A Invasão Corintiana ao Maracanã – 42 anos de uma das maiores façanhas da Fiel

Por Lucas Paes

Provocados pela diretoria do Fluminense, Fiel foi em peso ao Maracanã

O fanatismo não pode permitir que se negue um fato: a torcida do Corinthians é, provavelmente, a melhor torcida brasileira no quesito de apoio e fidelidade. Neste dia 5 de Dezembro, completam-se 42 anos de uma das maiores demonstrações deste apoio e desta fidelidade por conta da enorme nação alvinegra do Parque São Jorge: a invasão ao Maracanã, tornando o Corinthians mandante de um jogo que era visitante. Predecessora de outras façanhas da Fiel, foi o cartão de visita dos torcedores alvinegros ao resto do país. 

Na época, o Corinthians ainda estava no meio da fila de títulos que perdurou entre 1954 e 1977, quando o Timão foi campeão estadual em cima da Ponte. Aquele duelo, entre o alvinegro e o Fluminense, valia vaga na final do Campeonato Brasileiro de 1976. Diante disso, ocorreu o maior deslocamento de torcedores visitantes em toda a história do futebol mundial. Números oficiais falam em pouco mais de 70 mil, há quem diga que haviam 100 mil, o fato é que o Maracanã ficou “dividido”. O feito é surreal não necessariamente pela distância, mas pelo número absurdo de torcedores envolvidos. 

Na verdade a origem de tudo pode ter sido uma infantil e besta provocação. Porém, a declaração do presidente tricolor Francisco Horta tinha certo fundo, já que dos 52 mil ingressos enviados para São Paulo, um número surreal para os padrões atuais, mas que não é um número tão absurdo diante da possibilidade que o Maraca tinha de receber mais de 150 mil pessoas, 10 mil voltaram. Só que mais de 70 mil corintianos se fizeram presentes.

Filas de ônibus na Rodovia Presidente Dutra

Foram diversos ônibus, carros, gente viajando do avião, gente que estava no Rio mesmo e, é claro, torcedores dos rivais do Flu no meio. Segundo a vó de um amigo deste que vos escreve, que esteve presente em tal jogo, o duelo parecia ser em São Paulo devido a quantidade imensa de torcedores do time da capital paulista. Jornais chamaram a procissão na Dutra de Avenida Corinthians, o Rio de Janeiro foi tomado de assalto pelas bandeiras, batuques e cânticos dos torcedores do Timão. A imagem era assustadora para quem não entendia, ali, de certa forma, surgia a raiz do “Bando de Loucos”. 

As arquibancadas do “Maior do Mundo” foram disputadas gomo à gomo e até hoje não dá para se ter certeza de quem tinha mais torcida naquele dia. O barulho porém era imensamente maior dos corintianos. Eram 140 mil pessoas no Estádio, dos quais 70 mil eram do alvinegro do Parque São Jorge. Não houve e até hoje não há paralelos semelhantes de presença de visitantes em jogos em toda a América do Sul. Há quem diga que a torcida do Ferro Carril “copou” o Maracanã em 1985, mas os números sequer chegaram perto do feito corintiano, num estádio que estava vazio. 

No que se refere ao jogo, a Máquina Tricolor de Mauro Travaglini era favorita diante do aguerrido Corinthians de Duque. Mas a chuva torrencial que atingiu as terras cariocas tornou o jogo mais igual. Mas a superioridade técnica tricolor falou mais alto mesmo no gramado pesado, quando Gil cruzou para Pintinho fazer 1 a 0, aos 18 da primeira etapa. Mas, com quase trinta, Vaguinho cobrou escanteio, Zé Eduardo escorou de cabeça e Russo fez de meia bicicleta, um golaço para deixar tudo igual.

Reportagem da Rede Globo sobre a invasão corintiana

A partir daí, poucas chances de gol e pênaltis. Nas cobranças, destacou-se Tobias, que pegou os pênaltis de Rodrigue Neto e de um tal de Carlos Alberto Torres. Neca, Russo, Moisés e Zé Maria fizeram os penais corintianos, dando a vaga ao Timão e começando uma festa colossal no Maracanã. Torcida ganhava jogo, o panorama havia se invertido e a vaga era do pouco favorito Corinthians, diante da atônita máquina tricolor que via a festa de um alvinegro diferente no Maraca, pintando o gigante carioca com as cores estranhas de um time paulista. 

A volta foi de mais festa ainda na “Avenida Corinthians”. A Dutra virou estádio, com bateria, cantoria e comemoração de uma torcida que parecia muito perto do êxtase, depois do que eram 22 anos de espera. Mas na final, quem levou o título foi o fortíssimo time do Internacional de Porto Alegre, de Falcão e cia ilimitada, imbatível, que venceu a final única no Beira Rio por 2 a 0. Porém, o que foi feito no Maracanã é um absurdo inegável. 

Apesar de outras diversas ocasiões em que o Corinthians levou públicos altíssimos como visitante, além das diversas vezes em que engolia torcidas adversários nos antigos clássicos paulistas “meio a meio” no Morumbi (em 1990, por exemplo, fizeram o “mandante” São Paulo ser absoluta minoria), outra invasão só rolou em 2012. Naquele ano, mais de 40 mil torcedores estiveram apoiando o Corinthians na final do Mundial diante do Chelsea, num jogo que mais parecia ser em São Paulo e a invasão fez efeito, já que o Timão venceu por 1 a 0 e foi campeão. Seja como for, a invasão de 1976 foi a primeira grande demonstração de “loucura” do bando, um precursor das façanhas que fazem a torcida do Corinthians tão famosa.
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