Grazie, Totti – O agradecimento de um rival

Por Lucas Paes

Francesco Toti: uma vida de dedicação à Roma

Quem tem uma memória um pouco melhor do blog, vai lembrar que há uns dois anos, fiz um texto sobre a despedida do Diego Milito do futebol. Não escondo de ninguém que a Internazionale é meu time preferido na Europa. Logo, Francesco Totti, mesmo que menos que para a Lazio, atuou diversas vezes em um time rival ao meu e diversas vezes eu torci contra ele.

Como torcedor da Inter, eu vivi um período onde, por diversas vezes, a Roma de Totti nos enfrentou na disputa de algum campeonato. Seja nas diversas finais em sequência da Coppa Itália ou nas disputas pelo título da Série A, onde a mais acirrada foi na mágica temporada de 2009/2010, Totti sempre foi um grande adversário. Naquele mágico 2010, a Roma quase transformou o sonho em pesadelo, na Série A.

Francesco era um adversário enorme, um capitão gigantesco e acima de tudo um ícone da Roma. Quando eu pensava naquela camisa vinho que tanto gostava de ver vencida, pensava nele, vestindo aquele maldita número 10 e desfilando sua categoria em Giuseppe Meazza. De uns 10 anos pra cá, viraram constante as vezes em que os Giallorossi surpreenderam a Inter na nossa casa, seja num 3 a 1, dentro do San Siro, na temporada 2006/2007 ou nas constantes surras recentes no nosso pior momento.

Golaço contra a Inter

Entre 2006 e 2010, só em um ano (2009), a Roma não decidiu a Supercoppa Italiana com a Inter. Curiosamente, naquele ano enfrentamos (e perdemos) para a arquirrival romanista, a Lazio. Nas outras, foram três títulos nerazzurris e um romanista. Na Copppa, em cinco decisões, foram três conquistas interistas e duas do time da capital. Um grande equilíbrio.

Na Série A, porém, não houve nenhum campeonato em que Totti desbancasse Zanetti, mas foram diversas as vitórias da Roma para cima da Inter. Na base da marra, eu aprendi a respeitar e temer aquele camisa 10, que costumava exibir suas mágicas com requintes de crueldade quando via azul e preto do outro lado. 

Pesquisando rapidamente, além das lembranças que tenho frescas na memória, houveram diversas partidas complicadas para os interistas contra Totti. Em 2005, ele marcou um de seus gols mais bonitos, numa vitória romanista dentro do San Siro, e decidiu o jogo, mesmo sendo expulso depois. Três anos depois, em uma ocasião única na história, o jogo disputado no San Siro ficou no 1 a 1, com um gol de Totti e um de Zanetti. Dois gols de capitães tão marcantes e tão identificados com suas camisas.

Campeão do Mundo em 2006 com a Seleção Italiana

Houve, porém, outras vezes em que Totti complicou seu time no jogo. Em 2010, por exemplo, na final da Copa Itália que Milito decidiu, Totti foi expulso, após se envolver em confusão com Balotelli. A perda de seu capitão e craque freou qualquer reação da Roma naquele jogo, e o título veio mesmo para Milão, como viriam outros dois naquela temporada.

No total, Totti marcou 12 gols em cima da Inter. Os dois últimos, já no relativamente recente 2013, em uma vitória tranquila dos romanistas por 3 a 0 pra cima de uma Inter que perdia gradativamente a qualidade, num dos piores jogos feitos pelos interistas que este que vos escreve teve o desprazer de assistir. Um jogo onde o resultado ficou até pequeno perto do domínio dos visitantes. Foi a última vez que Totti marcou contra a Inter, e foram dois gols.

Mas, só nos resta o agradecimento ao homem que representava tanto ao outro lado. Por todos os confrontos entre Inter e Roma, por toda a dedicação com a camisa da nossa maior rival naqueles anos maravilhosos vividos entre 2005 e 2011, por todas as vezes que foi mais gostoso comemorar a vitória, pois sabíamos que tínhamos vencido um adversário da tua grandeza, Capitano.

Último gol dele, também contra a Inter

Se hoje você não tem um ou mais Scudettos no currículo, parte da “culpa” é interista, já que privamos a nossa eterna e amada vice de levar a taça por quatro vezes. Hoje, em tempos que você já nem jogou mais tanto pela equipe romanista, a Inter não tem sido mais a forte e complicada adversária de outrora. A realidade é que, ultimamente, enfrentar a tua Roma tem sido motivo de desespero e de uma triste certeza de mau resultado.

Quando Zanetti se despediu da Inter, em 2014, cada vez arrepiava mais pensar que a era dos jogadores de uma só camisa estava acabando. Nosso eterno capitano parou em 2014. Depois, Rogério Ceni, Gerrard, Terry, entre outros. São tempos difíceis. Agora, você se despede Totti, e no fundo não é só a Roma, não é só a Itália, mas o mundo inteiro que te agradece por engrandecer o futebol.

Se vai para outro clube, se vai se aposentar, só o tempo irá dizer, mas o livro de histórias tuas com a camisa romanista está terminado. E, sinceramente, não há muito o que falar, pois a história que foi escrita é linda e digna de ser lembrada pela eternidade.

Com Il numero 10, Il Capitano, Francesco... TOTTI.
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