Da pior forma possível – as saídas conturbadas dos jogadores de seus clubes

Por Diely Espíndola

Roger, Lucas Lima e Bruno Silva: três saídas conturbadas no futebol brasileiro no fim de 2017

Mais uma temporada vai chegando ao fim e, nesta época do ano, começam as movimentações de chegada e saída dos jogadores dos clubes, seja por queda de desempenho, por divergências nas renovações dos contratos ou outros inúmeros motivos que já tornaram comum o vai e vem dos atletas. 

No entanto, ainda que haja razões que justifiquem e validem a saída de um jogador de um clube, há sempre aqueles que preferem sair pelas portas dos fundos e encerrar suas passagens pelo clube que os acolheu, da pior forma possível.

Nas últimas semanas, dois jogadores têm causado polêmica em General Severiano e atraído a atenção da mídia por conta de suas saídas conturbadas do Botafogo. Bruno Silva e Roger foram peças importantes no esquema de Jair Ventura durante o ano, e acabaram conquistando a torcida alvinegra. O atacante Roger ainda obteve o apreço dos botafoguenses fora das quatro linhas, ao trazer ao público a história de sua filha, portadora de deficiência visual, e ao ser diagnosticado com um tumor renal.

Roger deixou o Botafogo e negociou mesmo internado

Roger foi abraçado pelos alvinegros não somente por suas atuações, mas também (ou principalmente) por sua vida pessoal. Não por acaso, a torcida foi pega de surpresa quando veio à tona a notícia de que o atacante, ainda no hospital, já estaria com as negociações avançadas com o Internacional, enquanto pedia aumento salarial de mais de 100% e outros benefícios ao Botafogo. O clube gaúcho, segundo informações recentes, pagaria ao atleta mais do que o clube da Estrela Solitária estaria em condições de oferecer.

Não bastasse a negociação por debaixo dos panos, Roger ainda foi à público expor uma suposta mágoa com o Botafogo, alegando que o clube não cumpriu a promessa de custear seu tratamento, fato negado pelo presidente do clube. O jogador ainda disse em entrevista que aconselhava o técnico Jair Ventura a deixar General Severiano.

Mas o mal-estar no Botafogo não ficou exclusivamente na conta de Roger. Bruno Silva, também acolhido pela torcida alvinegra, foi protagonista de polêmicas envolvendo sua possível saída para o Cruzeiro. Após as eliminações na Copa do Brasil e Libertadores, o rendimento do jogador caiu a olhos vistos e, obviamente, a torcida cobrou. Insatisfeito com as vaias vindas da arquibancada, Bruno Silva respondeu com gestos fazendo alusão à sua partida para o clube mineiro, com o qual supostamente o jogador estaria conversando há algum tempo.

Bruno Silva vem tomando atitudes para forçar a saída do Botafogo

O jogador ainda se desculpou em coletiva, mas em suas redes sociais, a vontade de deixar o Botafogo fica clara em suas postagens, vídeos e brincadeiras. A torcida obviamente não está satisfeita, tendo em vista que Bruno Silva ainda pertence ao clube.

Fatos como estes não são incomuns, onde jogadores até então medianos acabam tendo destaque em determinados clubes, que acabam se tornando vitrines para outras oportunidades. Nos dias de hoje, ninguém mais tem a ilusão do “amor à camisa”, mas será que há a necessidade de o jogador virar as costas para o clube que lhe alçou ao sucesso?

Casos como os de Roger e Bruno Silva não são os únicos que afetam a relação do jogador com seu clube e torcida. Divergências nas renovações de contratos, como valor de multa, salário, e outras questões financeiras, costumam ser o principal motivo das rupturas no futebol brasileiro. É o caso de Lucas Lima, com o também alvinegro Santos. Ainda em junho, o Peixe já pensava na renovação com o meia, que por sua vez, adiou sua resposta até que sua relação com a torcida foi abalada, quase inviabilizando sua renovação.

Lucas Lima: um dos melhores meias do país saiu brigado do Santos

O meia chegou ao Santos em 2014, com atuações que lhe renderam inclusive sua primeira convocação para a Seleção Brasileira. Este ano, no entanto, foi bem diferente. O rendimento de Lucas Lima caiu a ponto de vaias e cobranças da torcida serem constantes, abalando a possibilidade de o jogador continuar vestindo a camisa do Alvinegro Praiano. 

O clube, no entanto, ignorou a relação estremecida entre jogador e torcida, e no meio do ano ofereceu a renovação, por supostamente o dobro de seu salário, e não obteve resposta do jogador até novembro, quando Lucas Lima informou ao peixe que não renovaria para o ano que vem, sendo afastado pelo Santos.

Divergências salariais, brigas com a torcida, ambição, palavras que a cada fim de ano se repetem nos noticiários esportivos, e que parecem já fazer parte da cultura do futebol brasileiro. Se há uma solução, ou se esta é viável, não podemos dizer. Só nos resta esperar pela próxima temporada, e torcer para que ainda que não amem como os torcedores, os jogadores pelo menos reconheçam a grandeza e o peso da camisa que representam.
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