O Futebol no Cinema - Um filme com Pelé, Moore e Stallone


Fuga para a Vitória é um filme americano, de 1982, que relata a vida de prisioneiros de guerra da Alemanha Nazista, focando no momento em que um general alemão decide fazer uma partida de futebol contra um selecionado dos prisioneiros, buscando usar uma vitória para alavancar ainda mais a propaganda do regime. O filme conta com jogadores como Pelé, Boobby Moore, Ardiles e Deyna, além atores do calibre de Sylvester Stallone.

Entre 1933 e 1945, em um dos períodos mais conturbados da história, a Alemanha foi comandada pelo Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, ou, como ficou mais conhecido, Partido Nazista, que tinha como seu chanceler (e, na verdade, um ditador) Adolf Hitler. O nefasto período ficou marcado pelo Holocausto Judaico e pela eclosão da Segunda Guerra Mundial. O regime terminou com o suicídio de Hitler e a vitória dos Aliados na guerra.

O regime nazista tentou de fato usar o futebol como propaganda, na Ucrânia, em 1941. Infelizmente para os alemães e felizmente para o esporte bretão, a tentativa deu completamente errado: mesmo sofrendo represálias como ameaças de morte, jogando uma partida apitada por um oficial da SS num estádio cercado pela Gestappo, os ucranianos do Start (em sua grande maioria, ex-jogadores do Dinamo de Kiev antes da invasão) venceram o Flakelf, time formado por oficiais alemães, por 5 a 3. A vexatória derrota, a segunda seguida para a equipe (o Flakelf já havia levado 5 a 1 do Start) foi uma humilhação inadmissível para os nazistas, que prenderam e mataram boa parte dos jogadores do Start.

A partida da morte foi sim, de certa forma, inspiração para o filme. E em uma triste curiosidade relacionada a mais uma dessas ironias do destino, os Ultras do Dinamo de Kiev formam, atualmente, um dos maiores grupos neonazistas da Europa, ignorando a história de resistência de seu próprio clube ante o regime de Adolf Hitler.

O time do filme

Voltando ao filme, a trama central roda em torno das intenções do Major Karl Von Steiner (Max Von Sydow) de fazer uma partida entre um selecionado alemão e os prisioneiros de guerra dos nazistas, usando uma possível vitória alemã como propaganda do regime. Os prisioneiros aliados, por sua vez, planejam usar da partida para fugir dos alemães. 

O Major manda que o capitão inglês Jonh Colby (Michael Caine), que antes da guerra era um famoso jogador do West Ham, organize e treine uma equipe para a partida. Enquanto isso, os prisioneiros planejam uma fuga no dia do jogo, Colby inicialmente não quer participar dos planos de fuga por medo de ter algum dos seus jogadores assassinados. Há um momento interessante no filme, quando o capitão inglês menciona possíveis jogadores do leste europeu e um dos militares alemães fala que oficialmente eles não existiam. Uma referência histórica que mostra como eram as coisas para os países daquela região na época da guerra.

Os jogadores do time montado por Colby passam a gozar de certos privilégios com relação aos outros internos, como melhores refeições, maior dose de liberdade, entre outras coisas. Ainda assim é inerte a condição de detentos. A equipe enfrenta, porém, certa gozação de outros internos devido às roupas de treino usadas.

Com os treinamentos, o time vai melhorando e aprimorando a técnica. Mas, a chegada dos jogadores vindos do leste europeu causa um choque, já que eles estavam em péssimas condições. Colby, inclusive, ouve reclamações de outros prisioneiros britânicos, onde diziam que ele estava fazendo exatamente o que os nazistas queriam.

Goleiro foi mais uma 'função' de Stallone no cinema

Enquanto o time se prepara, o capitão americano Robertt Hatch (Sylvester Stallone) planeja executar seu plano de fuga. Ele sucede e, após chegar a Paris, começa a planejar como organizar o escape dos jogadores do time de Colby, no dia do jogo, no estádio de Colombe. Só que os planos fazem com que Hatch seja obrigado à voltar ao campo prisional alemão (deixando-se capturar). Na França, o grupo que acolheu Robertt cuida de outros detalhes do esquema.

Se o time do filme fosse real, seria uma verdadeira constelação, com as presenças do brasileiro Pelé, o inglês Booby Moore, o argentino Osvaldo Ardiles, o polonês Kazimiers Deyna, o belga Paul Van Himst, além de outros jogadores menos famosos. Quem não queria ter esses craques em seu time?

Na partida, o time germânico se defende na base da força, mas o juiz não marca as faltas a favor do time dos Aliados. Sem muita experiência, Hatcht falha nos dois primeiros gols do time do Eixo, o terceiro sai em uma cobrança de pênalti e no quarto há outra falha do goleiro aliado. Restando pouco mais de um minuto para o fim da etapa inicial, o time de Colby consegue reduzir a contagem para 4 a 1.

No vestiário rola um debate da equipe com relação a fugir ou jogar o segundo tempo, no fim das contas o time de Colby e Hatcht decide por voltar para o campo. Na etapa final do jogo os Aliados entram com tudo e já marcam logo no começo. O time segue pressionando, e nas vezes em que é atacando, Hatcht passa a aparecer e fazer boas defesas.

Pelé acertando um chute de primeira

A reação aliada é iminente, o time marca outra vez no meio do segundo tempo. O gol de empate até chega, mas a jogada é invalidada. Pouco depois Luis Fernandez (Pelé) volta a campo, e é do personagem interpretado pelo Rei Pelé que sai a igualdade no placar, num lindo lance de bicicleta. 

Só que o drama não havia acabado, no minuto final o time alemão tem um pênalti a seu favor: Hatcht pega a cobrança e evita a vitória alemã, enquanto a torcida vai ao delírio aos gritos de “victoire! victoire!” (vitória). 

Após o jogo ocorre uma invasão de campo e um verdadeiro pandemônio se instala no estádio. No meio da confusão os jogadores conseguem fugir, diante dos olhos atordoados de soldados, tenentes, capitães e demais integrantes do exército nazista. No fim das contas, a vitória era mesmo dos Aliados, ainda que o placar marcasse um empate.

O filme às vezes peca em não saber qual é a sua prioridade: a guerra ou o futebol. Porém, garante o divertimento pois as cenas com a bola rolando são muito boas, já que o uso de atletas e ex-atletas trouxeram uma boa realidade às jogadas. Se você é fã do esporte bretão, vale a pena!
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