Copa América 2019 - Ingressos caros e estádios vazios

Por Lula Terras
Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Paraguai e Catar no Maracanã: apenas 19.162 pessoas no estádio

A Copa América, até o momento, teve poucos destaques individuais e também não houve uma seleção que despontasse como grande favorita do torneio, que tem o Chile como atual bicampeão. O destaque (positivo e negativo) é a presença do sistema de árbitro de vídeo (VAR), que provocou algumas polêmicas, que colocam em dúvida o acerto de sua implantação definitiva no futebol. 

Porém, a meu ver a baixa média de público pagante é a grande decepção desta Copa América. A edição anterior, realizada em 2016 nos Estados Unidos, apresentou a média de 40.453 pessoas por jogo, cerca de 40% a mais, que na atual edição, que acontece no Brasil, cuja média de pagantes nesta primeira fase foi de 24.738 pagantes.

Alguns jogos, como Peru 0 x 0 Venezuela, Paraguai 2 x 2 Catar e Uruguai 4 x 0 Equador tiveram públicos abaixo dos 20 mil pagantes. Para uma competição oficial envolvendo seleções, algumas entre as melhores do mundo, é algo para ser verificar.

O motivo é os valores dos ingressos colocados à venda, pela Conmebol, em que o bilhete de inteira mais em conta da primeira fase da competição deste ano é de R$ 120,00. Para se ter uma ideia para comparação, na Copa do Mundo de 2014, também no Brasil, o ingresso de inteira mais barato da primeira fase era de R$ 60,00.

Olhando à grosso modo, nota-se que, embora tenha se passado cinco anos de uma competição para outra, a inflação no País neste período não chegou aos 100%, o que poderia ser usado como justificativa para a prática dos ingressos tão altos. Além disto, a realidade financeira do País, apesar de já não estar tão bem, era melhor que a atual. Os números estão aí para confirmar. Em uma busca por sites de notícias, a gente vê que a inflação no País nos últimos cinco anos apontou os seguintes resultados: 2014 (6,41%); 2015 (10,67%); 2016 (6,29%); 2017 (2,95%); e 2018 (3,75%). Com estes números, não se justifica dobrar o preço do ingresso.

Existe ainda o agravante de analisarmos o peso de cada competição. Todos que gostamos do futebol sabemos que a Copa América tem um peso de importância inferior à de uma Copa do Mundo, que no Brasil teve todos os jogos com grandes públicos. Só neste ponto, já seria um fator para que não se cobrasse R$ 120,00 de ingresso mais barato.

Há também uma outra comparação: no Torneio Olímpico de Futebol do Rio de Janeiro 2016, havia jogos de primeira fase com o ingresso mais barato sendo cobrado a R$ 20,00. É claro que o futebol nas Olimpíadas não tem, nem de longe, o peso de Copa do Mundo ou Copa América e que também teve jogos com públicos fracos. Porém, foi este preço que fez com que rodadas duplas do futebol feminino (que não é tão valorizado por aqui) sem ter a Seleção Brasileira envolvida, tivesse a presença de 30 mil pessoas.

Enfim, faltou aos organizadores uma consciência da realidade econômica do País, que tem uma população que ama o futebol, mas, não se pode se dar ao luxo de ser tratado como consumidor de primeiro mundo. Portanto, menos Conmebol e CBF! Menos!
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