O Futebol no Cinema – O sonho de Asa Branca

Por Lucas Paes

Na estreia de Edson Celulari nas telonas, ele faz um jogador de futebol

Voltando com a série 'O Futebol no Cinema', que O Curioso do Futebol lançou em outubro, vamos falar de um filme lançado em 1981, “Asa Branca: Um sonho brasileiro”, que aborda a ascensão de um jovem jogador, indo desde um time pequeno do interior, até um time da capital e a Seleção Brasileira. Um sonho que ainda é presente em muitos garotos, por todo o Brasil.

Estamos falando de uma produção brasileira do início da década de 80, momento em que o cinema nacional não primava pela qualidade em alguns aspectos (ao contrário, por exemplo, dos anos 50 e 60 e também atualmente). Até a própria interpretação dos atores é meia caricata e o áudio, em alguns momentos, fica difícil de entender. Porém, o longa-metragem marca a estreia do ator Edson Celulari (que encarna o protagonista Asa Branca) nas telonas, além de contar com os consagrados Walmor Chagas e Eva Wilma. Os acontecimentos rolam entre os anos 1960 e 1970, época de ouro do futebol brasileiro, que era referência mundial no período.

Todo o cenário do filme, dirigido por Djalma Limongi Batista, é muito bem feito para a ambientação nos anos 60. Há toda uma caracterização de uma família de cidade pequena do interior. No começo do longa, por exemplo, o pai de Asa Branca da uma bronca na filha por perguntar sobre futebol, dizendo que aquilo não era assunto para garotas.

Com Walmor Chagas

Asa Branca começa jogando num time pequeno da cidade de Mariana do Sul (criada para ambientar o filme), chamado Comercial. Virando logo destaque da equipe, ele recebe proposta do Sport Club, time de maior torcida e fama na região, tendo neste período um conflito dentro de si entre sair do Comercial ou não, já que havia uma certa rivalidade entre as equipes.

Já no Sport Club, Asa passa por diversos problemas com o treinador da equipe, que considera ele indisciplinado, mas o presidente do time sempre intervém a favor do jogador. Ao mesmo tempo, o protagonista também sente um amor platônico por Cleysi, filha do presidente da Federação de Futebl. Este sentimento parece ainda ter resquícios anos depois, quando o protagonista já é famoso.

O Sport avança na taça JG (um campeonato de clubes do interior paulista) e Asa Branca é o craque do time, que “voa” rumo ao título. De novo o filme mostra grande cenografia, já que os cenários de partidas de um campeonato do interior são muito bem montados. Características como gramados e estádios ruins se repetem até hoje. Em uma cena cômica do filme, um chute destrói uma trave.

Capa do filme quando foi lançado em DVD

Com o título da Taça JG, vira questão de tempo para que Asa Branca vá para algum time da capital. O jogador vive outro conflito quando recebe proposta para jogar no Bandeirante (time famoso da capital paulista, com características que lembram muito a Portuguesa). Nesse meio tempo, Poca (melhor amigo do jogador) abandona a carreira e vai para Uberlândia trabalhar no jornal do pai de sua noiva.

Asa Branca passa por muitas dificuldades na capital: vive vários confrontos com o treinador e até com juízes, devido a seu temperamento estressado, sofre pela distância da família e para se localizar na cidade, entre outras coisas. Aos poucos, ele vai se adaptando e vira destaque do time. Depois, acaba convocado para a Copa do Mundo de 1970, onde faz parte do time tri-campeão do mundo.

Apesar do filme não ser um típico título da pornochanchada brasileira (famosa naquela época), há algumas cenas de sexo bem claras em uma noite onde os jogadores do Bandeirante saem para uma casa noturna. Há também algumas cenas que se passam em Santos, quando os jogadores do Bandeirante fazem uma viagem até a praia.

Filme completo no YouTube

O que chama a atenção é que uma reedição da história não seria tão surreal. Hoje, muitas crianças tentam viver o sonho de serem jogadores. Porém, o futebol do interior paulista parece cada vez mais sucateado, com os times sofrendo cada vez mais para honrar seus compromissos.

Quanto aos times, há uma boa chance de que hoje não fosse necessário criar equipes inexistentes, já que há uma melhora na questão dos direitos de imagem. Ao mesmo tempo, os times brasileiros parecem sofrer com essa questão, basta notar todos os problemas relacionados ao licenciamento dos jogadores para games. 

No geral, levando em conta a época de lançamento, o filme é uma excelente produção, que mostra um pouco da realidade do esporte mais popular do Brasil, na época em que o país era referência mundial no assunto, uma realidade que, mesmo 30 anos depois, ainda não mudou muito.
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