O bi da Supercopa Libertadores do Independiente

Por Lucas Paes

Após o fim do jogo, Independiente levantou a taça em pleno Maracanã (foto: divulgação)

Entre 1988 e 1997, a América do Sul teve uma de suas mais interessantes competições, a Supercopa Libertadores da América. O torneio envolvia todos os times campeões da Libertadores e era disputado em mata-mata. Tradicionalíssimo clube Argentino, o Independiente de Avellaneda conquistou dois títulos na competição: em 1994 e 1995. O segundo é destaque pela campanha. 

Na primeira conquista, em 1994, o Rojo, comandado por Miguel Brindisi, praticava um futebol bonito e envolvente, que culminou na conquista da taça diante do Boca Juniors. Em 1995, comandado por Miguel Angel Lopez, era um conjunto mais raçudo, mais voluntarioso e dedicado, apesar de não jogar tão bonito. Os times eram bastante diferentes, sendo que em 1994 o Rey de Copas acabava de ser campeão argentino, mas em 1995 já havia a vontade de outra taça. Naquela equipe, além de nomes como Cagna, Serrizuela e Lopes, campeões no ano anterior, havia o goleiro Mondragón, um dos destaques e talvez o maior responsável pela conquista da equipe. 

A campanha começa com um insosso empate com o Santos, no dia 13 de setembro, em Avellaneda. O Peixe, que marcou época naquele ano no Brasileirão e acabou perdendo o título naquela polêmica final diante do Botafogo, veio completo e pulou na frente com Jamelli, um dos destaques do time. Alvez empatou já nos acréscimos do segundo tempo. Na volta, já em outubro, na Vila Belmiro bem cheia, Camanducaia botou o Alvinegro Praiano na frente. Mazzoni empatou. Domizzi botou os argentinos na frente, mas o abençoado Giovanni voltou a igualdade ao marcador. A equipe argentina venceu nos pênaltis, por 3 a 2. 

Na fase seguinte, no dia 25 de outubro, o Rojo enfrentou o Atlético Nacional na Colombia e acabou derrotado por 1 a 0, gol de Mosquera. Só que na volta, um dia iluminado de Gustavo Lopez culminou com uma vitória por 2 a 0 e a classificação as semifinais. Lá, o Independiente teria como adversário o River Plate, de Francescoli, Gallardo e cia. Seria uma epopeia. Do outro lado, degladiavam-se Cruzeiro e Flamengo. 

Em Avellaneda, no primeiro jogo, um duelo espetacular. Dois de Francescoli de um lado. Dois de Mazzoni do outro, empate por 2 a 2. No segundo jogo, o 0 a 0 em Nuñez levou o duelo para as penalidades. Nelas, um chute na trave de Ortega e a defesa espetacular de Mondragón no chute de Amato deram a classificação ao Rojo, que ia a final contra o Flamengo, num jogo que prometia ser uma epopeia. Aos reis da Libertadores, faltava uma taça no Maracanã e a chance viria naquela decisão.

O 'Rey de Copas' bateu o Flamengo na decisão

No primeiro jogo, em 29 de novembro, atuação péssima do Mengão, em Avellaneda. Mesmo com Sávio e Romário no ataque, o rubro-negro produziu pouco e viu Mazzoni marcar o primeiro gol do duelo e dar um passe espetacular para Domizzi marcar o segundo gol do duelo. Uma semana depois, as catracas do Maracanã foram quebradas e 105 mil pessoas foram acompanhar a finalíssima. Só que o gigante, gelado e copeiro Independiente não ia se assustar com o Maraca, por mais lotado que ele estivesse. 

Na semana em que Edmundo, fora das finais da competição por lesão, se envolveu em um acidente onde três pessoas morreram, o Flamengo até pressionou, buscou alguma reação e conseguiu ter vantagem com um gol de Romário no segundo tempo, com o Baixinho aproveitando dois rebotes da defesa Roja. Só que foi só. Frio e calculista, o Independiente de Avellaneda segurou o Mengão e Miguel Angel Lopez continuava sua história de idolatria no clube com mais uma taça como comandante, depois de jogar na era dourada do clube. Aquele time tinha nomes como Cagna, que seria campeão da Libertadores alguns anos depois pelo Boca Juniors, Burruchaga, presença constante na seleção e Gustavo Lopez, grande destaque da equipe do meio para a frente. O grande nome da Supercopa, como já citado, foi o goleiro Mondragón. 

O time de Avellaneda dava últimos respiros de grandeza naquele momento. A última taça nacional da equipe viria anos depois, em 2002. Apesar das conquistas de duas Copas Sul-americanas, em 2010 e 2017, esta segunda de novo em cima do Flamengo, os torcedores do maior campeão da Libertadores esperam uma volta aos tempos gloriosos de um time que parece esquecer o que é ganhar, apesar de alguns poucos respiros. Porém, as histórias do passado não se apagam e são elas que tornam os Diablos Rojos tão temidos no mundo inteiro, já que por uma época, jogar contra este clube era literalmente como enfrentar o inferno.
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