Bauer – O gigante Tricolor que quase trouxe Eusébio para a Ferroviária e para o Morumbi

Por Lucas Paes


José Carlos Bauer, nascido em 21 de novembro de 1925, foi um dos mais brilhantes volantes que já vestiu a camisa do São Paulo. Um dos destaques do Brasil do “Maracanaço”, em 1950, foi capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1954 e mais tarde virou treinador. No meio de suas “andanças” pela vida de técnico, acabou encontrando como adversário da Ferroviária, que treinava, uma seleção moçambicana que tinha um tal de Eusébio entre seus jogadores, lá no distante ano de 1960, foi ai que rolo uma das histórias mais interessantes, destas que só o futebol proporciona. 

Eusébio conhecia o futebol brasileiro. Em entrevista ao programa Grandes Momentos do Esporte, da TV Cultura, nos anos 1990, citou que um dos seus ídolos na juventude era Nenê, jogador que fez parte do escrete da Portuguesa Santista da Fita Azul de 1959. Neste programa, Bauer relatou sobre a quase ida do jogador para a Ferrinha. Segundo ele, o que aconteceu era que a Locomotiva sempre vencia os jogos, mas Eusébio sempre marcava os gols moçambicanos. 

Impressionado com o talento do atacante, ele conversou com alguns colegas portugueses para levar o “garoto” Eusébio ao Brasil. Surpreendentemente, ficou tudo certo para que a transferência ocorresse, mas os dirigentes da Ferroviária não quiseram leva-lo por dificuldades que o clube passava na época. Por muito pouco, muito pouco mesmo, a camisa com que Eusébio brilhou não foi a grená do tradicional time de Araraquara, que quem sabe teria alguns troféus a mais em sua sala caso tal fato ocorresse. 

Sem esquecer de seu passado imenso no Tricolor Paulista, Bauer acabou adotando outra estratégia e também tentou convencer os dirigentes do São Paulo, quando retornou ao Brasil, a contratarem o jogador que se tornaria o Pantera. Mesmo confiando no relato do seu ídolo, a diretoria tricolor não quis gastar dinheiro com a transferência, já que os esforços do clube estavam concentrados na construção do Morumbi. Fosse a decisão diferente, quem sabe o São Paulo tivesse feito mais frente aos históricos Santos de Pelé e Palmeiras de Ademir. 

Mas Bauer teve influência na história do Pantera de qualquer forma. Bela Guttman, treinador idolatrado pela torcida encarnada, treinou o brasileiro em seu período no São Paulo, em 1957, quando Bauer já estava em fim de carreira. Anos depois, o ex-jogador contatou Bela sobre o atacante moçambicano que havia observado. O Pantera era na época jogador do Sporting de Lourenço Marques, filial direta do Sporting Lisboa e, portanto, os Leões tinham mais facilidade para traze-lo, porém o Benfica “atravessou” a negociação a pedido de seu treinador, numa história bastante polêmica. Pedido esse, provavelmente motivado pelas observações de Bauer. 

A história então, se escreveu da forma que conhecemos. Eusébio foi vestir a camisa encarnada e virou uma divindade benfiquista. Era também o rei do futebol lusitano, até aparecer um tal de Cristiano Ronaldo. Se não conseguiu trazer para a Ferrinha ou para o Tricolor, Bauer, que veio a falecer em 4 de fevereiro de 2007, acabou sendo importante para que uma das maiores uniões entre uma camisa e um jogador se formassem. Quem agradece é o futebol.
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