Os artilheiros das seleções sul-americanas

Por Tiago Cardoso
Foto: Domício Pinheiro/Estadão

Pelé ainda resiste como maior artilheiro do Brasil. Algo raro entre as seleções

O número mais acentuado de competições e de “datas FIFA” atualmente beneficiam os artilheiros contemporâneos na disputa pelo pódio de jogadores que mais balançaram as redes vestindo as camisas de suas seleções. 

No passado, havia temporadas em que as seleções ficavam um ano sem se reunir ou jogavam poucos jogos, como em 1939, ano em que a Seleção Brasileira realizou apenas dois jogos, os quais foram disputados no Brasil pela extinta Copa Roca, contra a Argentina. 

As Eliminatórias na América do Sul só passaram a ser disputadas pela primeira vez em 1954, as quais visavam apontar o representante sul-americano que se juntaria ao Uruguai, classificado como atual campeão, na Copa do Mundo da Suíça. Nas copas anteriores as seleções ingressavam na Copa do Mundo através de convite, como na primeira edição em 1930, ou as concorrentes desistiam como em 1934, 1938 e 1950. Em decorrência da Segunda Guerra Mundial, conflito que durou de 1939 a 1945, por razões óbvias, não houve eliminatórias e por conseguinte Copa do Mundo. 

Hodiernamente, são oito datas FIFA em anos pares e nove em anos ímpares, sem contar que as Eliminatórias sul-americanas obrigam as seleções a disputar 18 jogos, pois todos as 10 seleções da CONMEBOL jogam contra todos em jogos de ida e volta. Ademais, o quinto colocado na classificação final joga uma repescagem em jogos de ida e volta contra um adversário de outro continente, caso do Peru que jogou duas partidas contra a Nova Zelândia para garantir vaga na Copa do Mundo de 2018. Ou seja, o Peru jogou 20 partidas para se classificar à Copa do Mundo da Rússia. 

Até 1994 as Eliminatórias eram divididas em grupos, o que, por sua vez, diminuía o número de jogos. Nas Eliminatórias para Copa de 1994 o Brasil jogou apenas 8 jogos para garantir a vaga, por exemplo. 

Isto posto, fica claro que os artilheiros atuais levam vantagem no ranking histórico de artilheiros de suas seleções. Não por acaso, das dez seleções da CONMEBOL seis tem o seu maior artilheiro jogando esta edição de Copa América. Inclusive, as seleções do Uruguai, do Chile e da Colômbia contam com o primeiro e o segundo colocados de seus rankings históricos de artilheiros jogando a Copa América no Brasil. 

Das quatro que não possuem seus maiores artilheiros em atividade, três poderão conhecer seus novos líderes no ranking histórico nos próximos anos. A Seleção da Bolívia, aliás, pode ter um novo maior artilheiro nesta Copa América, uma vez que Marcelo Moreno anotou seu 18º gol com a camisa da La Verde no jogo em saíram derrotados pelo Peru. Caso Marcelo Moreno anote dois gols contra a Venezuela, no próximo sábado, dia 22 de junho, empata com Joaquin Botero, o maior artilheiro da seleção com 20 gols. Mas, caso passe em branco na última rodada da primeira fase da Copa América terá outros seis amistosos no segundo semestre para igualar e por conseguinte pulverizar o recorde. 

No que tange à Seleção Brasileira, caso não se lesionasse antes da Copa América, Neymar poderia ultrapassar Romário e se tornar o segundo maior goleador da seleção, posto que atualmente pertence a Romário com 62 gols. Pelé é o maior artilheiro da Seleção Canarinho com 77 gols, posto que pode perder a Neymar, pois o jogador do PSG tem 27 anos e no mínimo mais dois ciclos de Copa do Mundo na seleção. Ou seja, tem até 2026 para anotar 18 gols e assumir o topo da artilharia histórica do Brasil. São mais 7 temporadas para anotar 18 gols, ou seja, menos de 3 por ano. 

No caso equatoriano, Enner Valencia, artilheiro da Liga dos Campeões da CONCACAF 2019 pelo Tigre do México, tem 28 gols e também deve se tornar o maior goleador da história de La Tri em breve, pois está a três gols apenas de Augustín Delgado, o maior artilheiro da seleção. 

O caso mais difícil é o de Óscar Cardozo do Paraguai, o jogador com mais gols em atividade pela seleção. Com 12 gols pelo Paraguai, é apenas o 7º na lista de artilheiros históricos da seleção de seu país. Muito distante de Roque Santa Cruz, o maior artilheiro da história da seleção guarani com 32 gols. Aos 36 e encerrando sua carreira, certamente não alcançará a marca de goleador histórico de sua seleção. 

O número de jogos, que destoam entre passado e presente, favorece tanto os jogadores atuais que o volante Vidal, do Chile, já é o sexto maior artilheiro de sua seleção com 26 gols, mesmo não jogando no sistema ofensivo. Com esta discrepância de jogos entre o passado e o presente os pesquisadores recorrem à média de gols.

Suárez lidera a artilharia uruguaia

Para ilustrar as distorções históricas, analisamos os rankings das três principais seleções do continente e verificamos que em nenhuma delas, entres os dez maiores artilheiros em números absolutos, o maior goleador é o jogador que possui a melhor média de gols. No Brasil, a melhor média entre os dez maiores artilheiros absolutos é de Leônidas da Silva, o artilheiro da Copa do Mundo de 1938, cuja alcunha deu origem ao chocolate diamante negro, o qual possui 37 gols em 37 jogos, ou seja, 1 gol por jogo, ao passo que Pelé e Neymar possuem 0,84 e 0,63 de média, respectivamente.

Na Argentina, ninguém supera a média de Masantoni, o qual possui 1,1 gol em média, mas é apenas o 10º no geral. Artime com 0,96, Sanfilipo com 0,72 e Batistuta também com 0,72 também superam Messi, que possui 0,52 de média. No caso uruguaio, a melhor média de gols é de Petrone, bi-campeão olímpico e campeão do mundo em 1930, o qual possui 0,83 gols de média, mas é apenas o oitavo no ranking de gols totais, atrás, inclusive, do folclórico Loco Abreu. Oscar Miguez com 0,69 e Scarone (4º no geral), também bi campeão olímpico e campeão mundial em 1930, com 0,60 superam Luiz Suarez (1º no geral), que possui 0,53 de média. 

Nas outras seleções não é diferente, pois Aravena, 7º no geral, possui média de 0,59 gol por jogo contra 0,34 de Sanches, o maior artilheiro absoluto do Chile. No Peru, Teodoro Fernandez, craque do título sul-americano de 1939 e 4º maior artilheiro no geral, possui quase o dobro da média de gols do maior artilheiro da seleção peruana, Guerreiro: 0,75 x 0,39. Na Colômbia, Falcão Garcia, o maior artilheiro da seleção, possui 0,4 gols em média, mas fica atrás de Valenciano (10º no geral) com 0,45. O caso equatoriano é curioso, pois Enner Valencia, que está a três gols de empatar no topo da artilharia com Delgado, já possui melhor média de gol que o atual líder: 0,58 x 0,43. 

Confira a lista dos maiores artilheiros de cada seleção sul-americana e os maiores em atividade (em negrito): 

Brasil: 1º Pelé 77 gols; 2º Romário 62 gols; 3º Neymar 60 gols
Argentina: 1º Messi 67 gols; Batistuta 56 gols; Aguero 39 gols
Uruguai: 1º Suarez 58 gols; 2º Cavani 47 gols. 
Chile: 1º Sanchez 42 gols; 2º Vargas 38 gols. 
Peru: 1º Guerreiro 38 gols; 2º Farfán 28 gols. 
Colômbia: 1º Falcão Garcia 34 gols; 2º Iguarán 25 gols; 3º James Rodrigues 22 gols. 
Paraguai: 1º Roque Santa Cruz 32 gols; 7º Oscar Cardozo 12 gols. 
Equador: 1º Augustín Delgado 31 gols; 2º Enner Valencia 28 gols. 
Venezuela: 1º Rondón 24 gols. 
Bolívia: 1º Botero 20 gols; 2º Marcelo Moreno 18 gols.
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