Há 19 anos, o futebol brasileiro perdia o zagueiro Serginho

Por Lucas Paes
Foto: Arquivo

Serginho faleceu pouco depois do jogo

O dia 27 de outubro de 2004 é até hoje um dos mais tristes de toda a história do futebol brasileiro. Naquele dia, num Morumbi relativamente vazio, o bom zagueiro que na época pertencia ao não menos bom time do São Caetano Serginho caiu desacordado em campo e nunca mais levantaria. A trágica morte do zagueiro chocou o futebol mundial como um todo e foi um dos momentos mais terríveis do futebol brasileiro. De certa forma, iniciou a derrocada que talvez dê fim ao São Caetano também.

O jogo era uma partida normal de Brasileirão. Tanto São Paulo quanto São Caetano estavam na parte de cima da tabela e brigavam de certa forma para se aproximarem dos líderes Athletico (na época Atlético) Paranaense e Santos. O jogo já estava na etapa final, com 14 minutos do segundo tempo, quando em um lance na área Serginho caiu desacordado. A ambulância demorou para ser destrancada e a demora do atendimento talvez tenha sido crucial para a morte do atleta. 

Juridicamente, depois do fato, houveram vários processos e a promotoria do caso inclusive queria indiciar Paulo Forte, médico do São Caetano e o presidente Nairo Ferreira por homicídio doloso. A versão dos dois é que os exames no Incor não haviam detectado um problema que implicasse no encerramento da carreira do zagueiro. A promotoria, na época, acusou ambos de serem culpados pela morte do zagueiro. No fim das contas, apesar de toda a polêmica, os dois foram inocentados e há a suspeita de que o laudo que dizia que Serginho não poderia mais jogar futebol foi adulterado após a morte do zagueiro.

Esportivamente, a situação acabou minando as chances até existentes do Azulão no Brasileirão, já que o time perdeu 20 pontos como punição e acabou tendo que lutar contra o descenso, que viria dois anos depois. Os 31 minutos de jogo restantes foram refeitos (com os acréscimos) e o São Paulo acabou vencendo por 3 a 2, numa verdadeira blitz diante de um time caetanista ainda muito abalado pela perda do colega de time. 

Em relação a segurança do esporte, a morte de Serginho foi um divisor de águas para o futebol brasileiro, já que a partir dali passou a ser obrigatório que duas ambulâncias com desfibriladores estivessem no estádio em qualquer partida de futebol e até os exames médicos antes de contratações passaram a ser mais rigorosos com situações cardíacas de atletas. O protocolo básico acabou passando a fazer parte até duma recomendação da FIFA. O futebol teve outras mortes com problemas de coração naquele período, como Milkos Ferrer e Marc Viven Foe. 


Recentemente, uma morte possivelmente parecida com a de Serginho foi evitada na Eurocopa, quando o meia Eriksen, da Dinamarca, voltou de uma situação de morte súbita devido tanto ao atendimento rápido quanto a ação de atletas para já iniciar a massagem cardíaca. O jogador, inclusive, segue em atividade até hoje, atuando com marca-passo na equipe do Manchester United. 

Serginho é lembrado até hoje pelo São Caetano, tendo uma seção exclusiva no museu do clube, que fica na sede do Azulão. Jogou por lá durante cinco anos e fez parte do maior time da história do clube, que chegou muito perto do título da Libertadores em 2002 e foi campeão do Paulistão em 2004, além do Paulistão da Série A2 em 2000. Se tornou um dos maiores ídolos da história do clube, que hoje tenta se salvar de efetivamente desaparecer, após cair para a Série A3 do Paulistão.  
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