João Havelange – O 'dono' do futebol mundial por 24 anos

Por Lucas Paes

João Havelange viveu cerce de 100 anos: mudou o futebol e se aproveitou disso maleficamente

Nascido no dia 8 de maio de 1906, João Havelange foi um dos presidentes da FIFA, sendo o mandatário da entidade entre 1974 e 1998. Na Juventude, Havelange foi atleta de natação e de polo aquático, sendo medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 1955. Seria, porém, como dirigente que ele ficaria mundialmente famoso, sendo que a fama nem sempre veio por coisas boas. 

Iniciou a carreira como dirigente em federações de natação. Foi presidindo a CBD, entre 1958 e 1975 que seu nome ficou famoso, pois era o presidente na época de ouro do futebol brasileiro, tendo acumulado dois cargos durante um pequeno período. Além disso, foi membro do COI durante mais de 40 anos. 

Sua campanha para ser eleito na FIFA foi feita de maneira bastante agressiva. Falou em perdoar punições para diversas seleções, prometeu incluir países não muito desenvolvidos no esporte, viajou o mundo buscando votos de confederações. Descobriu-se depois que também comprou votos através do oferecimento de vantagens.

Parte disso, o dirigente de fato cumpriu. Como pontos positivos de sua gestão estão a criação de competições como as Copas do Mundo de futebol feminino e das categorias sub-17 e sub-20, o aumento do número de seleções na Copa, passando de 16 para 32, além da ampliação dos horizontes para zonas menos desenvolvidas do futebol.

Disputou duas Olimpíadas como atleta

Também teve grande responsabilidade na ampliação da mídia sobre o futebol no planeta, aumentando em quase dez vezes o número de funcionários da FIFA e o alcance da entidade. Tal ação, porém, ajudou na formação de futuros esquemas de corrupção, numa situação onde havia muito mais dinheiro envolvido do que antes da era Havelange.

A gestão do brasileiro foi responsável pela globalização da Copa do Mundo, aumentando exponencialmente o número de espectadores, que chegou à casa dos bilhões. Com isso, as cifras também aumentaram e, descobriu-se depois, as propinas também. Havelange foi acusado de envolvimento no esquema de propinas da ISL, empresa de marketing esportivo que trabalhava com a FIFA, negociando os direitos de transmissão dos mundiais.

O caso da ISL, aliás, teve envolvimento também de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e de Nicolas Leoz, ex-presidente da Conmebol. Além disso, é possível que Joseph Blatter, que era secretário de Havelange, soubesse do esquema. Na época, curiosamente, a propina não era algo ilegal na Suíça, somente anos depois que a justiça do país tirou o sigilo dos documentos e trouxe todo o esquema a tona, investigando os envolvidos. 

Além do envolvimento com as propinas da ISL, ele também foi responsável pelo estreitamento dos laços da ditadura militar com a CBD, quando foi presidente da entidade. O período de ouro vivido pelo futebol brasileiro na época mascarou muitas das práticas do regime e das próprias federações. Depois de sua saída, os próprios militares conseguiram descobrir os desvios de dinheiro na confederação.

João Havelange e seu genro Ricardo Teixeira

No que se refere ao marketing, também foram durante os 24 anos da gestão do brasileiro que se ampliaram os contratos de publicidade em cima dos torneios da FIFA. Com o desenvolvimento do futebol em países periféricos e o aumento de países envolvidos na Copa do Mundo, aumentou também o interesse pelo torneio, o que, no que se compara a uma bola de neve, aumentou os valores dos contratos de publicidade, gerando sim muito dinheiro para a FIFA, mas gerando igualmente dinheiro para os bolsos de cartolas.

Uma das grandes consequências disso tudo foi o aumento dos jogos de poder. Buscando ampliar sua influência como dirigente, Havelange notabilizou-se por não ter nenhuma vergonha de estar ao lado de ditadores ou de pessoas cujo condutas eram questionáveis e o interesse maior era pelo dinheiro e não pelo esporte. Notavelmente, o interesse maior do próprio brasileiro era pelo dinheiro e poder e não necessariamente pelo futebol. 

Outra área que “se desenvolveu” na época de Havelange e permanece até hoje são as acusações de suborno, compra de votos e semelhantes. Há acusações de compras de votos nas escolhas de diversas sedes da Copa do Mundo, incluindo a de 1998, última organizada na gestão Havelange. Blatter, seu sucessor, teve em seu período as acusações de suborno para a escolha da África do Sul como sede do mundial de 2010.

Com Pelé: brigas e reaproximações

As denúncias contra o dirigente brasileiro não se limitaram a FIFA. Sendo também integrante do COI por 49 anos. Houveram acusações de subornos e propinas com envolvimento dele dentro do comitê olímpico. Os diversos esquemas em que João Havelange esteve envolvido acabaram ocasionando a perda de diversas condecorações e homenagens que ele havia recebido, a mais marcante delas, provavelmente, a troca do nome do Engenhão, que virou Estádio Olímpico Nilton Santos.

De certa forma, como precisamente analisou um artigo do portal Trivela, as ações de João Havelange, que faleceu em 16 de agosto do ano passado, na frente da FIFA buscavam, acima de tudo, atender a seus interesses próprios e pessoais, estando estes sempre a frente do bem do esporte.
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