França – A geração espetacular de Platini das Copas de 1982 e 1986

Por Lucas Paes 

A França de 1986: uma das melhores seleções daquela década

A França é uma das principais favoritas a ganhar a Copa de 2018 na Rússia. Com um time cheio de jovens estrelas e que tem jogado um futebol encantador, os Bleus se candidatam a levar a taça para Paris pela segunda vez. Porém, a França nem sempre foi um “titã” do futebol. Depois do time de Fontaine dos anos 50, a primeira equipe francesa a encantar o mundo veio nos anos 1980, sob a batuta do genial Platini. 

Depois de uma campanha bem fraca na Copa de 1978 e de sequer classificar-se para a fase final da Eurocopa de 1980, os franceses sentiram a necessidade de renovar a seleção. Através do trabalho de Michel Hidalgo e de um elenco composto por jogadores de qualidade técnica alta liderados por Platini, os franceses fizeram excelente campanha nas Eliminatórias Europeias para o Mundial da Espanha, em 1982. Em seu grupo, os franceses se classificaram em segundo lugar, atrás apenas dos belgas, que tinham outro timaço, a frente de Irlanda, Holanda e Chipre. 

Na Copa do Mundo, os franceses caíram num forte grupo, com os arquirrivais ingleses, a sempre complicada Tchecoslováquia e o Kuwait. Depois de uma derrota no clássico com a Inglaterra por 3 a 1, a goleada diante do Kuwait por 4 a 1 e o empate contra os checos garantiram a vaga na segunda fase da competição, onde os franceses cairiam num grupo com a Áustria e a Irlanda do Norte. A França então venceu os dois jogos que fez, contra a Áustria (1 a 0) e Irlanda do Norte (4 a 1) para chegar as semifinais e fazer um dos maiores jogos da história das Copas do Mundo.

Contra a Alemanha Ocidental, a primeira decisão por pênaltis das Copas

Quem esteve no Ramon Sanchez Pijuan naquele 8 de Julho de 1982 viu um espetáculo. Com um time extremamente competente, porém sem sequer chegar perto do artístico futebol dos franceses, que pra muitos só ficavam atrás do time brasileiro na questão da beleza do jogo naquela época, a Alemanha Ocidental pulou na frente com Littsbark, Platini empatou de pênalti. Porém, a arbitragem entrou de forma decisiva no jogo, quando o juiz ignorou o pênalti claro sofrido por Battiston, que foi literalmente nocauteado pelo goleirão Schumacher. A França abriu 3 a 1 na prorrogação, porém tomou o empate e acabou eliminada na primeira decisão por pênaltis da história das Copas. Acabou perdendo para os poloneses na decisão do terceiro lugar. 

Sem precisar disputar a eliminatória para a Euro, já que sediaria o torneio de 1984, a França se mostrou forte logo no começo da competição. Na primeira fase, foram três vitórias, diante da Dinamarca (1 a 0), Bélgica (5 a 0) e Iugoslávia (3 a 2), este último com um show a parte de Platini. Nas semifinais, Portugal complicou demais o jogo e chegou a estar a frente com 2 a 1 na prorrogação, em grande atuação de Rui Jordão, artilheiro da equipe, mas a França virou nos últimos minutos e passou para a final. 

Na final, em Paris, depois de um primeiro tempo muito difícil diante da Espanha de Santillana, os franceses pularam na frente na etapa final com Platini, cobrando falta e contando com frangaço do goleirão Arconada. Bellone, fez, já no finalzinho, o gol que garantiu a taça, a festa e a consagração daquela geração, que conquistou o primeiro titulo oficial da história da Seleção Francesa, iniciando a caminhada que levou a 1998, 2000 e aos tempos atuais onde os azuis são um dos times mais fortes do mundo. Platini foi o destaque do campeonato, com incríveis 9 gols em apenas 5 jogos.

Em 1984, primeiro título da Eurocopa

Com enorme bagagem conquistada e mais experientes e cada vez jogando melhor, os franceses conquistaram com certa tranquilidade a vaga na Copa do Mundo de 1986, no México. Naquela edição, Platini e seus companheiros chegaram já com status de favoritos, junto ao ainda forte Brasil de Zico, Sócrates e cia., a Inglaterra de Lineker e a Argentina de Don Diego Maradona. Além da forte base remanescente, ainda havia na França jogadores como Papin, para dividir o protagonismo com Platini. 

Num grupo com a União Soviética, Hungria e Candá, os Bleus estrearam no dia 1 de Junho, em León, com vitória por 1 a 0 sobre o Canadá, gol de Papin. Quatro dias depois, na mesma cidade, empate com os soviéticos por 1 a 1, com gol francês marcado por Fernandez. Na última rodada, vitória por 3 a 0 sobre a Hungria que garantiu o segundo lugar aos franceses, com gols de Stopyra, Tigana e Rocheteau. Mas as oitavas reservaram um confronto ingratíssimo ao time de Platini, que enfrentaria a Itália, atual campeã, time de Paolo Rossi. Porém, os franceses fizeram 2 a 0 e avançaram.

Nas quartas de final, o time que talvez seja o maior freguês da França em jogos eliminatórios, a Seleção Brasileira. Na época, porém, Zito, Careca, Sócrates e os comandados de Telê entraram como favoritos e saíram a frente muito cedo com gol do então artilheiro do São Paulo, Careca. Platini empatou no fim do primeiro tempo, num jogo que ainda teve um pênalti desperdiçado por Zico. Depois de empate no tempo extra, os pênaltis definiram a vaga francesa, em vitória por 4 a 3, com direito a Platini desperdiçar a sua cobrança a Bats pegando pênalti de Sócrates.

França eliminou o Brasil em 1986 em um grande jogo

Porém, a semifinal reservou o que talvez seja exatamente o contrário do Brasil para os franceses: a Alemanha Ocidental, asa negra dos Bleus. Os germânicos, mesmo com o futebol burocrático, pararam o técnico time francês com gols de Brehme, logo no começo do jogo e Voller, nos minutos finais. A vaga na final não veio outra vez. Platini e sua trupe ficaram pelo caminho. Decidiriam o terceiro lugar contra a Bélgica de Scifo e cia, outra sensação daquela Copa do Mundo e que já foi tema de texto no site. 

A decisão do terceiro lugar foi um jogo sensacional, com uma vitória francesa por 4 a 2 na prorrogação. Celeumans botou os belgas na frente. Ferreri e Papin viraram para os Bleus, mas os Diabos Vermelhos voltaram a empatar com Claesen. Genghini e Amoros marcaram os gols da vitória azul na prorrogação. Pelo menos o prêmio de consolação, naquela que seria a melhor campanha da França até que Zidane cometeu o crime diante do Brasil e garantiu o título de 1998, até hoje o maior feito da história da seleção bleu. 

Neste ano, a França estreia no sábado, dia 16, a partir das 7 da manhã, diante da Austrália, em Kazan. É o começo da caminhada para que Griezzman, Pogba, Mbappé e cia apaguem a tristeza da Euro perdida em casa e deem a volta por cima. Ou para mais um quase dos franceses.
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