Maracanã, Romário e a passagem 'carimbada' para a Copa de 94

Romário comemora o segundo gol na partida

Nesta sexta-feira santa, dia 25 de março, Brasil e Uruguai se enfrentam em Recife pela quinta rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2016, que será realizada na Rússia. O Curioso do Futebol vai relembrar um confronto histórico entre essas duas seleções válido pelo qualificatório do Mundial de 1994.

Em 1993, a Seleção Brasileira era tratada com desconfiança pela torcida. Depois de uma Copa América claudicante, onde o time, que jogou com vários desfalques e foi eliminado pela Argentina, nas quartas-de-final, por pênaltis, o Brasil não inciou bem as Eliminatórias.

Em pé: Taffarel, Ricardo Rocha, Mauro Silva, Jorginho, Ricardo Gomes e Branco.
Agachados: Dunga, Bebeto, Raí, Romário e Zinho.

A competição havia mudado de formato, se comparado aos anteriores. Ao invés de três times por chave, o qualificatório Sul-Americano para a Copa de 1994 tinha um grupo com cinco equipes, que classificavam dois para o Mundial, e um com quatro, onde um ia para a Copa diretamente e o segundo jogaria uma repescagem contra o campeão da Oceania.

O Brasil caiu no grupo de cinco seleções, ao lado de Equador, Bolívia, Venezuela e Uruguai. A maioria apontou que os canarinhos e a celeste seriam os favoritos. Ledo engano! O Brasil teve muitas dificuldades no primeiro turno, onde empatou com o Equador (0 a 0), perdeu da Bolívia (2 a 0 - a primeira derrota brasileira na história das Eliminatórias), venceu a Venezuela (5 a 1) e no Centenário, empatou com o Uruguai em 1 a 1.

Passando por um jogador uruguaio

No segundo turno, jogando em casa, o Brasil se recuperou. Venceu o Equador, em um jogo complicado, por 2 a 0, e depois uma bela goleada, em Recife, contra a Bolívia, por 6 a 0, e outra sobre a Venezuela, 4 a 0. O Uruguai também vinha claudicante na Eliminatória e, com isso, quem chegou à última rodada liderando o grupo era a Bolívia. E Brasil e Uruguai se enfrentariam no Maracanã, em confronto direto por uma vaga na Copa.

Enquanto rolava o qualificatório para o Mundial, Romário, que estava brigado com a Comissão Técnica da Seleção Brasileira por não ter aceitado ficar no banco em um amistoso contra a Alemanha, simplesmente arrebentava em seus primeiros jogos pelo Barcelona. Se você lembra do 'Baixinho' em final de carreira no Brasil, com sua técnica apurada e faro de gol implacável, imagine-o com tudo isso e mais uma velocidade de arranque fora do comum. Ele fazia gols de todas as formas imagináveis e era difícil um zagueiro pará-lo.

Romário atendeu todas as expectativas

A torcida, principalmente no Rio de Janeiro, pedia a presença dele na Seleção. Ao mesmo tempo, Müller se contundiu. Parreira, que era o técnico brasileiro, chamou Zagallo, também da comissão, e disse: "não tem jeito. Ele está jogando demais. Vou convocá-lo". E Romário foi chamado para o importante jogo do Brasil naquela Eliminatória. Havia o risco de a Seleção ficar, pela primeira vez, fora de uma Copa. E isso seria vergonhoso no meio do futebol.

A partida foi realizada no dia 19 de setembro de 1993 e o Maracanã estava abarrotado, com mais de 100 mil pessoas. Apesar de também ir mal nas Eliminatórias, uma vitória botava o Uruguai na Copa e tiraria o Brasil. A Celeste tinha uma bela equipe, com o goleiro Siboldi, Ruben Sosa, Fonseca, Bengochea e o grande craque Enzo Francescoli, o 'El Príncipe'. A tarefa do Brasil não seria muito fácil.

Romário driblando Siboldi e marcando o segundo gol

Enquanto a Bolívia arrancava um empate contra o Equador, fora de casa, garantindo seu passaporte para o Mundial dos Estados Unidos, Brasil e Uruguai faziam uma partida espetacular no Maraca. Romário, com a camisa 11, já mostrava todo o seu arsenal de jogadas. Meteu caneta em marcador, deu suas famosas arrancadas, tabelava com Bebeto e mandou até bola no travessão. Porém, os chutes que iam no gol paravam na mão de Siboldi, que parecia um paredão. Com isso, a partida foi para o intervalo com o placar de 0 a 0.

O empate colocava o Brasil na Copa do Mundo. Porém, um contra-ataque uruguaio poderia por tudo a perder. A partida continuava com domínio brasileiro, mas Siboldi defendia tudo. Até que aos 28 minutos, Jorginho lançou Bebeto pela direita que cruzou e achou um baixinho de 1,68 m que, de cabeça, balançou as redes. Sim, era ele, o pequeno gigante Romário. Brasil 1 a 0.


Melhores momentos da partida

O Maracanã explodiu de alegria, pois além de o Brasil dominar o jogo, o Uruguai não conseguia esboçar uma reação. E o grand-finale veio aos 38 minutos. A Celeste foi para o tudo ou nada, tentando o empate, e deixou espaços para o meio de campo e ataque brasileiros. Mauro Silva enfiou uma bola para Romário com perfeição. O Baixinho saiu na cara do goleiro Siboldi, jogou a redonda de um lado e correu para o outro e tentou dar o drible da vaca. Quando viu que não ia dar certo, ele desviou o caminho, foi em direção da bola, ganhou do arqueiro uruguaio (o que prova que seu arranque era muito veloz) e finalizou para as redes. Brasil 2 a 0 e mais festa no Estádio Mário Filho.

O Brasil carimbava seu passaporte para o Mundial e o Uruguai ficava de fora. Na Copa do Mundo, todos sabem o que aconteceu. Romário foi a peça principal na conquista da taça, que não vinha para o Brasil a 24 anos. Mas, mesmo sendo o principal jogador nos Estados Unidos, o Baixinho sempre falou que aquele Brasil 2, Uruguai 0, de 1993, foi a sua melhor atuação como atleta.
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