América Azul - O Cruzeiro bi da Supercopa Libertadores em 91 e 92

Por Lucas Paes

A equipe cruzeirense do bi-campeonato da Supercopa da Libertadores, com Renato Gaúcho

A Supercopa Libertadores foi um torneio disputado entre 1988 e 1997, que envolvia todos os campeões da Libertadores da América até aquele ano*. Entre os times brasileiros, Cruzeiro e São Paulo conquistaram a competição, sendo que os mineiros são, junto ao Independiente, os maiores campeões da torneio, com dois títulos cada. São sobre essas duas conquistas que este texto vai falar. 

Na primeira conquista, o título foi vencido com uma dose cavalar de sofrimento. Mas o time do bi, em 1992, ficou conhecido como “Dream Team”, pelo futebol vistoso e ofensivo que jogava, se destacando a dupla Renato e Roberto Gaúcho, sendo o primeiro o grande craque daquela equipe. Ele foi o destaque tanto na conquista estadual quanto na continental naquela temporada.

Em 1991, o Cruzeiro, dirigido pelo grande Ênio Andrade, eliminou primeiro os chilenos do Colo-Colo, vencendo nos pênaltis por 4 a 3, após dois empates por 0 a 0, em Minas e em Santiago. Nas quartas, vitória contra o Nacional, do Uruguai, por 4 a 0 (Boiadeiro e Charles, três vezes), no Mineirão, e derrota por 3 a 0 em Montevidéu. Nas semifinais, veio o Olimpia, do Paraguai. As duas equipes empataram duas vezes, por 1 a 1, em Belo Horizonte (Marquinhos para os brasileiros e Guirland para os paraguaios), e 0 a 0, em Assunção. A Raposa contou com erro de Guirland para vencer nos pênaltis por 4 a 3.

A equipe campeã em 1991

Na decisão, o adversário foi o River Plate, da Argentina, que aproveitou a pressão do Monumental de Nuñez para complicar o time mineiro: Rivarola, de pênalti, e Higuain (pai do atual centroavante da Seleção Argentina) marcaram, colocando uma boa vantagem para o time argentino. Mas, quem achou que o time brasileiro estava morto se enganou, pois Ênio Andrade motivou seus jogadores à buscarem a virada.

No segundo jogo, no Mineirão lotado, a Raposa partiu pra cima, criou chances, mas demorou 34 minutos para abrir o placar, com Ademir de cabeça. No sexto giro do cronômetro na etapa complementar, Mário Tilico apenas tocou a bola para ampliar, após cruzamento de Marquinhos. Com uma pressão alucinante e um ritmo que atordoava os Millonarios, com quase 30', o Raio Azul Tilico fez de novo, garantindo a taça e a festa em BH.

Os 3 a 0 no River Plate, em 1991

Em 1992, com parte da base de 1991, mas reforçada e dirigida por Jair Pereira, com destaque parao craque Renato Gaúcho, o Cruzeiro começou a luta pelo bi enfrentando o Atlético Nacional, da Colômbia, na época base da fortíssima seleção nacional local. No primeiro jogo, no Atanásio Girardot, empate por 1 a 1, com Renato Gaúcho e Restrepo, de pênalti. 

A volta merece um parágrafo a parte, pois foi um dos maiores passeios que o Mineirão já testemunhou: em uma noite iluminada, Renato Gaúcho, marcou cinco vezes, sendo quatro delas no segundo tempo. Cleison, Luiz Fernando e Nonato fizeram os outros tentos da antológica vitória Celeste, até hoje a maior da história do clube em qualquer competição sul-americana: 8 a 0 sobre os Verdalogas.

Nas quartas, veio o River, de novo: na primeira partida, no Mineirao, 2 a 0 (Paulo Roberto e Diego Cocca, contra). Na volta, a derrota por 2 a 0, em Nuñez, ficaria marcada pela polêmica arbitragem do chileno Ivan Marin, que distribuiu cartões para o time brasileiro, expulsando inclusive dois jogadores. Os Millonarios marcaram através de dois pênaltis discutíveis, aos 42', com Ramon Diaz, e Silvani, no rebote, aos 44'. Ironicamente, a marca da cal foi responsável pela classificação cruzeirense, com Diaz jogando a última cobrança de seu time para fora e Douglas convertendo a última dos brasileiros.

Os 8 a 0 sobre o Atlético Nacional de Medellin

A semifinal, contra o Olimpia, mesmo com algum sofrimento, foi menos complicada: vitória por 1 a 0 (Luis Fernando), no Defensores del Chaco, e empate por 2 a 2 (Paulo Roberto, de pênalti, Roberto Gaúcho; Amarilla e Ramirez), em casa. O Cruzeiro estava mais uma vez na final da Supercopa, mas desta vezes enfrentando o Racing de Avellaneda. 

As finais começaram com o Mineirão testemunhando outro chocolate: jogando um segundo tempo de encher os olhos, o Cruzeiro fez 4 a 0 sobre o time argentino (Roberto Gaucho, duas vezes, Luiz Fernando e Boiadeiro). No Cilindro, os cruzeirenses aguentaram a pressão e, mesmo com dois expulsos, só sofreram um gol aos 41 minutos, com Claudio Garcia marcando de pênalti. O título celeste não pôde ser comemorado em campo, devido a confusões com os argentinos.

Em 1992, Renato Gaúcho, com 6 gols, foi artilheiro da competição, sendo um dos destaques daquele time, fazendo uma dupla matadora com Roberto Gaúcho. Porém, logo ao final da competição, ele deixou o clube e foi para o Flamengo. Mas a equipe bi-campeã da Supercopa nunca foi esquecida pelo cruzeirense.

Os 4 a 0 do primeiro jogo da final de 1992

* Em 1997, a Conmebol reconheceu o Campeonato Sul-Americano de Clubes de 1948, realizado no Chile, como o primeiro torneio da América do Sul (mas não como Libertadores, é bom deixar bem claro) e convidou o Vasco para participar da Supercopa daquele ano, a última que foi realizada.
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