Chile 3 x 1 Austrália - O dia em que o Pantanal ficou vermelho

Chile dominou boa parte da partida

* por Estevan Azevedo

Não há como negar que a vida me reservou alguns privilégios. Entre eles, o de assistir em meu país uma Copa do Mundo estando no auge de minha capacidade cognitiva, e não muito distante de meu auge físico, que foi suficiente para uma verdadeira maratona na qual percorri mais de 10 mil quilômetros, visitando 10 das 12 cidades-sede do torneio, e assistindo partidas em sete delas, no espaço de um mês.

Quando ocorreu o primeiro sorteio de ingressos fiquei na expectativa de saber o que me reservaria aquele confronto para um fim de tarde na capital mato-grossense. Até então, as equipes eram conhecidas por letras e números que só seriam substituídos por nomes de países após o sorteio dos grupos. Fui brindado com um genial Chile X Austrália, o primeiro confronto a ser definido, dentre aqueles para os quais eu possuía ingresso. Duas seleções que eu nunca havia visto em campo antes. Não poderia ser melhor (sim, poderia: Butão X Vanuatu seria ainda mais legal, hehehe)!

Torcedores do Cobreloa indo para a Arena Pantanal

Depois de assistir a partida de abertura pela TV, mas na capital bandeirante, sede do evento, minha aventura começou justamente no dia 13 de junho de 2014, quando aterrissei na quente (menos do que eu esperava) Cuiabá, e após me alojar, rumei para a belíssima Arena Pantanal. A caminho, desfrutei da companhia de animados torcedores do Cobreloa, e acabei registrando em vídeo o momento.

Indescritível a emoção de entrar em um estádio para uma partida de Copa do Mundo pela primeira vez na vida. Outras dez partidas viriam depois, mas foi a primeira que ficou imortalizada, por diversos fatores. Um deles, pelo fato de o estádio estar simplesmente tomado por chilenos e australianos, numa “divisão sem barreiras” que não mais desfrutei durante o evento.

Minha latinidade clamava por estar perto dos chilenos, mas meu ingresso marcava um posto ao lado dos torcedores dos “socceroos” (no final do jogo descobri que tinha sentado no lugar errado, e meu assento real era junto a um grupo de chilenos). Sem problemas, há uma certa latinidade nesse povo oceânico, e logo me vi envolvido por seus cânticos.

Chilenos estavam em maioria em Cuiabá

Em campo, a partida começou eletrizante e os chilenos marcaram dois gols rapidamente, com Alexis Sánchez e o “brasileiro” Valdívia. O cheiro de vitória fácil foi quebrado por uma pisada no freio chileno, atrelado a um despertar australiano, que equilibrou a partida e levou ao gol do astro Tim Cahill.

A indefinição do resultado perdurou durante um segundo tempo menos agitado que o primeiro, mas a vitória chilena foi sacramentada no final, com o gol de Beausejour. Na saída do estádio, desfrutei de uma festa que me remetia a decisões de campeonatos. Também, não era por menos: num grupo com a então campeã Espanha e a sempre forte Holanda, que acabara de humilhar a Fúria por 5x1, os chilenos não tiveram pudor de exagerar na festa, que poderia ser a única alegria. Não seria, mas essa é outra história.

Fato que minha noite acabou na manhã seguinte. Impossível não se envolver com aquele mar de camisas vermelhas que ornou a Praça Popular, ponto de badalação da cidade que se viu tomado de camisas geniais, como do O´Higgins, Palestino e Curicó Unido. Com muito pisco na cabeça, fechei com chave de ouro minha estreia em mundiais.


* Estevan Tadeu Azevedo Mazzuia, 37 anos, é servidor público estadual, mora em Santos e torce para o Corinthians. Estevan é um dos membros do blog Jogos Perdidos.
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