O título brasileiro do Atlético Paranaense

Por Lucas Paes

Em 2001, o Athletico Paranaense foi campeão brasileiro (Foto: Arquivo/Agência Estado)

Recentemente, a remodelada Arena da Baixada viu Pablo, Santos e cia. Conquistarem o primeiro título internacional da história do Athletico Paranaense. Viram também a mudança do nome e da identidade visual do Furacão, o que não é exatamente novidade, já que o time já teve uniforme semelhante ao do Flamengo e depois mudou para o listrado que conhecíamos. Muito antes disso, de Pablo, de Santos, de Petraglia, o Furacão conquistou seu primeiro grande título no futebol, o Campeonato Brasileiro de 2001, quando ainda se chamava Atlético.

Muito antes daquele título, a história do rubro-negro paranaense começa a mudar em 1997, quando a diretoria decide reformar o antigo Estádio Joaquim Américo e tornar ele uma arena moderna, sendo a mais moderna do Brasil e da América Latina. A modernização tinha a ideia de colocar o clube no hall dos grandes times que sempre disputam títulos. A ideia, obviamente vemos hoje, deu certo e teve papel decisivo em 2001.

Aquela equipe começa a desabrochar com uma campanha absurda no título estadual, de 10 vitórias, um empate e uma derrota em 12 jogos, conseguindo uma média de 4 gols por jogo. O time caiu cedo na Copa do Brasil e Flávio Lopes deixou o comando do time. Mário Sérgio assumiu e fez bom começo no Brasileirão, contando com chegadas de jogadores, como por exemplo Ilan, que viraria referencia daquela equipe.

Alex Mineiro era um dos destaques daquele time 
(Foto: Reprodução/Youtube)

A estreia era em casa, contra o forte Grêmio, do hoje consagrado Tite. Os rubro-negros venceram por 2 a 0, gols de Kleber Pereira e Kleberson. Depois de um começo com 4 vitórias e um empate nos primeiros cinco duelos, incluindo uma goleada de 4 a 0 para cima do Flamengo, a derrota para o São Paulo no Morumbi iniciou uma maré de maus resultados. Depois de uma sequência de quatro jogos sem vencer, Mário Sérgio acabou demitido. Em seu lugar, veio Geninho. Mário havia dito que "ou o Atlético acabava com a noite ou a noite acabava com o Atlético.". Geninho soube cobrar disciplina e colocou o time para jogar para frente. 

Foram 12 jogos sem perder, com goleadas como um 5 a 1 para cima do Santa Cruz e um alucinante 6 a 3 contra o Bahia. Até que no dia 10 de Novembro, o Furacão acabou derrotado pelo Juventude. A campanha da primeira fase se encerrou com uma vitória diante do Sport, uma derrota de goleada para o Gama, um empate com o Guarani e outra vitória diante do Vitória. Foram 15 vitórias, 6 empates e 6 derrotas em 27 jogos, um desempenho que valeu o segundo lugar na classificação geral e um duelo contra o São Paulo nas quartas. 

Naquele ano, o mata-mata se dava em jogo único até a final. Naquele dia cinco de dezembro, diante de uma Arena da Baixada completamente abarrotada, Kleber Pereira botou o Furacão na frente, com um gol numa jogada de insistência de seu companheiro Alex Mineiro. Adriano empatou o jogo em um gol de pênalti numa bela cobrança. Só que foi Alex Mineiro quem resolveu, num lance rápido em que a bola sobrou para o carequinha dentro da área e ele mandou para as redes. Vitória e classificação.

Ilan e Alex Mineiro comemoram gol pelo Furacão em 2001
(Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress)

Quatro dias depois, outra vez a Arena lotou para a semifinal diante do Fluminense. Naquele dia, as coisas foram mais complicadas. Magno Alves botou o Fluzão na frente aos 44' do primeiro tempo. Logo no começo da etapa final, Alex Mineiro aproveitou um bate-rebate na área e colocou para as redes, deixando tudo igual. O goleiro Flávio conseguiu parar alguns ataques perigosos do Flu, antes de começar uma pressão rubro-negra que culminou em Alex Mineiro marcando outra vez, aos 24', dessa vez com um lançamento recebido e um bom drible antes de ir as redes. Cinco minutos depois, porém, Magno Alves fez um belíssimo gol da entrada da área e empatou. Aos 44', porém, o iluminado Alex Mineiro cortou para o pé esquerdo e marcou um belo gol, selando a vaga do Furacão na final. A decisão seria diante do São Caetano, sempre um adversário tenso naquele começo dos anos 2000.

O primeiro jogo da decisão foi na Arena da Baixada, no dia 16 de dezembro de 2001. Ilan botou o Furacão na frente logo aos 4' do primeiro tempo. O empate do Azulão veio com uma cobrança de falta de Mancini, que de muito longe enganou Flávio e deixou tudo igual. A partir daí, tanto no final da primeira etapa quanto no começo da segunda etapa o time do ABC Paulista foi melhor e chegou inclusive a colocar uma bola no travessão, em uma falta do eterno Serginho. O que aliás, foi devolvido por Ilan, que também meteu uma cabeçada no travessão. Aos 8' do segundo, virou drama para os paranaenses, que viram Marcos Paulo pegar uma sobra de uma falta e virar o jogo. O empate rubro-negro veio em linda jogada coletiva que terminou com gol de Alex Mineiro, dois minutos depois, comemorando com gorro de Papai Noel. Aos 35', em outra boa jogada, dessa vez individual, Alex Mineiro marcou mais um. O último, veio também com o artilheiro da partida, fazendo seu terceiro no jogo, de pênalti. 

O jogaço na primeira partida da final em Curitiba

Então, há exatos 17 anos, no dia 23 de dezembro, o Anacleto Campanella estava também tomado para a decisão máxima do Campeonato Brasileiro de 2001. O São Caetano precisava reverter o resultado e partiu para cima do Furacão. Porém, logo aos 22' da primeira etapa, Alex Mineiro pegou rebote de um chute de fora da área e abriu o placar para o Furacão, complicando demais a missão do Azulão. Sem conseguir reagir, o Azulão viu o título escapar de novo e ir para o Atlético Paranaense, que com justiça era o Campeão Brasileiro de 2001.

Aquele título botou o Furacão definitivamente no mapa dos clubes grandes do Brasil. Três anos depois, o time se viu numa disputa alucinante com o Santos pelo Brasileirão, onde acabou perdendo o título após bobear contra Vasco e Grêmio. No ano seguinte, foi finalista da Libertadores. Apesar de passar por um rebaixamento, o rubro-negro voltou forte e hoje continua sendo um time presente na parte de cima da tabela, sempre incomodando os grandes. Em 2018 veio o primeiro título internacional do clube. Tudo isso, de certa forma, porém, começou naquela tarde de dezembro de 2001. 







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