Há 20 anos, Santos perdia do São Caetano e só avançava no Brasileirão com a ajuda do Gama

Por Victor de Andrade
Foto: reprodução Folha de São Paulo

Folha de São Paulo do dia seguinte destacava a classificação no sufoco do Santos

Em 17 de novembro de 2002, era realizada a última rodada da primeira fase do Campeonato Brasileiro daquele ano. O Santos, que brigava por uma das oito vagas para o mata-mata, foi derrotado pelo São Caetano, no Anacleto Campanella, por 3 a 2 e só avançou na competição porque o Gama, que já estava com o rebaixamento decretado, goleou o Coritiba, que também brigava pela classificação.

Com um time cheio de jovens jogadores, o Santos tinha virado a sensação daquele Brasileirão. Com um futebol vistoso e até um pouco irresponsável, a segunda geração dos Meninos da Vila encantavam. Jogos como a vitória sobre o Corinthians, por 4 a 2, confirmavam a tese de que o Peixe estaria na briga. Até em partidas em que não saiu vencedor, como o empate com o Fluminense, no Maracanã, e a derrota para o São Paulo, no Morumbi, mostravam uma equipe bastante competitiva.

Porém, nas últimas rodadas daquela primeira fase, a "maionese desandou". Depois de um empate com o Paysandu, no Mangueirão, onde o elenco se envolveu em confusão com policiais, o Santos caiu de produção e derrotas para Portuguesa e Ponte Preta, na Vila Belmiro, deixaram o Alvinegro Praiano dependendo de uma vitória, na última rodada, para avançar sem depender de outros resultados.

O adversário naquele 17 de novembro, no Anacleto Campanella, era o São Caetano, que vinha de dois vices nacionais nas temporadas anteriores (2000 e 2001) e também de uma final de Libertadores. Já classificado, o Azulão queria a vitória para garantir que fizesse sempre em casa os jogos de volta no mata-mata.

Uma série de times também precisavam confirmar a classificação. Além de Santos, Grêmio, Atlético Mineiro, Fluminense, Coritiba e Cruzeiro, este último com chance quase remota, estavam na briga. Alguns com menos dificuldades, outros com mais. Mas a última rodada seria uma grande briga.

Para aquele jogo, o treinador Emerson Leão fez modificações na equipe. A entrada do goleiro Rafael foi forçada, pois Júlio Sérgio, titular em toda a campanha, se machicou na partida contra a Ponte Preta e Fábio Costa, que estava afastado por lesão desde o meio do ano, ainda não tinha condições de jogo. Mas, por opção, o técnico barrou o centroavante Alberto e saiu jogando com Douglas de titular naquele embate.

Com o Anacleto Campanella lotado de torcedores do Santos, o primeiro tempo foi morno. Os resultados apontavam que com o empate, o Santos se classificaria. Com isto, o Peixe trancava o jogo e o São Caetano também não atacava muito. Porém, aos 40 minutos, Magrão bateu cruzado, rasteiro, e Claudecir se antecipou à Rafael para fazer 1 a 0 para o São Caetano.

No início do segundo tempo, a situação do Santos se complicou. Após uma tabelinha meio que sem querer, aos 8 minutos, Luiz Carlos Capixaba dez 2 a 0. Aos 13', o Peixe diminuiu com Alex, de cabeça, após bola alçada na área por Elano.

O gol deu ânimo à equipe santista, que foi para cima, em busca do empate. Porém, o nevorsismo tomava conta e em um contra-ataque, o Azulão fez o terceiro, com Claudecir de cabeça, aos 18 minutos, após falha do goleiro Rafael.

Com medo de perder a classificação, Leão botou todos os atacantes que tinha no banco de reservas para tentar ao menos o empate. Aos 43 minutos, William sofreu pênalti e Alberto cobrou para diminuir para o Santos. Os dois vindos do banco de reservas. Porém, ao fim da partida, o placar apontava 3 a 2 para o São Caetano.

Jogadores do Santos saíram de cabeça baixa, achando que tinham sido desclassificados. Mário Sérgio, treinador do Azulão, chegou a falar para Leão que time de garotos faziam bons jogos, mas não ganhavam campeonatos. Mal sabia o comandante do Azulão que um outro resultado mudaria tudo!


Nos alto-falantes do Anacletto Campanella, uma voz anunciava: "no Distrito Federal, Gama 4, Coritiba 0". Com este resultado, os 39 pontos do Santos foram suficientes para ficar com a oitava e última vaga do mata-mata. Se o Coxa vencesse, também chegaria a 39, mas teria uma vitória a mais (12 a 11). O Cruzeiro até fez 39, mas tinha as mesmas 11 vitórias do Santos e perdia no saldo de gols, com uma margem até razoável (10 para o Peixe e apenas um para a Raposa. Lembrando que no confronto entre os dois, no Mineirão, o Alvinegro goleou por 4 a 1).

Apesar do alívio da classificação, a oitava colocação fazia com que o Peixe enfrentasse, nas quartas de final, o São Paulo, que teve a melhor campanha da primeira fase, com apenas cinco derrotas em 25 jogos e cinco pontos na frente do São Caetano, o segundo colocado. Mas, o que aconteceria a partir do primeiro jogo do mata-mata é uma outra história que fica para uma outra oportunidade. Mas podemos adiantar que foi o início de uma arrancada histórica!
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