Entre o final dos anos 80 e início dos 90, houve um time
do interior de São Paulo que aterrorizou as grandes equipes. O Bragantino fez
com que a cidade de Bragança Paulista, distante 90 Km da capital de São Paulo,
ficasse conhecida pelo futebol, além de suas belezas naturais e a linguiça.
Em 1988, o Bragantino conseguiu o acesso para a primeira
divisão estadual. No ano seguinte, a diretoria do clube, liderada pelo famoso
cartola e deputado estadual Nabi Abi Chedid, montou uma estrutura para que o
clube não voltasse para a segunda divisão. O técnico Vanderlei Luxemburgo fez
um bom trabalho e o Braga chegou às semifinais, sendo eliminado pelo São Paulo.
Ainda no mesmo ano, o clube conseguiu o acesso à Série A do Brasileirão.
Luxemburgo em 1990
A glória veio em 1990. Com um time formado por jogadores
desconhecidos até então, mas que chegaram à Seleção Brasileira a partir de
então, como Gil Baiano, Mauro Silva e Silvio, o Bragantino sagrou-se campeão
paulista ao empatar os dois jogos decisivos contra o Novorizontino, fazendo a famosa
Final Caipira.
Naquela época, o Bragantino encarava os grandes do
futebol paulista de igual para igual. Não era rara as vitórias da Linguiça
Mecânica Bragantino fez com que a cidade de Braganç contra
Corinthians, Santos, Palmeiras e São Paulo, inclusive nos domínios dos grandes.
O clube de Bragança passou a ser respeitado por todos e figurar entre os
melhores do País naquele momento.
A camisa que ficou famosa na época
O sucesso continuou. No Brasileirão de 1990, o Braga
cavou uma vaga entre os oito finalistas. Já no ano seguinte, o título
brasileiro não veio por muito pouco. Uma derrota para o São Paulo, no Morumbi,
por 1 a 0, e um empate em casa, na talvez maior retranca montada por Telê
Santana em sua história, tiraram a chance do Bragantino ser campeão nacional.
Quem dirigiu o clube foi Carlos Alberto Parreira.
Além do futebol jogado dentro de campo, o Bragantino ficou famoso devido a seu uniforme alvinegro. Alguns clubes por todo o Brasil copiaram o modelo, mudando as cores dependendo de cada time.
A partir do segundo semestre de
1991, o Bragantino não repetiu suas grandes atuações. O clube negociou seus
principais jogadores e o técnico Parreira assumiu a Seleção Brasileira, mas
seus feitos ficaram para sempre na história do futebol brasileiro.
Rodrigão, 36 anos, e Ricardinho, 39. Dois gols cada
O centroavante Rodrigão, de 36 anos, teve sucesso em sua
volta aos gramados depois de uma aposentadoria de um ano. O ex-gerente de
futebol da Portuguesa Santista marcou os dois primeiros gols na vitória da Briosa
por 4 a 0 sobre o Ecus em Suzano, em jogo realizado na tarde deste sábado, dia
30, pelo Campeonato Paulista da Segunda Divisão, a Bezinha. Os outros tentos da
partida foram marcados pelo experiente meia e capitão da equipe, Ricardinho, de
39 anos. A soma de idade dos dois artilheiros do jogo chega aos 75 anos.
A semana na Briosa foi marcada por uma surpresa. Depois
da derrota para o Mauaense no último domingo, por 3 a 1, o gerente de futebol
do clube, Rodrigão, resolveu o problema da falta de camisa 9 no elenco. Em
acordo com a diretoria, cancelou sua aposentadoria dos gramados, fez o jogo
treino contra os reservas do Santos no meio da semana e, na sexta-feira,
apareceu no site da Federação Paulista como atleta inscrito. Estava apto para o
jogo deste sábado. Vale ressaltar que o clube da cidade praiana vinha de três
jogos sem vitória.
No início, o Ecus manteve o jogo equilibrado
Antes da partida, os cerca de 30 torcedores da Portuguesa
Santista que subiram a serra gritaram o nome de todos os titulares, sendo que
Rodrigão foi o mais saudado. O jogo iniciou equilibrado, com o Ecus forçando os
jogos pelas laterais. A equipe da casa segura a lanterna do Grupo 3 da
competição e precisava mostrar serviço. Com menos de 10 minutos, eles chegaram,
pelo menos, duas vezes com perigo ao gol da Portuguesa Santista. Em um dos
lances, o goleiro Pablo evitou um golaço de letra.
Aos poucos, a Briosa começou a dominar o jogo. Aos 25,
Rodrigão marcou, mas estava em posição irregular. Mas o estreante centroavante
não passaria em branco: em escanteio cobrado pelo lado direito do ataque, aos
36 minutos, Cícero desvio no primeiro pau e a bola sobrou para Rodrigão, que
sozinho balançou as redes. Portuguesa 1 a 0.
Lance em que saiu o primeiro gol da Briosa
Com o gol sofrido, o Ecus foi pra cima, tentando o empate
e deixou o contra-ataque para a Portuguesa, que se aproveitou da situação. Aos
40, Ricardinho lançou Rodrigão que na entrada da área chutou a bola, que desvio
na zaga e matou o goleiro do Ecus. Segundo gol do centroavante e da Portuguesa
na partida.
No final do primeiro tempo, praticamente junto ao apito
de encerramento da etapa incial, um jogador do Ecus machucou gravemente e teve
que ser levado com urgência de ambulância para o hospital mais próximo. Até a
ambulância voltar, o jogo atrasou cerca de 30 minutos.
Se o primeiro tempo foi do experiente centroavante Rodrigão,
quem dominou a segunda etapa foi o meia Ricardinho, de 39 anos. Ele comandava
todas as ações da Briosa, que dominou completamente o Ecus naquele momento da
partida. Aos 29 minutos, ele fez uma bela jogada e na entrada da área finalizou
no canto esquerdo do goleiro do time da casa. Briosa 3 a 0.
O domínio Rubro Verde continuou no segundo tempo
Aos 43 minutos, Moacir, que entrou no lugar de
Guilherme, machucado, puxou o contra-ataque e sofreu falta do zagueiro
do Ecus. Ricardinho, que acompanhava o lance, aproveitou que o árbitro deu
vantagem, viu o goleiro adiantado e marcou um golaço, dando números
finais à partida.
Com a vitória de 4 a 0 e a reabilitação, a Briosa foi a
13 pontos na competição e agora enfrenta o líder do grupo, o São Bernardo, no
próximo sábado, 15 horas, em Ulrico Mursa. Já o Ecus continua com apenas um
ponto e terá pela frente o clássico local contra o União Suzano, no mesmo dia.
Ficha técnica
Ecus: Bruno, Airton, Lucas Johnathan, Romualdo (Bruno Henrique), Tanrley,
Gabriel, Victor (Kaique), João Luis, Felipe (Deghliê), Romario e Yan
Portuguesa Santista: Pablo, Cícero, Joeber, Juliano, Felipe (Caique Ribeiro),
Stefano, Rodrigão (Carlos Henrique), Ricardinho e Guilherme (Moacir)
Cartões amarelos: Portuguesa Santista (Rodrigão e Stefano); ECUS (Lucas)
Gols: Rodrigão (36 e 40 do 1º T) e Ricardinho (29 min e 43 min do 2ºT)
Equipe que encerrou a fila de 21 anos sem títulos do América
Em
1993, o América Mineiro encerrou o maior jejum de títulos estaduais de sua
história como clube profissional, com a conquista do Campeonato Estadual após
21 anos de jejum. O título histórico foi aguardado por toda uma geração de
torcedores do clube, que nunca haviam visto o time ser campeão estadual.
No
ano anterior, já avisava que o clube vinha em boa fase. No primeiro semestre, o
Coelho conseguiu o acesso à Série A do Brasileiro. Na segunda metade do ano, o
América foi vice campeão mineiro, ao perder as finais para o Cruzeiro.
Em
1993, houve inversão dos campeonatos. Primeiro seria realizado os estaduais e,
no segundo semestre, o Campeonato Brasileiro. Liderado pelo goleiro Milagres,
que fez muitos milagres naquele campeonato defendendo a meta americana (que
trocadilho infame – risos), e comandado pelo experiente técnico Chico Formiga,
o time perdeu apenas um dos 18 jogos, vencendo 11 e empatando seis vezes. Essa derrota na segunda rodada, para o Valeriodoce.
A equipe teve apenas uma derrota em 18 jogos
O
trio de ataque americano naquele ano também deixou saudades nos torcedores:
Liderado por Hamilton (artilheiro do torneio com 14 gols), Euller, (o famoso
“Filho do Vento”, eleito a “Revelação do Campeonato Mineiro”) e Robson, ponta
que fez sucesso pelo rival Cruzeiro durante a década de 1980, o ataque do
América foi o segundo melhor da edição e marcou 23 dos 34 gols da equipe na
campanha. Outro grande ídolo da conquista foi o identificado Flávio Lopes, que
brilhou como o camisa 10 da conquista, e também venceu outro título importante
como treinador do clube sete anos mais tarde, ao comandar a conquista da Copa
Sul-Minas.
A conquista veio após um quadrangular final contra Cruzeiro, Atlético e Democrata de Governador Valadares. A taça veio após uma vitória de 4 a 1, no Estádio Independência, em cima do Democrata. Apesar
do título, o clube acabou sendo rebaixado no Brasileirão. Este foi a penúltima
conquista na primeira divisão estadual. Em 2001, com Lula Pereira de
treinador, o América voltou a conquistar a Taça. * Com informações do Acervo do Coelho - www.acervodocoelho.com.br.
Edmar Bernardes dos Santos, o Edmar nasceu no dia 20 de
janeiro de 1960 na cidade de Araxá no Estado de Minas Gerais. O centroavante
defendeu vários clubes em sua carreira e foi artilheiro na maioria deles.
Caçula de nove irmãos, Edmar começou sua carreira na
cidade de Brasília, no Distrito Federal, onde seus pais se radicaram desde a
fundação da nova capital, em 1960. Começou a carreira no Brasília Futebol Clube
e, com 17 anos, ainda como amador, foi alçado ao time principal. No campeonato
candango, ele foi bicampeão em 1977 e 1978.
Em 1980 foi contratado pelo Cruzeiro, onde teve rápida
passagem. Ainda no mesmo ano, Edmar foi emprestado ao Taubaté. No Burro da
Central, com apenas 20 anos, Edmar foi artilheiro do Campeonato Paulista com 17
gols.
Início de carreira no Brasília
Suas atuações no Paulistão chamaram a atenção de muitos
clubes e o Cruzeiro trouxe o centroavante de volta para o seu elenco. No ano
seguinte, apesar do título do rival Atlético Mineiro, Edmar foi artilheiro do
Campeonato Mineiro com 16 gols.
Ainda em 1982, Edmar embarcava para o Rio Grande do Sul,
onde defendeu o Grêmio. Sua passagem pelo clube gaúcho não foi muito feliz e o
centroavante foi negociado com o Flamengo no ano seguinte.
No primeiro ano na Gávea, Edmar não se adaptou e amargou
o banco de reservas a temporada inteira, apesar de ter marcado em seu jogo de
estreia, 1 a 0 contra o Goytacaz. No ano seguinte, virou titular na campanha
mediana do Flamengo na Libertadores, mas o centroavante foi um dos artilheiros
do time no ano.
Artilheiro do Paulistão de 1980 pelo Taubaté
Em 1985 Edmar retorna ao futebol paulista para defender o
Guarani. No Bugre, o centroavante retomou a fama de matador, sagrando-se artilheiro
do Brasileirão com 20 gols. "Foi uma passagem feliz pelo Guarani. Acabei
sendo artilheiro do Brasileirão e, logo depois, acabei sendo negociado com o
Palmeiras", conta o centroavante.
Edmar aportou no Verdão depois de comprar o próprio passe
e emprestá-lo ao clube do Parque Antarctica em 1986. No Palmeiras, ele teve uma
concorrência direta por uma vaga no ataque com o também centroavante
Mirandinha.
No ano seguinte, Edmar trocou de rival. Acertou sua ida
para o Corinthians, onde, novamente, provou sua fama de artilheiro. Foi o
goleador máximo do Campeonato Paulista de 1987, na campanha do vice-campeonato.
No Corinthians, manteve a fama de artilheiro
No ano seguinte, Edmar não foi o artilheiro da
competição. Porém, o Corinthians conquistou o título paulista. No mesmo ano,
Edmar fez parte do elenco que conquistou a medalha de prata no futebol nas
Olimpíadas de Seul. Edmar, em alguns jogos, foi o companheiro de ataque de
Romário.
Ainda em 1988, Edmar saiu do Corinthians e foi jogar na
Europa. O destino: o time italiano do Pescara. Na Itália, o centroavante jogou
por três anos e teve boas atuações, que fizeram com que o então técnico da
Seleção Brasileira, Carlos Alberto Silva, o convocasse para alguns jogos, sendo
campeão do Torneio Bicentenário da Austrália. Três anos depois voltou ao Brasil para jogar no Atlético Mineiro (campeão estadual em 1991), Santos (1992), Rio Branco de Americana (93), Guarani (94). Em 1995, aceitou o desafio de jogar no Japão, defendendo o desconhecido Brumel Sendai, atualmente Vengalta Sendar. Convidado por Careca, Edmar fundou o Campinas em 1998, time em que encerrou a carreira no ano seguinte, antes de uma passagem rápida pelo Comercial de Ribeirão Preto.
Romário, Sávio e Edmundo: o que era para ser o melhor, tornou-se o pior
"Pior ataque do mundo, pior ataque do mundo, pare um pouquinho, descanse um pouquinho, Romário, Sávio e Edmundo". Quem acompanhou o futebol dos anos 90 com certeza lembra desta paródia de um jingle da finada companhia aérea Varig. A canção era cantada pelas torcidas dos adversários do Flamengo no Campeonato Brasileiro de 1995. O pior de tudo é que, no início desta história, todo mundo achava que era sucesso na certa.
O Flamengo estava comemorando o seu centenário. No início do ano, contratou o melhor jogador do mundo naquele momento: Romário, que estava com saudade das praias cariocas e forçou sua saída do Barcelona. Na Gávea, tinha um atacante franzino, mas muito habilidoso, que já havia chamado a atenção de todos no ano anterior. Esse cara era o Sávio.
Comercial da Varig com o jingle que originou a paródia
O Rubro Negro perdeu o título estadual para o Fluminense. Na pressão de ganhar um título no aniversário de 100 anos do clube, o presidente Kleber Leite resolve abrir ainda mais os cofres e contrata Edmundo, o Animal. O jogador estava brigado com a diretoria do Palmeiras e também queria voltar ao Rio de Janeiro.
Na apresentação do Animal, o Baixinho esteve presente. Na época, eles eram parceiros e até gravaram um funk, que foi apresentado durante a coletiva. "Com um Bad Boy no seu time já pode comemorar", dizia a canção. Com a dupla de craques consagrados e mais a jovem promessa, os flamenguistas diziam que tinham o melhor ataque do mundo.
No Maracanã, contra o Palmeiras
Porém, o que aconteceu dentro de campo foi um verdadeiro fiasco. Os resultados não vinham, os gols não saíam e a torcida cobrava. Os rivais, rindo da situação, criaram a paródia citada no início deste texto. A verdade é que o Flamengo não saiu da parte de baixo da tabela e, por muito pouco, não flertou com o rebaixamento. Algo inimaginável no dia da apresentação de Edmundo.
Na Supercopa da Libertadores, o time foi melhor, chegando à final da competição. Porém, a equipe sentiu a pressão de ter que conquistar um título no ano do centenário e deixou escapar a taça, que ficou com o Independiente da Argentina. Mas foi na competição sul-americana onde aconteceu um lance, no mínimo, curioso.
No Pacaembu, contra o Corinthians
No jogo contra o Velez Sarsfield, que o Flamengo mandou em Uberlândia, Edmundo acertou um leve tapa em um jogador argentino, que revidou com um soco certeiro, que levou o Animal à lona, ops, ao gramado (risos). Romário tomou as dores do até então amigo e iniciou um verdadeiro quebra pau digno das competições do nosso continente.
O Flamengo e Velez da briga
Além de não ter dado certo dentro de campo, o pior ataque do mundo deixou rastros fora dele. Foi nesta época em que os cantores do Rap dos Bad Boys começaram a se estranhar. A briga de egos foi muito grande. Também reclamavam muito da individualidade do garoto Sávio. No final das contas, o "pior ataque do mundo" jogou seis meses juntos, além do que Edmundo ficou lesionado um tempo razoável. E o que parecia uma grande sacada do Flamengo foi, na realidade, um pesadelo.
Um dos grandes goleiros do final da década de 80 e início
dos 90. Ronaldo Soares Giovanelli foi um dos maiores da história do Sport Club
Corinthians Paulista, onde começou a ficar conhecido em 1988, ao ganhar a
posição do experiente Carlos. Carismático, líder, verdadeiro, explosivo, mas,
sem sombra de dúvidas, um grande cara, Ronaldo fez amigos por onde passou
durante a carreira.
Nascido em São Paulo no dia 20 de novembro de 1967, Ronaldo
iniciou nas categorias de base do Corinthians, treinando no famoso terrão ao
lado da marginal do Rio Tietê. O goleiro se destacava por sua elasticidade e
por praticar defesas difíceis, que jogadores comuns da posição não conseguiam.
O goleiro defendeu a meta corintiana por 10 anos
Em 1988, então com 20 anos, o então jovem goleiro corintiano
fez sua estreia na equipe principal corintiana. O técnico do time, Jair
Pereira, não contava com Carlos, que estava machucado. O treinador resolveu
apostar na revelação da base do Timão. E não se arrependeu.
Não era qualquer jogo. Era um clássico contra o São Paulo,
no Morumbi. Para espanto de muitos, Ronaldo parecia um jogador experiente em
sua estreia. O Corinthians venceu a partida por 2 a 1 (com gols de Edmar e
Wilson Mano) e o goleiro foi eleito o melhor do jogo, defendendo inclusive um
pênalti batido pelo zagueiro Darío Pereyra.
A partir daquele momento, Ronaldo seria titular do gol
corintiano por 10 anos. No seu ano de estreia, sagrou-se campeão paulista,
título conquistado também nos anos de 95 e 97. Também foi destaque no primeiro
título brasileiro do Timão, em 1990, e na conquista da Copa do Brasil, em 1995. Ronaldo tinha uma característica de estar sempre posicionando os zagueiros do time e esbravejava quando tomava gols.
Sendo entrevistado em sua rápida passagem pelo Cruzeiro
Pelo seu grande talento, jeito de ser, garra e por ter sido
criado dentro do clube, o goleiro tornou-se um grande ídolo da Fiel, sendo
venerado até hoje pelos torcedores. Com certeza, Ronaldo era, dentro de campo,
o que todo corintiano queria ver em seus jogadores. Suas grandes defesas eram sempre acompanhadas dos gritos de "Ronaldoooo" dos torcedores e dos narradores dos jogos, seja no rádio ou na televisão.
Apesar da ótima forma, Ronaldo teve poucas chances na
Seleção, o que foi uma injustiça. Em 1990, ele e Sérgio Guedes, que era do
Santos, poderiam muito bem estar entre os três goleiros convocados, nos lugares
de Acácio e, principalmente, Zé Carlos. Lazaronni preferia os goleiros do Rio
de Janeiro, o que provocou a ira dos comentaristas paulistas. Vale ressaltar
que o técnico da seleção na época deixou de fora o também corintiano Neto, melhor
jogador do Brasil naquele momento.
Alemanha x Brasil em 1993: Ronaldo titular da seleção
Em 1994, Ronaldo estava em melhor fase do que Gilmar,
goleiro que na época estava no Flamengo e foi convocado por Parreira como o
terceiro da posição para a Copa. Pela seleção, o goleiro fez apenas dois jogos
e esteve entre os 22 convocados para a Copa América de 1991.
Fã de Elvis Presley, Ronaldo chegou a gravar um CD, como
vocalista, da banda “Ronaldo e os Impedidos” que vendeu aproximadamente 40 mil
cópias, prova do sucesso que ele tinha com a Fiel Torcida. Foi produzido também
o clipe da música de trabalho, “O Nome Dela”, que foi constantemente veiculado
na MTV Brasil, ficando entre o Top 10 da emissora durante várias semanas. A
venda do disco só não foi maior porque a gravadora, Castle Music Brasil, fechou
logo em seguida ao lançamento do CD. Anos depois, chegou a gravar um segundo
disco, de forma independente.
Ronaldo jogando pela Briosa
Ronaldo deixou o Corinthians após o Torneio Rio-São Paulo de
1998, dispensado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, assumiu a equipe alvinegra
no início daquele ano. O goleiro fez 601 jogos pelo Timão, sendo o terceiro
atleta que mais vezes vestiu a camisa do clube no futebol profissional.
Foi jogar no Fluminense, mas não foi feliz. A equipe carioca
vivia uma crise e para piorar as coisas foi rebaixada para a terceira divisão
do Brasileiro. No ano seguinte, ele foi defender a Internacional de Limeira e o
Cruzeiro. Em 2000, Ronaldo jogou pela Portuguesa e pelo Gama e em 2001 acertou
com a Ponte Preta. Depois defendeu ainda o ABC de Natal e Metropolitano.
Ronaldo encerrou a carreira em 2006, após jogar duas temporadas pela Portuguesa
Santista.
O ex-goleiro é vítima da doença alopécia areata. Disse em
entrevista à Folha de São Paulo que ficou careca em 15 dias, com um bom humor
raro! Após encerrar a carreira, Ronaldo fez algumas partidas de Showbol e virou
comentarista, trabalhando nas Rede TV!, Record, Bandeirantes e rádios Kiss e Transamérica.
Ronaldo atualmente
Antes de encerrar o artigo, vou contar uma história. Na
época em que Ronaldo defendia a Portuguesa Santista, eu, Victor de Andrade,
pude conversar com o grande goleiro. Como fui um dos únicos torcedores da Briosa
que se deslocaram até Campinas para assistir o jogo contra o Guarani, em 2005, o chefe
da delegação do clube, o saudoso Luiz Padeiro, me convidou para jantar com
todos em uma churrascaria na cidade.
Após o jantar, puxei conversa com Ronaldo no estacionamento
da churrascaria, em frente ao ônibus da delegação. O jogador foi muito solicito
e iniciamos o papo. O assunto: música! Falamos sobre rock, o disco que ele
gravou em 1997, Elvis Presley e Raul Seixas. Naqueles 30 minutos de conversa,
enquanto esperávamos os outros jogadores terminarem a janta, percebi o que
muitos já tinham falado. Além de um grande goleiro, Ronaldo era um cara fora de
série.
Aliás, foi na Portuguesa Santista que tive a comprovação de que Ronaldo era adorado pela Fiel. Nos dois jogos da Briosa contra o Corinthians, a torcida alvinegra ovacionou o goleiro, mesmo jogando pelo adversário. São poucos que conseguem isso. E Ronaldo conseguiu!
Todos lembram do grande craque Dener, que faleceu precocemente em 1994, quando tinha 23 anos. O meia-atacante brilhou com a camisa da Portuguesa e também ficou marcado por ter jogado pelo Vasco da Gama, clube que ele defendia quando sofreu o acidente que o levou a morte. O que poucos recordam é que o jogador também passou pelo Grêmio.
Em meio ao Campeonato Gaúcho de 1993, o tricolor corria atrás de uma contratação de peso para que o time embalasse na competição e fez uma boa proposta para contratar Dener por empréstimo. A Lusa, que até aquele momento negava-se a negociar seu melhor jogador, cedeu às investidas dos dirigentes gaúchos e o meia-atacante aportou no Olímpico para jogar por apenas três meses.
Grêmio campeão gaúcho de 1993. Denner é o quarto agachado
No Grêmio de Luiz Felipe Scolari, Dener fez 23 jogos e marcou quatro gols. Com a camisa tricolor, ele sagrou-se campeão gaúcho, primeiro título profissional da carreira (o segundo foi póstumo com o Vasco da Gama) e vice da Copa do Brasil.
Ao final do contrato de empréstimo, Dener voltou para a Portuguesa, sendo o destaque da equipe no Campeonato Brasileiro de 1993. No início de 1994, foi emprestado ao Vasco e quando faleceu, em 19 de abril de 1994, estava para assinar contrato com o Sttutgart, da Alemanha.
Ídolo do Botafogo na época das vacas magras da década de
80, ao lado do volante Alemão, o ex-lateral direito deixou sua marca ao
disputar a Copa de 1986, no México. Ao virar titular a partir do terceiro jogo daquele
mundial, ele fez belos gols contra Irlanda do Norte e Polônia.
Carioca nascido no dia 19 de setembro de 1961, Josimar
iniciou a carreira no Botafogo desde as categorias de base. Um grande amigo
meu, Aguinaldo Pereira da Costa, foi parceiro de do lateral nos times menores
da Estrela Solitária. Já naquela época, o jogador demonstrava um fôlego fora do
comum e facilidade de chutar forte de fora da área.
Ele foi lançado na equipe profissional do Glorioso em
1981. Era um período de vacas magras da equipe de General Severiano, mas
Josimar começou a se destacar. Suas boas atuações já chamavam a atenção de
todos que acompanhavam o futebol, principalmente no Rio de Janeiro.
Em 1986, ele viveu seu melhor momento na carreira. Era o ano da Copa do Mundo no México e, a princípio, o técnico Telê Santana havia convocado os laterais-direitos Leandro, do Flamengo e que havia sido o titular em 1982, e Edson Boaro, do Corinthians. Leandro pediu dispensa depois de um episódio de fuga da concentração, onde apenas Renato Gaúcho foi cortado pelo treinador. Leandro foi solidário ao amigo e saiu do grupo.
Assim, Josimar teria sua grande chance. Telê Santana o convocou para o lugar do lateral do Flamengo e, assim, o botafoguense estava entre os 22 jogadores que foram defender o Brasil no México.
Josimar foi reserva de Edson nos dois primeiros jogos do Brasil na Copa do Mundo: vitórias contra Espanha e Argélia, ambas por 1 a 0. No segundo jogo, Edson sentiu uma contusão e Junior quebrou o galho na direita até o fim da partida. Naquela época, apenas cinco jogadores podiam ficar no banco de reservas no Mundial e Josimar não estava entre eles, ao contrário de hoje onde todos os convocados ficam à disposição.
A grande chance da carreira do atleta viria no dia 12 de junho de 1986. A Seleção Brasileira entrava em campo contra a Irlanda do Norte e Josimar fazia seu primeiro jogo como titular em uma Copa do Mundo com a camisa 13. A apreensão era grande, pois o lateral não tinha muita experiência com a camisa amarela.
Careca fez 1 a 0 para o Brasil aos 15 minutos de jogo e Josimar estava bem. Para confirmar que não estava sentindo o peso da estreia, ele recebe uma bola fora da área e acerta um tirombaço no ângulo. Brasil 2 a 0 e festa no Estádio Jalisco, em Guadalajara. No segundo tempo, Careca deu números finais ao jogo. Brasil 3, Irlanda do Norte 0 e a seleção passava em primeiro do Grupo D.
Em todo o mundo, os cronistas esportivos comentavam o belo gol que Josimar fez. Porém, seus feitos naquele Mundial não terminariam por ali. Quatro dias depois, nas oitavas de final contra a Polônia, o lateral mostraria que aquele chute não foi por acaso. O jogo começou com o Brasil dominando e, aos 30 minutos, Sócrates, de pênalti, abriu o marcador. A Seleção foi para o intervalo vencendo.
Aos 10 minutos da segunda etapa viria o lance que entraria para a história das Copas como um dos gols mais bonitos de sua história. Josimar recebe passe de Alemão, passa por dois poloneses e, praticamente sem ângulo, acerta uma bomba que balançou as redes. Um golaço! Edinho e Careca fecharam o placar de 4 a 0 para o Brasil.
Josimar virou a sensação da Copa do Mundo de 1986, tanto que em muitas escolhas dos melhores daquele mundial, seu nome aparece na lateral-direita. Josimar jogou bem contra a França, nas quartas de final. Porém, como todos sabem, o Brasil foi eliminado nos pênaltis pelos ‘Le Bleus’.
Na volta ao Brasil, o lateral foi um dos mais ovacionados
pelos torcedores. Josimar continuou no Botafogo até 1989, quando foi titular na
campanha em que o clube conquistou o título de campeão estadual depois de 20
anos. Após a competição, o jogador foi vendido para o Sevilla da Espanha.
Jogou pouco na Espanha. Foi emprestado ao Flamengo, onde
também não vingou. Depois também teve passagens apagadas pelo Internacional, em
1991, Novo Hamburgo (RS), em 1992, Bangu, Uberlândia (MG), Fortaleza, Fast Club, Baré, futebol boliviano e
venezuelano. Encerrou a carreira profissional em 1996, no Mineros de Guayana, da
Venezuela, mas nem de longe lembrava o grande lateral da Copa do Mundo de dez
anos antes.
O que mais prejudicou o futuro de Josimar, que prometia
ser um dos melhores laterais-direitos da história do futebol brasileiro, foi,
infelizmente, seu envolvimento com as drogas e as más companhias. Mas o ex-lateral é tão respeitado que virou nome de revista sobre futebol na Noruega.
Na Seleção, o lateral direito ainda foi campeão da Copa
Stanley Rous em 1987 e fez parte do elenco que disputou as Eliminatórias para a
Copa de 1990, mas ficou de fora da lista dos 22 convocados que foi à Itália.
Naquela época, sua carreira já estava em decadência. No total, fez 16 jogos
pela seleção canarinho e os dois gols em 1986 foram os únicos com a camisa
amarela.
Josimar é pai de seis filhos. Um deles, Josimar Júnior
iniciou carreira no futebol no Botafogo e hoje é mais um 'funcionário da bola'. O
solteiro Josimar, além do trabalho social, frequenta uma igreja evangélica e tenta
apagar a má fama do passado morando em Boa Vista, capital de Roraima.
Selegalo, o time de medalhões que não emplacou (foto: arquivo Atlético Mineiro)
Em 1994, o Atlético Mineiro foi às compras e contratou um pacotão de vários jogadores consagrados do futebol brasileiro. O projeto de grande time do presidente do clube, Afonso Paulino, passou pelo zagueiro Adilson Batista, o lateral-direito Luís Carlos Winck, o volante Darci, o meia Neto e os atacantes Gaúcho e Renato Gaúcho. A imprensa mineira e a torcida, empolgados com as contratações, apelidaram o time de Selegalo.
Mas o que parecia um sonho, virou pesadelo. O elenco de 94 virou uma verdadeira bagunça. Liderado por Renato Gaúcho, que chegou a indicar o treinador de seu interesse, Valdir Espinosa, tinha mais poder sobre o time do que o próprio treinador que ele indicara para comandar a equipe. A desorganização e a desunião daquele grupo eram tanta, que a Selegalo naufragou e acabou virando um dos times mais decepcionantes da história do Atlético.
No Campeonato Mineiro, realizado no sistema de pontos corridos, o Atlético terminou a competição 10 pontos atrás do campeão invicto Cruzeiro. O detalhe é que 1994 foi o último estadual de Minas Gerais com vitória valendo apenas dois pontos. Isto mostra a diferença brutal entre os dois clubes naquele momento.
Renato mandava mais que o treinador que ele mesmo indicou
No meio do ano, o time já começou a ser desmontado. Neto, por exemplo, foi para o Santos. No Campeonato Brasileiro, o Galo teve um péssimo início, indo jogar a repescagem. O time melhorou nesta fase e, liderado pelo veterano Éder Aleixo e apresentando a promessa Reinaldo, que não vingou, chegou às semifinais daquela competição através do atalho, sendo eliminado pelo Corinthians.
Em 1995, dois dos jogadores da Selegalo foram muito bem em outros clubes. Renato Gaúcho foi o principal jogador do Fluminense campeão carioca e semifinalista do Brasileirão. Já Adilson Batista foi o grande líder do Grêmio do técnico Felipão, campeão da Libertadores.
Um excepcional goleiro, líder, ídolo no Nacional de
Montevidéu e no Santos FC. Conhecido como ‘El Paredón’ ou ‘O Paredão’, seu nome
virou expressão para os grandes jogadores da posição. Foi, com certeza, um dos
cinco maiores arqueiros da década de 80 no mundo. Este é Rodolfo Sergio
Rodriguez y Rodriguez ou, simplesmente, Rodolfo Rodriguez.
Nascido em Montevidéu no dia 20 de janeiro de 1956,
Rodolfo Rodriguez começou a jogar no Cerro, clube da periferia da capital
uruguaia. Estreou nos profissionais da equipe com 20 anos, em 1976, e logo chamou
a atenção dos fãs do futebol no Uruguai. O Nacional foi mais rápido e o levou
para o Gran Parque Central.
Rodolfo defendendo o Nacional na Copa Intercontinental
Logo de cara, deu para perceber que Rodolfo Rodriguez era
capaz de fazer defesas incríveis em chutes difíceis, onde a maioria dos
goleiros sofreriam os gols. Com suas grandes atuações pelo Bolso,
principalmente na Libertadores de 1980, quando o Nacional chegou ao título, não
demorou muito para que o arqueiro fosse convocado para a Seleção Uruguaia.
Em 1981, a Associação Uruguaia de Futebol organizou o
Mundialito de Futebol, que contou com todas as seleções campeãs mundiais até
então e mais a Holanda. Na final do torneio, Rodolfo Rodriguez, que era o capitão da equipe, fez mais uma das
suas brilhantes atuações e garantiu o título para o Uruguai contra o Brasil.
Levantando a taça do Mundialito
No Bolso, ele continuava a ter grandes atuações,
conquistando o título uruguaio nos anos de 1977, 1980 e 1983, além da Copa Intercontinental
de Clubes em 1980. No Brasil, o presidente do Santos à época, Milton Teixeira,
já estava de olho no goleiro.
Rodolfo Rodriguez chegou ao Santos em 1984, comprado por
US$ 120 mil, preço alto para um arqueiro na época. O uruguaio se juntaria a
Serginho Chulapa, Paulo Isidoro, Dema, Gilberto Sorriso e Zé Sérgio para a
disputa do Campeonato Paulista, título que o Santos não conquistava desde 1978.
No Santos, o goleiro marcou época
Logo nas primeiras partidas, ele mostraria que todo o
esforço para contratá-lo valeu a pena. Líder dentro de campo, Rodolfo Rodriguez
comandava a já experiente defesa, formada por Marcio Rossini e Toninho Carlos,
como se já tivesse há anos na equipe. O Santos vinha liderando a competição,
mas um lance do goleiro marcou época.
No dia14
de Julho, na Vila Belmiro, ele protagonizou uma das mais fantásticas sequências
de defesas da história do futebol. Rodolfo Rodriguez faz uma série incrível de
defesas contra oAmérica de Rio
Preto, que viraram referência toda vez que se fala em grande lance de goleiros.
Foram cinco defesas consecutivas no total, enquanto a defesa do Santos assistia
inerte aos milagres do guerreiro uruguaio. O atacante Tarcísio, do América, depois
do jogo, declarou estupefato:Rodolfo
era "maior que o gol". Em 2010, ele foi homenageado pelo clube,
ganhando a “Defesa de Placa”.
A espetacular seqüência de defesas contra o América
O Santos conquistou o Campeonato Paulista de 1984 ao
vencer, na última rodada, o Corinthians por 1 a 0 no Morumbi. A torcida fez uma
grande festa naquele domingo e o uruguaio, naquele momento, já era, ao lado de
Serginho, o grande ídolo dos santistas, sendo venerado por muitos.
Em 1985, Rodolfo Rodriguez foi o grande líder da Seleção
Uruguaia nas Eliminatórias para a Copa de 1986. Vale ressaltar que a Celeste
ficou de fora dos Mundiais de 1978 e 1982. Com o goleiro em grande fase, o
Uruguai garantiu sua vaga no México.
Porém, nas vésperas da Copa do Mundo, Rodolfo Rodriguez
teve uma forte lesão nas costas. A Comissão Técnica resolveu bancar a presença
do goleiro no Mundial, mas, mesmo sendo inscrito como a camisa 1, como ele não
estava totalmente recuperado ficou no banco de reservas, não fazendo sequer um
jogo em Copa.
Em Portugal, jogou pelo Sporting
Nos anos seguintes, o Santos iniciaria um período de
vacas magras, que acabaria apenas em 2002. Entre 1985 e 1988, Rodolfo Rodriguez
era um oásis em meio a times fracos e outros um pouco melhores, mas que na hora
H falhava na conquista das taças. Porém, o goleiro garantia muitas vitórias e,
consequentemente, o bicho do elenco com suas grandes defesas.
Em 1988, Rodolfo Rodriguez foi negociado com o Sporting
de Portugal e deixaria saudades na torcida do Santos. Muitos o consideram o
maior jogador do clube na década de 80. Em Portugal, Rodolfo Rodriguez continuou a fazer suas
grandes defesas, mas em 1990, com 34 anos, resolveu voltar para o Brasil. A
Portuguesa foi o clube que lhe abriu as portas nesta volta, mas como todo
jogador, o período de queda vem e Rodolfo não conseguiu ser tão brilhante como
nos outros clubes.
Antes de um jogo pela Portuguesa no Mineirão
Em 1992, Rodolfo Rodriguez rescindiu com a Portuguesa e
como o Bahia precisava de um goleiro, ele aportou em Salvador. Defendendo o
tricolor baiano, em um lance inusitado acontecido em um Cruzeiro e Bahia, em
1993, ele acabou conhecendo o até então menino Ronaldo, de apenas 17 anos, que
mais tarde viria a se transformar no Fenômeno.
OCruzeirovencia a partida por 5 a 0, sendo
quatro gols de Ronaldo. Rodolfo estava doido com a dupla de zaga de sua equipe,
fez uma defesa e ao reclamar com os zagueiros, soltou a bola. O garoto de 17
anos roubou a "redonda" e marcou o sexto gol da Raposa. O experiente
goleiro não imaginava quem seria Ronaldo.
Rodolfo Rodríguez se aposentaria em 1994, ainda pelo
Bahia, em um momento difícil em sua vida, já que seu pai estava muito doente e
ele tinha que, ao mesmo tempo, cuidar dele e jogar pela equipe baiana.
O famoso lance de Rodolfo Rodriguez e Ronaldo
Rodolfo Rodriguez mora atualmente no Uruguai, em
uma fazenda na cidade de Durazno, a 228 Km da capital Montevidéu. Lá, o
ex-goleiro cria gados da raça Hereford. Com certeza, quem conhece aquele senhor
de 1,91m o venera, pois foi um dos grandes goleiros de sua época. Muitos, quando vêem um goleiro fazendo uma bela seqüência de defesas, dizem: "baixou o Rodolfo Rodriguez nele".
* Rodolfo Rodriguez é, provavelmente, o melhor goleiro que vi jogar. Este artigo ofereço ao jornalista e grande amigo Ademir Quintino, que faz uma grande cobertura do Santos FC. Seu site é o www.ademirquintino.com.br.
Zagallo, muito nervoso, desabafou logo em seguida à conquista da Copa América
No dia 29 de junho de 1997, o Brasil decidia o título da Copa América contra a Bolívia em La Paz, capital boliviana que fica a mais de 3.600 metros do nível do mar. Jogo difícil, pois os bolivianos jogavam com o apoio da torcida, contava com uma geração talentosa, com jogadores como Erwin 'Platini' Sanchez e Marco 'El Diablo' Etcheverry e sempre usaram o ar rarefeito da altitude como arma contra as outras seleções que lá jogavam. Mas este dia ficou marcado com uma declaração nervosa do técnico da Seleção Brasileira, Mário Jorge Lobo Zagallo.
O Brasil saiu na frente, com um gol de Edmundo, que substituiu Romário machucado, em posição de impedimento. Quando parecia que o Brasil iria para o intervalo em vantagem, Erwin Sanchez deu um chute despretensioso da intermediária e o goleiro Taffarel aceitou.
No segundo tempo, a partida ficou ainda mais nervosa. Ambas as equipes tiveram chances de marcar. Edmundo foi sacado do time por ter acertado um soco em um jogador boliviano. Como o árbitro não viu, o Velho Lobo o substituiu por Paulo Nunes. No momento em que normalmente os times visitantes "morrem por falta de ar" devido à altitude de La Paz, o Brasil surpreendeu. Ronaldo, aos 34, e Zé Roberto, aos 45, deram números finais. Brasil 3, Bolívia 1 e o escrete canarinho conquistou, pela primeira vez, uma Copa América fora de seus domínios.
Brasil conquistou o título da Copa América
Ao final da partida, os repórteres que estavam trabalhando no dia começaram a entrevistar os personagens do jogo. Na redes de televisão Globo e Bandeirantes, o entrevistado era o técnico Zagallo. Com uma cara de nervoso, parecendo até que o Brasil tinha perdido, ele faz um discurso de raiva solta no final: "vocês vão ter que me engolir". O desabafo era claramente para os cronistas esportivos paulistas, muito críticos ao trabalho do treinador frente à Seleção, entre eles o então comentarista da Bandeirantes, Juarez Soarez, o China.
Por incrível que pareça, a frase virou um bordão engraçado, dito por muitos. Inclusive virou grito de torcida. Em 1999, após deixar o cargo de técnico do escrete canarinho ao perder a final da Copa do Mundo de 1998 por 3 a 0 contra a França, Zagallo foi contratado para comandar a Portuguesa, primeiro clube paulista da carreira dele. Em alguns jogos, a torcida da Lusa soltava o seguinte grito: "a, e, i, vocês vão ter que me engolir", tirando gargalhadas de muitos, inclusive do Velho Lobo.
Marinho foi o craque do último grande time do Bangu
Rápido, habilidoso e com faro de gol. Mário José dos Reis
Emiliano, o Marinho, era o craque da última grande fase da história do Bangu. Atacante
considerado por muitos o melhor jogador do Brasil em 1985, por muito pouco, não
esteve entre os 22 jogadores que defenderam o escrete canarinho na Copa do
Mundo do México em 1986.
Marinho nasceu em Belo Horizonte no dia 23 de maio de
1957. De origem muito pobre, o ponta direita fez testes no Atlético Mineiro e
foi aprovado. Com 12 anos, ele perdeu sua irmã, Irene, atropelada, quando o
levava para um treinamento das divisões de base do Galo. Este seria seu
primeiro drama familiar.
Marinho esbanjando na época de sua melhor fase
Vendo a habilidade do garoto, o treinador Barbatana o
lançou na equipe principal do Galo em 1976, quando o jogador tinha apenas 19
anos. Marinho já se destacava, dois anos antes, nas categorias de base daSeleção Brasileira. Ainda em 1976, foi
convocado para disputar asOlimpíadas
de Montreal, noCanadá.
Em 1979, Marinho foi para o América de São José do Rio Preto.
Foram três anos de boas partidas pelo time do interior paulista. Em 1983, o
patrono do Bangu, o bicheiro Castor de Andrade, resolveu contratar o ponta
direita, reforçando a equipe que lutava para ganhar novamente um título, que
não vinha desde 1966. O negócio para a contratação do ponta direita envolveu uma
troca por Dreyfuss, Vilmar e mais 40 mil cruzeiros, moeda da época.
Manchete da Revista Placar. Ganhou a Bola de Ouro de 1985
Por ser bom de bola e irreverente nas comemorações dos
gols, Marinho logo caiu nas graças da torcida da equipe do subúrbio carioca.
Nos seus primeiros anos de clube, já mostrava que iria marcar época com a
camisa listrada vermelha e branca. Também se transformou no grande xodó de
Castor de Andrade.
No time deMoça
Bonita, Marinho era um dos principais destaques daquele elenco que conquistou ovice-campeonato brasileiro de 1985,
perdendo a polêmica e discutida final para oCoritiba
nos pênaltis, no Maracanã. Além de Marinho, o Bangu contava com grandes
jogadores como Mauro Galvão e Paulinho Criciúma.
O Bangu terminou aquela competição como o time de melhor
ataque e o que fez mais pontos. Por isso, a equipe do subúrbio virou a sensação
daquela época. O Maracanã ficou lotado e torcedores de outros times foram dar
seu apoio ao Bangu. Mas como o regulamento não previa vantagem para o time de
melhor campanha, o título foi para o Paraná após as cobranças de penalidades.
Bandeira que homenageia o jogador
As boas atuações de Marinho renderam o prêmio de Bola de
Ouro da Revista Placar, dado ao jogador que tem a melhor média de notas em
todos os jogos do campeonato. Além disso, a maioria dos comentaristas
esportivos do País apontou o ponta-direita como o melhor jogador da competição.
Com isso, o técnico da Seleção Brasileira, Telê Santana, passou a convoca-lo
constantemente.
No mesmo ano, Marinho sagrou-se vice-campeão carioca em
outra contestada decisão. A equipe foi derrotada na final pelo Fluminense por 2
a 1. Porém, o árbitro José Roberto Wright deixou de marcar um pênalti claro de
Vica em Cláudio Adão, que havia chegado ao clube do Castor para o estadual. O
empate dava o título aoBangu,
que acabou ficando com mais um vice-campeonato. Muitos consideraram Marinho
como o melhor jogador da competição.
Em 1986, Marinho estava presente na primeira lista de
convocados para a Copa do Mundo daquele ano, que foi realizada no México. Telê
Santana chamou mais do que os 22 jogadores que seriam inscritos e, nos
amistosos, decidiria quem estaria no Mundial. Porém, ficou marcado como o último jogador do Bangu a defender o escrete canarinho.
Seleção Brasileira pré Copa de 1986. Marinho é o primeiro jogador abaixado
Marinho fez toda a preparação com o grupo, inclusive foi
titular no amistoso contra a Finlândia, realizado em 17 de abril daquele ano,
no antigo estádio Mané Garrincha, em Brasília. A seleção ganhou o jogo por 3 a
0, com o ponta marcando o primeiro tento. Porém, ele ficou de fora da lista
final com os 22 jogadores.
Em1988, o
ponta foi negociado junto comPaulinho
CriciúmaeMauro Galvãopara oBotafogo, mas a sua carreira já
entrava em declínio por conta de inúmeros problemas pessoais, entre os quais,
uma tragédia familiar. O jogador viveu derradeiro episódio a12 de fevereirode1988,
quando seu filho Marlon Brando, de um ano e sete meses, morreu afogado na
piscina de sua mansão, enquanto ele concedia uma entrevista a uma emissora de televisão
a poucos metros dali. Além de Marlon Brando, Marinho tem mais dois filhos: Stevie Wonder e Laís de Andrade. O nome da mãe deles é Liza Minelli. Do segundo casamento, mais dois filhos: Mikail e Mikaela.
Marinho atualmente, apontando para a formação da Seleção na qual ele fazia parte
Após a passagem pelo Botafogo, Marinho voltou ao Bangu,
mas nem de longe lembrou o grande jogador da metade da década de 80. Ainda
jogaria pelo clube e mais duas vezes, encerrando a carreira na equipe de 1996.
Além disso, o ponta direita teve ainda uma outra passagem pelo América e também
jogou no Pavunense, Entrerriense e Americano.
Após encerrar a carreira de jogador, passou a se dedicar
a de treinador, nos períodos quando não teve problemas com o álcool. Treinou a
equipe juvenil doCeres,
trabalhou como auxiliar-técnico doBangu
e passou peloJuventus Futebol
Clube, da Terceira Divisão do Estado do Rio de Janeiro. Marinho vive hoje na Zona Oeste do Rio de Janeiro, está magro devido a doenças ocasionadas pelos problemas com o alcoolismo. Porém, a torcida do Bangu o tem com muito respeito, inclusive é fácil ver nas arquibancadas de Moça Bonita uma bandeira exaltando a sua importância.
* Estava para fazer este artigo há muito tempo, pois eu
tenho uma grande simpatia pelo Bangu por causa deste grande jogador. Em 1985 eu
tinha 6 anos e acompanhei, pela televisão, a grande campanha que o clube fez
naquela temporada e Marinho era o grande expoente do time. Virei fã do jogador
e lembro que não gostei quando ele ficou de fora da Copa de 1986. Então aqui
fica a minha singela homenagem para um dos ‘culpados’ por eu gostar tanto de
futebol.
Em uma manhã de outono surpreendentemente ensolarada em
Santos, quase nada deu certo para a Portuguesa Santista. A Briosa perdeu para o
Mauaense por 3 a 1 em Ulrico Mursa. O jogo foi um festival de erros do sistema
defensivo da equipe da casa e do trio de arbitragem.
Antes de tomar o meu lugar para acompanhar a partida, eu, Victor de Andrade,
fui até o local reservado para a torcida do Mauaense e cumprimentei meu
grande amigo Luiz Gustavo Folego. Até aquele momento, Folego era o torcedor
solitário do clube da grande São Paulo. Mas ele não ficou sozinho até o fim da
partida. Logo após o apito inicial do árbitro, parentes do meia do Mauaense
Kauê, que é de Santos, chegaram e fizeram companhia para esse parceirão.
Luiz Gustavo Folego e Victor de Andrade
O jogo começou com a Portuguesa indo para cima do Mauaense. E no primeiro
lance, em bola alçada na área em uma cobrança de falta, a pelota encontrou o
zagueiro Cocada no segundo pau. Ele não vacilou e balançou as redes. Gol da
Portuguesa mal anulado pela assistente Tatiane Sacilotti dos Santos Camargo.
Foi aí que começou a lambança do trio de arbitragem e o primeiro tempo de
pesadelos para a torcida rubro verde.
Aos 8 minutos, sai o primeiro gol válido da partida. Lucas Gomes aproveita uma bola mal recuada, ganha a
jogada do zagueiro Cocada e toca bonito, de cobertura, na saída do goleiro Pablo.
Mauaense 1 a 0. A Portuguesa foi para cima, tentando o empate, mas deixando o
contra-ataque para a equipe visitante. E foi assim que o Mauaense chegou ao
segundo gol, aos 26 minutos. A Briosa perdeu uma bola fácil no ataque, o
zagueiro Cícero escorregou e a bola foi rolada para Caio, que furou na primeira
tentativa, mas na segunda não vacilou e marcou 2 a 0 para a equipe da
Grande São Paulo.
Partida foi realizada sob forte calor
Vale destacar a boa atuação do meia Kauê. E o terceiro gol dos visitantes saiu
dos pés dele. Puxando um contra-ataque, Kauê se enrolou com Ítalo dentro da
área. O lateral da Portuguesa caiu em cima da bola e o árbitro Gilmar Pedroso
Rocha marcou pênalti no duvidoso lance. Na cobrança, aos 46, o próprio Kauê
bateu e fez 3 a 0 para o Mauaense.
O técnico da equipe azul, Jobel Mendes, provocou os torcedores da Briosa que
estavam no alambrado com gestos obscenos e palavrões, causando a ira de todos
que estavam no local. O treinador visitante, que alegou terem jogado um copo de
cerveja nele, e o trio de arbitragem foram os alvos preferidos dos xingamentos
dos rubro-verdes no intervalo, causando um verdadeiro alvoroço nas
arquibancadas do Ulrico Mursa.
Na volta do intervalo, o árbitro decidiu continuar a partida apenas se fosse
reforçada a presença de policiais no estádio. Isto provocou um atraso de 22
minutos. Mas o período parado acabou me dando mais um excelente causo de futebol.
Torcida da Portuguesa cantou o jogo inteiro,
mesmo com o placar adverso
No alambrado, conversei com o treinador de goleiros do Mauaense, Ceará, que
trabalhou em Ulrico Mursa em 2011. Ele contou que guarda com muito carinho a
sua passagem pela equipe da Baixada e não acreditou quando viu que, em
2012, a Briosa não jogou a Série A3, após todo o caso do problema de jogador irregular do
Barretos, no ano anterior. “No domingo, comemoramos o acesso depois da partida, dentro do campo. Na segunda, houve uma bela
churrascada de confraternização e, no dia seguinte, recebemos o bicho pelo
acesso. Não foi muito dinheiro, mas como já estava chegando o final de ano, os
presentes de Natal da família ficaram garantidos”, disse com um bom humor invejável.
Depois de muita discussão entre trio de arbitragem, comissões técnicas e diretores de ambas as equipes, teve início o segundo tempo. O técnico da Briosa,
Serginho, sacou o volante Joéber e colocou o meia Carlos Henrique. E foi com
ele que a Portuguesa diminuiu em uma bela jogada, aos 8 minutos, onde o meia
passou por três jogadores e tocou na saída do goleiro Pezão. Portuguesa 1,
Mauaense 3.
A Briosa foi para o abafa, empurrada por sua fanática torcida que não parou de cantar, mas não teve muito sucesso em suas investidas.
Porém, o trio de arbitragem continuou com suas lambanças. Em um contra-ataque,
Kauê foi atropelado pelo zagueiro Cícero dentro da área. Pênalti claro para o
Mauaense que o árbitro não marcou.
Ao final, 3 a 1 para o Mauaense
Em seguida, em uma cobrança de lateral da Portuguesa, a bola resvalou na cabeça
do zagueiro da Mauaense e sobrou para o atacante Cláudio Bala, que havia
entrado no lugar de Moacir. A assistente Márcia Bezerra Lopes Caetano conseguiu
marcar impedimento no lance, sendo que a bola, em nenhum momento entre a
cobrança de lateral e o domínio do atacante, tocou em qualquer jogador da
Portuguesa. Uma pessoa que entenda o mínimo de regra de futebol sabe que um
lance do tipo é legal. Inclusive, o meia e capitão da Briosa,
Ricardinho, chamou a atenção da assistente pelo grave erro dela.
O Mauaense conseguiu segurar o resultado, mesmo com o cansaço de seus atletas devido ao calor. Ao final dos 90 minutos, Portuguesa Santista 1, Mauaense 3, para um público de 793 pagantes. Agora, a Portuguesa Santista vai a Suzano no próximo sábado enfrentar o ECUS às 15 horas. O Mauaense joga no mesmo dia e horário contra o Taboão da Serra em casa.
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