio Villar, lateral uruguaio que chegou naquele ano e virou praticamente uma divindade do Ciclón, entre outros. Tim tornaria o bom time um verdadeiro esquadrão, que iniciaria tempos gloriosos no San Lorenzo. Prezando pela relação honesta com seus jogadores e menos rigoroso que Brandão, marcou a vida de muitos daquele time.
O Metropolitano de 1968 teve formula curiosa. Onze times em cada grupo, turno e returno dentro dos grupos e duas datas de jogos intergrupos, geralmente clássicos (San Lorenzo e Huracán e River e Boca, por exemplo, estavam separados). O San Lorenzo abriu a campanha metendo 5 a 1 no Atlanta, fora de casa e mostrando a que viria. Foram 14 vitórias e oito empates na primeira fase, incluindo vitórias contra o Boca em La Bombonera (2x1), goleadas contra Ferro Carril e Atlanta e uma vitória aguda para cima do Racing por 3 x 0. Depois desses números, veio a semifinal contra o River Plate.
Tim comemora com seus atletas em Nuñez
Jogada no Cilindro de Avellaneda, a semifinal viu uma partidaça do Ciclón diante dos Millonarios. A vitória do time de Boedo veio por 3 a 1, antes de enfrentar na decisão o Estudiantes de La Plata, onde figurava La Bruja Verón, pai de Juan Sebastian Verón e outro craque da família. Na final, disputada no Monumental, foi de La Bruja o gol de abertura do marcador do bom time Pincharrata. Veglio deixou tudo igual ja na metade do segundo tempo. A virada veio com um chute espetacular de Fischer de longe, que deu a taça ao San Lorenzo.
Foi o primeiro título invicto da história do Campeonato Argentino na era profissional. Tim acabou deixando o San Lore pouco depois da conquista, após uma sequência ruim de resultados. Porém, isso não manchou a história que ele havia construído no Gasómetro. Tim foi o segundo e último brasileiro campeão argentino como treinador. Algo que Jorge Sampaoli que fazer o inverso, um argentino sendo campeão brasileiro.
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