1986 – O grande ano de Pepe como treinador

Por Lucas Paes

Pepe dirigindo a Inter campeã paulista. Depois, ainda venceria o Brasileirão pelo Tricolor

No sábado, dia 25, uma das maiores lendas do futebol e do esporte brasileiro fez aniversário: o lendário atacante e treinador José Macia, o Pepe completou 82 anos. O “maior artilheiro humano” da história do Santos FC, como ele mesmo diz, conseguiu, trabalhando como treinador, ganhar a admiração e o respeito de outras torcidas. Em 1986, viveu seu melhor ano na função, ganhando até as páginas da história de um rival do Alvinegro Praiano.

Pepe começou aquele ano trabalhando na Internacional de Limeira, um clube do Interior de São Paulo, que iniciou o campeonato almejando não mais que ser o melhor equipe entre os pequenos. Só que, em um time que tinha um Kita absolutamente inspirado, fazendo gols de todas as formas, as vitórias começaram a acontecer e o Leão começou a alçar voos mais altos. Aquela formação outros nomes, como Lê, Gilberto Costa (atual treinador do Jabaquara) e Tato, ganharia fama pelo estado.

No primeiro turno, a Inter ficou com a sexta colocação, algo que não caiu muito bem pelos lados de Limeira, já que a equipe pensava em brigar, no mínimo, com clubes como Guarani e Portuguesa. Na segunda etapa da competição, porém, foi líder disparado e se classificou com duas rodadas de antecedência. Uma curiosidade negativa foi que, na última rodada, sofreu a segunda maior goleada daquele torneio, levando 5 a 1 do São Paulo no Morumbi.

Paulistão de 1986: Inter de Limeira vence favorito Palmeiras

Na semifinal, o adversário foi o Santos, campeão do primeiro turno, que foi vencido duas vezes: 2 a 0, em plena Vila Belmiro, e 2 a 1, no Limeirão. Na final veio o Palmeiras: no primeiro jogo, em casa, um empate sem gols. No segundo, no Morumbi, vitória alvinegra por 2 a 1, gols de Kita e Tato, com Amarildo descontando para o Verdão. A Inter era campeã paulista e a festa tomou conta de Limeira, pela primeira vez um time do Interior levantava o caneco em São Paulo.

No segundo semestre, Pepe assumiu o São Paulo, no lugar de Cilinho, que tinha sua espinha dorsal formada nas categorias de base e um Careca voando no ataque. Naquele Brasileirão de regulamento complicado, o Soberano liderou seu grupo na primeira fase, foi segundo colocado da chave da segunda fase e avançou ao mata-mata.

Nas oitavas, o adversário foi o time onde José Macia havia feito história como treinador: a Internacional de Limeira, que conseguiu derrotar o Tricolor por 2 a 1 no Limeirão, mas, no Morumbi, uma vitória por 3 a 0 classificou os “Menudos” de Careca e Cia. Nas quartas, o Fluminense, que venceu no Maracanã por 1 a 0, mas acabou sucumbindo na segunda partida com gols de Muller e Careca: 2 a 0 para o São Paulo e vaga nas semifinais garantida. 

São Paulo e Guarani, em 1986: uma das finais mais emocionantes

Por fim, nas semifinais, vitória por 1 a 0 sobre o América do Rio de Janeiro em casa e um empate por 1 a 1 no Maraca garantiram o São Paulo na final do campeonato, contra um fortíssimo Guarani, que complicou muito aquela decisão. O primeiro jogo terminou com empate de 1 a 1, na Capital Paulista. O segundo jogo foi, talvez, a maior final da história do Campeonato Brasileiro.

Num Brinco de Ouro abarrotado, dois gols logo no começo da partida deixaram a decisão empatada em 1 a 1: Nelsinho mandou contra o próprio patrimônio e abriu o placar para o Bugre, mas Bernardo empatou. O resultado persistiu até o final. Na prorrogação, Pita fez o segundo do Tricolor Paulista logo de cara, mas Boiadeiro e João Paulo colocaram o alviverde campineiro na frente. Quando o empate já parecia improvável, depois de vários acréscimos, Careca fez um golaço e deixou tudo igual.

Nos pênaltis, vitória são paulina por 4 a 3 e o segundo título brasileiro garantido. Pepe agora estava na história de dois grandes do estado. O “Canhão da Vila” ainda conquistou outros títulos como treinador, até fora do Brasil (foi campeão japonês pelo Verdy Yomiuri Kawasaki). Além de campanhas históricas como o terceiro lugar, no Paulista de 2003, com a Briosa. Ele deixou a carreira de técnico em 2006, seu último clube foi a Ponte Preta.
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