Sissi, a primeira grande craque brasileira

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Sissi comemorando o terceiro lugar na Copa do Mundo Feminina de 1999

Antes da chegada de Marta à Seleção Brasileira feminina, na Copa do Mundo de 2003, o Brasil teve uma outra grande craque, que foi a líder do time da camisa amarela durante os anos 90: Sisleide do Amor Lima, a Sissi.

A atleta nasceu em Esplanada, na Bahia, em 2 de junho de 1967 e desde criança mostrava um grande talento com a bola nos pés, principalmente na canhota, o que não era comum entre as mulheres, principalmente naquela época. Com isto, Sissi foi procurar lugares para praticar o futebol.

Se o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil hoje ainda é fraco, imagine como era no final da década de 80. Preconceito e falta de apoio da CBF e federações estaduais fizeram com que muitos talentos não pudessem aparecer. Só para se ter uma ideia, mesmo com 24 anos de idade, Sissi nem foi cotada para defender o Brasil na primeira Copa do Mundo Feminina, na China, onde a base da seleção foram o times do Radar, do Rio de Janeiro, e Saad, de São Paulo.

Quatro anos depois, com uma espécie de seletiva realizada pela CBF, Sissi era a camisa 10 do Brasil na Copa do Mundo da Suécia. Na estreia, o Brasil surpreendeu e venceu as donas da casa por 1 a 0. Era a segunda vitória em mundiais, mas a primeira vitória da seleção contra uma das seleções top do mundo. Sissi começava a mostrar seu talento para o mundo e se destacava.

Sissi em jogo contra a Noruega nos Jogos Olímpicos de 1996

Porém, o brilhantismo da seleção parou por aí. Derrotas de 3 a 1 para o Japão e 6 a 1 para a Alemanha fizeram com que o Brasil não passasse para a segunda fase. Mas a vitória no primeiro jogo garantia à seleção uma vaga no Torneio Olímpico Feminino, o primeiro a ser realizado nos Jogos, que seriam em Atlanta, nos Estados Unidos.

Para as Olimpíadas, a CBF resolveu contratar o experiente técnico Zé Duarte, que estava presente nos melhores momentos da Ponte Preta. Foi com Zé Duarte que a Seleção Brasileira Feminina deu um salto, entrando no grupo dos tops e o talento de Sissi sobressaiu.

“A gente teve muito sucesso com o Zé Duarte. E ele vinha do futebol masculino. Mas foi o melhor treinador que tive, mesmo não tendo nenhum conhecimento do futebol feminino”, explicou Sissi em entrevista para o portal UOL em 2014.

Com um bom futebol, o Brasil chegou às semifinais do torneio e a ida para a final ficou por um triz. A seleção chegou a estar ganhando o jogo por 2 a 1, mas a China virou no final para 3 a 2 e foi decidir o título contra os Estados Unidos. Na decisão da medalha de bronze contra a Noruega, uma derrota de 2 a 0.

Mesmo sem a medalha, a boa campanha chamou a atenção de todos. A Federação Paulista resolveu organizar o Paulistana, o Campeonato Paulista de Futebol Feminino. O São Paulo FC, contratou Sissi, Kátia Cilene, que era outra grande jogadora da seleção, e o técnico Zé Duarte.

Sissi em atuação pelo São Paulo FC

A torcida são-paulina, vendo o grande talento da jogadora, fazia o seguinte canto nos jogos do time feminino: “Muricy, coloca a Sissi”, pedindo para o técnico do time masculino na época, Muricy Ramalho, escalar a craque em seu time. No tempo em que Sissi esteve no São Paulo, o clube conquistou todos os títulos possíveis nos campeonatos femininos.

O auge da craque veio em 1999. Na Copa do Mundo feminina, que foi realizada nos Estados Unidos, o Brasil fez sua melhor campanha até então. Primeiro lugar no Grupo B, com vitórias sobre México (um sonoro 7 a 1) e Itália, além de um empate contra a Alemanha. Uma vitória de 4 a 3 contra a Nigéria, levou a seleção para as semifinais, onde foi derrotada por 2 a 0 pelos Estados Unidos.

Na decisão de terceiro e quarto, contra a Noruega, o empate de 0 a 0 prevaleceu no tempo normal e prorrogação. Nos pênaltis, vitória brasileira por 5 a 4, garantindo a medalha de bronze. Sissi foi um dos principais destaques do mundial, sendo a artilheira da competição, junto com a chinesa Sun Wen, com sete gols cada.

Sissi foi jogar na liga profissional feminina nos Estados Unidos e se preparou para participar dos Jogos Olímpicos de 2000, em Sidney, na Austrália. No torneio feminino, a medalha passou perto e o Brasil ficou em quarto lugar novamente. Foi a última competição em que a grande jogadora participou pela Seleção Brasileira.

Entre idas e vindas do futebol americano, Sissi teve uma passagem pelo Vasco da Gama, onde viu nascer a sua sucessora da camisa 10 da seleção. “A Marta chegou para jogar pela categoria de base do clube. Em treinos, cheguei a enfrentá-la e já era possível ver o grande talento dela. Uma pena que nunca jogamos juntas, espero que isso possa acontecer um dia em algum amistoso”, diz Sissi.

Sissi nos Estados Unidos

Para a craque, há diferenças entre o seu futebol e o de Marta. “Apesar de ambas terem jogado com a camisa 10 da seleção, eu era uma jogadora de armação, mais cerebral. Já a Marta tem mais velocidade, habilidosa e usa muito as arrancadas”.

Sissi encerrou a carreira de jogadora em 2004, nos Estados Unidos e ficou por lá, treinando garotas das categorias de base em diversos times do País. Sissi sonha em um dia ser a treinadora da Seleção Brasileira Feminina, porém, até hoje, este posto só foi ocupado por homens.

1993: o Jabaquara é campeão!

Os campeões na entrega das faixas

Nascido em 15 de novembro de 1914 como Hespanha Foot Ball Clube, o Jabaquara Atlético Clube, de Santos, é uma das agremiações de futebol mais tradicionais do estado de São Paulo, sendo, inclusive, um dos fundadores da Federação Paulista de Futebol. Sua história é cheia de fatos curiosos e de grandes jogadores formados na base do clube, como o goleiro Gylmar dos Santos Neves.

Tendo jogado a primeira divisão estadual até 1963, inclusive se mantendo por vezes através de virada de mesa, o clube que foi fundado no bairro do Jabaquara, mas que hoje está estabelecido no pé do morro da Caneleira, conseguiu seu maior triunfo 30 anos após o rebaixamento mais doloroso da história. O título de Campeão Paulista da Segunda Divisão, equivalente à terceira série do certame (a real segunda divisão era chamada de Intermediária).

Antes do início da competição, a diretoria do clube buscou o treinador Gilberto Pereira, grande conhecedor do futebol local, inclusive da várzea. Gilberto começou montando o elenco verificando os talentos da base do rubro-amarelo, como o zagueiro Otacílio (que em 1996 faria o gol do acesso da Portuguesa Santista para a primeira divisão), com os grandes jogadores da várzea santista, como Marcio Maçarico e Wilzon, que tinham inclusive outros empregos, como o treinador, e jogadores rodados no futebol profissional, como o atacante Osni. E assim, o time da colônia espanhola estava pronto para a disputa do certame.

O gol do título, em imagem retirada do arquivo da TV Tribuna

O início foi difícil, pois a equipe tropeçava em alguns jogos. Alguns reforços foram inscritos, como o zagueiro Cerezo, emprestado pelo Santos Futebol Clube e que depois esteve no elenco vice-campeão brasileiro em 1995. Com isto, a equipe rubro-amarela começou a se recuperar na competição, conseguiu uma série histórica de 13 jogos de invencibilidade.

No dia 10 de outubro, o Jabaquara viajou para Presidente Prudente, para enfrentar o Corinthians local. Em um jogo truncado e com muita catimba, a equipe arrancou um empate em 0 a 0 que garantiria a passagem para a divisão intermediária de São Paulo.

Os torcedores da equipe fizeram festa, mas ainda faltava a fase final, que poderia garantir também o título da competição. A partir dali, iniciava-se o quadrangular final para apurar o campeão e que reuniria, além do rubro-amarelo, São Bernardo, Internacional de Bebedouro e Estrela de Porto Feliz.

Com uma boa campanha, o Jabaquara chegou à última rodada precisando apenas de uma vitória simples contra o Estrela. Devido a sua pequena capacidade na época, a Federação Paulista não liberou o Estádio Espanha para a partida e o jogo acabou sendo realizado em Ulrico Mursa, casa da Portuguesa Santista.

E a equipe rubro-amarela, comandada por Gilberto Pereira, foi a campo no dia 28 de outubro de 1993 com Joel; Magal, Cerezo, Otacílio e Vado; Marcio, Índio e Valdir; Neizinho, Osni e Wilzon. O jogo estava difícil para o mandante, mas até que Wilzon invadiu a grande área e fuzilou de três dedos, abrindo o marcador.

Wilzon, autor do gol do título, visitando Ulrico Mursa 20 anos depois

“Lembro bem, foi em um lance onde roubei a bola no meio campo, tabelei com o Osni que passou para o Josimar, que me viu passando em velocidade e lançou na entrada da grande área, bati com efeito e bastante força na bola, que fez uma curva muito grande e entrou no canto direito do goleiro”, recordou Wilzon em reportagem feita pela TV Tribuna em 2013, na comemoração dos 20 anos do título.

Depois disso, o Jabaquara segurou o resultado e pôde comemorar o título, que foi festejado por todos na cidade. O rubro amarelo era campeão, iria jogar a Intermediária em 1994 e o clássico contra a Portuguesa Santista estaria de volta.

O Jabaquara começou a correr contra o tempo para adequar o Estádio Espanha para a Intermediária, fazendo obras para aumento da capacidade do local. Porém, a Federação Paulista jogou um balde de água fria. A entidade regulamentadora do futebol do estado resolveu reorganizar as divisões e, por incrível que possa parecer, de campeão da terceira divisão e com acesso garantido para a intermediária, o Jabaquara jogou o campeonato da Quarta Divisão Paulista em 1994.

Alguns, bem poucos na verdade, disseram que era castigo do destino, já que nos anos 50 o Jabuca só se manteve na primeira divisão graças às viradas de mesa. Porém, não considerar o título com importância foi, no mínimo, uma má ação da Federação Paulista. Nem manter o time na A-3, nova denominação da terceira, foi feito.

O experiente Osni levantando o troféu em solenidade no clube

O cancelamento do acesso, que foi conseguido dentro de campo, foi um duro golpe no Jabuca. Nos outros campeonatos da década de 90, o rubro-amarelo não repetiu nem de perto o desempenho de 1993. Em 2000, o clube pediu novamente licença para a FPF, voltando dois anos depois e, com uma parceria com o Santos, o Jabaquara foi o campeão da B-3, equivalente a sexta divisão.

Atualmente, o Jabaquara joga a Segunda Divisão Paulista, o que equivale a quarta, mas o time de 1993 está na história do centenário clube da colônia espanhola. Vale ressaltar que este foi o único título profissional que o dramaturgo Plínio Marcos, torcedor do Jabaquara, viu em vida. Ele faleceu em 1999.

* Imagens 1 e 4 retiradas do livro Jabuca dos Nossos Corações. Já as imagens 2 e 3 foram retiradas de vídeos do arquivo da TV Tribuna.

Urbano Caldeira, um abnegado pelo Santos FC

Urbano Caldeira

Jogador, técnico, vice-presidente e até jardineiro. Quando passava sua infância em Florianópolis, provavelmente nem imaginava que sua maior paixão estaria em uma cidade do litoral de São Paulo. Isto é um resumo da história do abnegado Urbano Caldeira, uma pessoa que foi muito importante no início do Santos Futebol Clube.

Urbano Caldeira nasceu em Florianópolis, no dia 9 de janeiro de 1890. No início da vida adulta, tornou-se funcionário da Alfândega, onde de transferiu para São Paulo. Na capital paulista, o catarinense conheceu o futebol e tornou-se um dos jogadores do início do esporte no planalto.

Urbano foi jogador do Germânia e da AA das Palmeiras. Inteligente, logo começou a se destacar por aprender a parte tática do jogo. Quando foi um dos fundadores do Vila Buarque, Urbano Caldeira tornou-se, pela primeira vez, técnico, mas continuava com sua função dentro de campo também.

No início de 1913, já com 33 anos, a Alfândega transferiu Urbano Caldeira para o Porto de Santos. Chegando na cidade, o jogador foi logo procurar ainda poderia praticar o esporte bretão. Foi aí que Urbano Caldeira encontrou o Santos FC e marcaria seu nome na história do clube.

Santos FC de 1913

Com um ano de fundação, o Santos havia se inscrito no Campeonato da Liga Paulista de Futebol. Apesar de contar com jogadores que haviam jogado o Paulistão pelo CA Internacional (primeiro clube da cidade a disputar o certame estadual), faltava alguém que conhecesse de tática e pudesse treinar a equipe. Então, a chegada de Urbano Caldeira a Santos uniu o útil ao agradável.

Além de formar entre os onze titulares, marcando inclusive um dos gols da vitória do Santos contra o Corinthians por 6 a 3, a única na competição, Urbano Caldeira virou o treinador do time.

Com a desistência da equipe do campeonato, devido aos gastos de viagem à São Paulo, já que a equipe não pôde mandar seus jogos na cidade, o Santos FC disputou os campeonatos municipais. Urbano Caldeira, como sempre, acumulava a posição de zagueiro com a de técnico, inclusive no título santista de 1915, quando o Santos teve que jogar como União Futebol Clube.

Urbano Caldeira fez parte do União FC

Em 1916, o Santos conseguiu adquirir um terreno na Vila Belmiro, onde começou a montar sua Praça de Esportes. Urbano Caldeira foi muito importante neste processo, pois coordenou toda montagem do campo, chegando a , inclusive, plantar grama no terreno. A partir deste momento, os fãs de futebol da cidade começaram a perceber a abnegação do atleta pelo clube.

Ao parar de jogar, Urbano Caldeira não deixou o Santos. Além de ser o treinador, ele virou dirigente, chegando a ser até vice-presidente do clube. Até os últimos dias de vida, Urbano Caldeira sempre se dedicou ao clube.

Inauguração da Vila Belmiro, em 1916. Urbano Caldeira ajudou a plantar a grama

O ex-jogador, treinador e dirigente do Santos faleceu ainda novo, no dia 13 de março de 1933, aos 43 anos, um dia após o primeiro jogo profissional do Brasil, quando o Santos FC perdeu para o São Paulo da Floresta por 5 a 1.

Em 1938, o Santos instituiu que o dia 9 de janeiro, data de seu aniversário, seria o dia Urbano Caldeira. Porém, as homenagens não ficariam apenas na data. A Praça de Esportes do Santos Futebol Clube ganhou o nome dele, se transformando em Estádio Urbano Caldeira, uma justa homenagem, já que Urbano Caldeira foi muito importante para a implantação do estádio. Como diziam seus amigos, Urbano Caldeira acordava Santos FC, vivia Santos FC e dormia Santos FC.

CA Paulistano: “les rois du football”


Equipe do Paulistano antes da primeira partida na Europa

Os três primeiros campeonatos paulistas foram dominados pelo São Paulo Athletic, que contava em suas fileiras com o pioneiro do futebol brasileiro, Charles Miller. Porém, em 1905, no quarto campeonato organizado pela Liga Paulista de Futebol, um clube começaria a escrever sua história, tornando-se o primeiro time grande da cidade de São Paulo: o Club Athletico Paulistano.


Só para se ter uma ideia, até 1925, o Paulistano já havia conquistado oito campeonatos estaduais (1905, 1908, 1913, 1916, 1917, 1918, 1919 e 1921). Era uma época em que o futebol ainda estava se firmando no Brasil. Em São Paulo, os clubes não se acertavam na organização dos campeonatos, e em muitos anos foram disputados campeonatos estaduais de mais de uma liga. Porém, um fato era inegável: o Paulistano era o maior vencedor da cidade.



Ataque do Paulistano contra o Stade de Français

Para testar de verdade sua equipe, o presidente do clube, Antônio Prado Júnior, teve uma iniciativa que, na época, era inédita: mandar sua equipe para uma série de amistosos na Europa. E o elenco do Paulistano, que contava com Arthur Friedenreich, o grande craque brasileiro da época, partiu para disputar uma série de 10 partidas no velho continente, entre França, Suíça e Portugal.

Para os europeus também era um teste interessante. A tão decantada superioridade do futebol europeu tinha caído por terra nos Jogos Olímpicos de Paris, quando a Seleção Uruguaia, em uma campanha espetacular, conquistou a medalha de ouro na modalidade, ganhando o apelido de Celeste Olímpica. Seria interessante para eles um teste com outra equipe sul-americana.

Após dias dentro do navio e alguns de descanso, o Paulistano entrava em campo no dia 15 de março, no Estádio de Búfalo, em Paris, para enfrentar um selecionado francês. A estreia em terras europeias não poderia ter sido melhor para o Paulistano: um sonoro 7 a 2, com dois gols de Friedenreich e Araken Patusca.

Jogada na partida contra o Strasbourg

No dia seguinte, uma surpresa: a imprensa francesa, que acompanhou a partida junto a um público de 35 mil pessoas, impressionada com a qualidade dos jogadores brasileiros, apelidou os atletas do Paulistano de "Les Rois du Football", ou seja, “Os Reis do Futebol”.

Onze dias depois, no mesmo estádio, o onze Paulistano entrava em campo para enfrentar o Stade Français, em sua segunda partida na excursão. A equipe da casa saiu na frente, mas os brasileiros foram para cima e viraram o jogo no segundo tempo. No final, 3 a 1 para o Paulistano.

Algumas bolas usadas nos jogos da excursão

Três dias depois, os jogadores do Paulistano foram até o campo do FC Cette e ali conheceram a única derrota no giro. Ao final dos 90 minutos, 1 a 0 para os franceses, gol de Villaplane. Após este revés, as vitórias voltaram. No dia 2 de abril, 4 a 0 no Bastidiense, em Bordeaux. Três dias depois, um 2 a 1 no Havre AC, na Normandia. No dia 10, outro 2 a 1, agora contra o Strasburgo.

No dia 11 de abril, o Paulistano atravessou a fronteira da França com a Suíça e foi até Berna, enfrentar a equipe local. Ao fim da partida, outra vitória dos brasileiros: 2 a 0. Dois dias depois, em Zurique, o adversário era o Young Fellows, atual campeão suíço. Porém, Friedenreich, Araken e companhia não tomaram conhecimento e venceram por 1 a 0. No dia 19 de abril, o Paulista foi até a Normandia, enfrentar o Rouen, conseguindo outra vitória, desta vez por 3 a 2.

Equipe completa na Europa

O Paulistano saiu de seu giro entre França e Suíça com um saldo de oito vitórias em nove jogos. Porém, na volta ao Brasil, o navio faria uma escala em Lisboa e esta foi a oportunidade para realizar sua última partida em solo europeu.

No dia 28 de abril, os jogadores do Paulistano entravam no campo do Estádio de Lisboa para o embate derradeiro, desta vez contra um selecionado português. Fechando com chave de ouro a excursão, 6 a 0 para os brasileiros.

As notícias das vitórias em solo europeu chegavam por aqui e enchiam de orgulhos os adeptos do futebol no Brasil. Só para se ter uma ideia, quando o navio Flandria, que trazia a delegação do Paulistano, aportou no Rio de Janeiro, centenas de pessoas foram felicitar os jogadores no porto, algo impensável nos dias de hoje. Inclusive, os atletas foram até a sede do Fluminense para receber as honrarias.

Recepção aos jogadores no Porto do Rio de Janeiro

Em São Paulo também não foi diferente. Os jogadores foram recebidos com festa e homenageados no primeiro jogo deles em solo brasileiro. Algumas das bolas utilizadas na Europa estão na sala de troféus do clube, além de muitos documentos textuais e iconográficos que permitem conhecer com mais profundidade a riqueza de tal feito futebolístico.

Porém, o futebol no Paulistano estaria chegando em seus últimos anos. Em 1926, os clubes já falavam em profissionalismo e o clube, fiel às raízes amadoras do esporte, era contrário e fundou uma nova liga, a Liga dos Amadores de Futebol (LAF). A liga durou até 1929, quando o time resolveu fechar seu departamento de futebol.

Após ser campeão do último campeonato que disputou, o time do Paulistano fez sua derradeira apresentação em 15 de dezembro de 1929. Em seu pequeno campo, o Estádio Jardim América, com bom público no dia, o Alvirubro jogou grande partida, impondo um 6x1 sobre o Antarctica Futebol Clube.

Arthur Friedenreich, o grande craque brasileiro da época

Quando saiu dos campos, o Paulistano era disparado o melhor time do estado. Tinha onze títulos, contra sete do Corinthians e três do Palestra, além de ter contado com Arthur Friedenreich, que foi seu artilheiro por seis vezes. É até hoje o único tetracampeão do Campeonato Paulista, de 1916 a 1919. Nos outros esportes, o Paulistano tem equipes fortes, principalmente no Basquete.

Só como informação, o profissionalismo no futebol brasileiro foi introduzido, permanentemente, em 1933.

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Em jogo emocionante, Briosa vira e vence a segunda na Bezinha

Portuguesa Santista fez sua primeira partida em casa em 2015

Em uma partida com fortes emoções, a Portuguesa Santista conseguiu a sua segunda vitória no Campeonato Paulista da Segunda Divisão, ao bater a AD Guarulhos por 3 a 2. O jogo, que chegou a estar 2 a 0 para a equipe da grande São Paulo, foi realizado na manhã deste domingo, dia 26, no Estádio Ulrico Mursa, em Santos.

Pouco mais de 800 pagantes viram um jogo que começou morno, com as duas equipes se estudando. A partir dos 15 minutos, a AD Guarulhos começou a ter domínio das ações, mas abriu espaço para o contra ataque do time da casa, que só não abriu o marcador pois Ricardinho finalizou mal o lance de frente do goleiro Paulo Castanho.

Partida equilibrada no começo

O jogo também estava muito faltoso, recorrentes dos dois lados. E foi num lance de bola parada que, aos 31 minutos, o Garulhos fez o gol que tirou o zero do palcar. Carlos Eduardo completou de cabeça uma bola alçada na área, aproveitando uma falha da marcação da zaga da Briosa, e acertou no contrapé do goleiro Gustavo.

A Portuguesa foi para cima, tentando o empate, mas sem objetividade. Assim, o primeiro tempo terminou com a Ad Guarulhos vencendo por 1 a 0. Durante o intervalo, fui até a torcida da AD Guarulhos, onde conversei com a amiga Nádia Aline Santos, fanática pela equipe, e o pessoal que veio de Guarulhos para o jogo. Também encontrei com o amigo Paulo Batista, que mora em São Paulo e desceu a serra para assistir a mais Briosa.

Segundo gol da AD Guarulhos foi de pênalti

No segundo tempo, o jogo permaneceu muito disputado, mas com a AD Guarulhos ainda dominando. De tanto recorrer às faltas para parar o ataque da equipe da grande São Paulo, o zagueiro Guilherme Henrique derrubou o atacante Lucas dentro da área, aos 9 minutos. O árbitro Wanecley Lopes da Silva marcou pênalti, cobrado por Roberto Mário, que bateu à meia altura, no canto direito do goleiro Gustavo: 2 a 0 Guarulhos.

Quando parecia que a equipe visitante iria levar os três pontos para Guarulhos, a Portuguesa Santista reagiu. A torcida da casa continuou cantando e incentivando a equipe. Além disso, o técnico Serginho optou por mexer na equipe, sacando o zagueiro Guilherme Henrique, recuando o volante Joeber para a zaga, e promovendo a entrada do atacante Guilherme Silva. A alteração surtiu efeito e a Briosa passou a pressionar o Guarulhos.

Guilherme Silva, autor do primeiro gol da Briosa

E foi o próprio Guilherme que, aos 18 minutos, num escanteio cobrado pelo lateral-direito Julio César, escorou de cabeça para fazer o primeiro gol da Briosa: Portuguesa Santista 1 x 2 Guarulhos.

E o time que parecia batido, voltou a mostrar o futebol da primeira partida, quando venceu o Diadema, por 1 a 0, no ABC. A partir daí o que se viu foi a Portuguesa se lançando ao ataque e fazendo jus ao apelido de Briosa, buscando incessantemente o empate. E num lance em que Kaique Marques entrou na área e foi derrubado, o árbitro assinalou pênalti. Ficou a cargo do meia Ricardinho, capitão do time, cobrar e converter: Portuguesa Santista 2 x 2 Guarulhos.

Gol de empate da Briosa também foi de pênalti

Depois do empate, o Guarulhos ficou perdido em campo, enquanto a Portuguesa Santista crescia na partida e acreditava na virada do placar. E ela veio aos 42 minutos, quando o lateral-direito Júlio Cesar cruzou na área e, em uma bola rebatida, o meia Ricardinho completou para o gol. Festa em Ulrico Mursa! A Portuguesa conseguiu virar um jogo que parecia perdido.

Ao final da partida, já no banco de reservas, o zagueiro Guilherme Henrique recebeu o segundo cartão amarelo por reclamação e foi expulso.

O experiente meia Ricardinho, autor de dois gols na partida

A Portuguesa Santista, que lidera o Grupo 3 da competição com 100% de aproveitamento, volta a campo no próximo domingo, dia 3, às 10 horas, contra o Manthiqueira, também em Ulrico Mursa. Já a AD Guarulhos enfrenta o Mauaense, em casa, no sábado.

Ficha técnica

Portuguesa Santista: Gustavo, Júlio Cesar, Guilherme Henrique (Guilherme Silva), Cocada, Caíque Ribeiro, Joeber, Stefano, Vinicius, Ricardinho, Kaique Marques (Juliano) e Felipe (Leozinho)
Técnico: Sérgio Silva (Serginho)

AD Guarulhos: Paulo Castanho, Daniel Ferreira, Marcelo Bastos, Kaue Vieira, Jefferson, Renan, Vinicius, Carlos Eduardo, Roberto Mario, Gabriel Rodrigues e Lucas
Técnico: AtalibaNelson Luiz Kerchner

Gols

Portuguesa Santista: Guilherme Silva, aos 18 minutos do 2º tempo, e Ricardinho, aos 24 e aos 42 minutos do 2º tempo.

AD Guarulhos: Carlos Eduardo, aos 31 minutos do 1º tempo, e Roberto Mario, aos nove minutos do 2º tempo.

Arbitragem

Árbitro: Wanecley Lopes da Silva
Árbitro Assistente 1: Leandro Alves de Souza
Árbitro Assistente 2: Paulo de Souza Amaral
Quarto Árbitro: Davi Alexander Fernandes

Samarone: o diabo loiro de Ulrico Mursa e das Laranjeiras


Samarone, um dos grandes jogadores da história da Briosa

Meia-atacante de forte chute, Wilson Gomes, mais conhecido como Samarone, nasceu em Santos-SP, no dia 13 de março de 1946. Começou sua carreira profissional na Portuguesa Santista, onde marcou um dos gols mais importantes da história do clube, e foi ídolo no Fluminense. O jogador também defendeu Corinthians, Flamengo, Portuguesa e Bonsucesso.

Samarone começou a se destacar no futebol nas ruas e na praia de Santos. No início da década de 60, foi chamado para jogar em um clube amador chamado Tricolor FC, do bairro do Campo Grande. Além de Samarone, faziam parte do time Cabralzinho (ex-Santos e Fluminense e técnico do alvinegro praiano no vice-campeonato brasileiro de 1995) e Pereirinha (que foi junto com Samarone para a Portuguesa Santista).


Tricolor FC, do Campo Grande, em Santos. Samarone é o quarto
em pé, Cabralzinho, o segundo agachado, e Pereirinha, o penúltimo

Os destaques do time eram Lio, que acabou tornando-se o artilheiro do campeonato, e Samarone.Olheiros da Portuguesa Santista o viram jogar pelo Tricolor do Campo Grande e logo o levaram para o Estádio Ulrico Mursa. Samarone entrou no elenco profissional da Briosa em 1963, com 17 anos. E, em pouco mais de um ano, marcaria seu nome na história da Portuguesa Santista.

A Briosa montou um excelente time para a disputa da divisão de acesso de 1964. E isto foi mostrado na primeira fase. Em um grupo com Bragantino, Taubaté, Nacional, Jabaquara, Paulista e Irmãos Romano, a Briosa ficou em primeiro lugar, com 17 pontos. No total, foram 12 jogos, sendo sete vitórias, três empates e duas derrotas.

Na segunda fase os adversários eram Ponte Preta, Bragantino, Rio Preto, Francana, Ferroviária, Nacional, Estrada de Sorocaba e Votuporanguense. Nos 15 primeiros jogos, cinco vitórias, três empates e duas derrotas. Chegando na última rodada, já em 1965, empatada em pontos com a Ponte Preta.



Com 17 anos, Samarone já era titular da Briosa, em 1963

Quis o destino que a rodada final fosse entre as duas equipes, com mando de campo para os campineiros. Então, no dia 7 de março, a Ponte Preta foi a campo com Anibal (Fernandes), Valmir, Antoninho, Sebastião e Jurandir; Ivã e Urubatão; Jair, Da Silva, Almeida e Ari. Já a Portuguesa Santista jogou com Cláudio, Alberto, Adelson, Osmar e Zé Carlos; Norberto e Pereirinha; Lio, Samarone, Valdir Teixeira e Babá.

A torcida da Macaca lotou o Moises Lucarelli, na esperança de conseguir o acesso. Porém, logo aos 6 minutos da partida, Samarone calou o estádio com um gol depois de um bate e rebate na área ponte pretana. Após o tento, o time da casa sentiu a pressão. A torcida fez de tudo para empurrar a Ponte Preta, inclusive acertando uma pedra no bandeirinha.

Gol de Samarone contra a Ponte Preta

Mas a Briosa, liderada em campo pelo jovem Samarone, com 18 anos, conseguiu segurar o resultado e levantar o caneco. Festa dos jogadores e dos poucos torcedores da Briosa em Campinas. Na chegada do time na cidade, outra grande festa. Em Santos, diziam que a Portuguesa local tinha a melhor panela de pressão do mundo, pois era a única que conseguia cozinhar uma macaca em 90 minutos.




Elenco campeão Paulista da divisão de Acesso de 1964



Samarone ainda fez algumas partidas pelo Paulistão de 1965, porém vários olheiros de times grandes já observavam o jogador. Tim, um dos maiores jogadores da história da Portuguesa Santista, tendo sido convocado para a Seleção Brasileira como atleta do clube em 1936, era o técnico do Fluminense na época e, após a avaliação de seu olheiro Osvaldinho, pediu a contratação do meia-atacante.

Com 19 anos, Samarone aportava no clube das Laranjeiras com desconfiança pela torcida, mas com o respeito do treinador. Em pouco tempo, o atleta virou ídolo no Fluminense, onde ganhou o apelido de “Diabo Loiro” e seu chute ficou conhecido como “os canhões de Samarone”, devido ao famoso filme da época “Os Canhões de Navarone”.

Samarone na chegada ao Fluminense

No tricolor carioca, onde atuou entre 1965 até 1971, Samarone deixou saudades com as conquistas dos títulos cariocas de 1969 e 1971 e também pelo título na Taça de Prata de 1970, onde foi eleito o melhor meia-atacante do campeonato pela Bola de Prata da revista Placar. Formou linhas de ataque memoráveis ao lado de Cafuringa, Flávio, Michey e Lula, além de ter jogado junto com seu companheiro de Tricolor FC, Cabralzinho.

Samarone também era conhecido como “Dr. Samara” em razão de sua formação em engenharia civil, que continuou exercendo após deixar os gramados. Sem contar com sua fama de malandro e catimbeiro. Porém, seus dias de Fluminense tiveram fim em 1971, com a chegada do técnico Zagallo. Atleta e treinador não se deram bem e Samarone voltou para São Paulo, onde foi para o Corinthians.

Cabralzinho e Samarone, companheiros de Tricolor FC,
no início da década de 60, voltaram a se encontrar no Fluminense

Os números de Samarone no Timão são apenas modestos. Realizou apenas 12 partidas, com seis vitórias, quatro empates e duas derrotas, anotando apenas três gols, de acordo com o “Almanaque do Corinthians”, de Celso Unzelte.

Depois da passagem rápida pelo Corinthians, Samarone voltou para o Rio de Janeiro e foi vestir a camisa dez do Flamengo. Curiosamente, também ficou por pouco tempo na Gávea, pois seu desafeto Zagallo também apareceu por aquelas bandas. Seus números no Fla também são tímidos. Segundo o “Almanaque do Flamengo”, de Roberto Assaf e Clóvis Martins, o meia disputou apenas 28 partidas com oito vitórias, 14 empates e seis derrotas, anotando quatro gols.

Com a Bola de Prata de 1970

Entre as muitas “idas e vindas”, voltou novamente para São Paulo e foi parar na Portuguesa de Desportos, onde também teve uma passagem discreta e no mínimo curiosa. Na Lusa Samarone deu azar novamente. Tudo ia bem até a famosa “Noite do galo bravo” (descrito também nas postagens do zagueiro Marinho Peres e do volante Lorico).

O fato marcante aconteceu depois de uma derrota da Lusa para o Santa Cruz por 1×0, em partida realizada no Parque Antárctica pelo campeonato nacional de 1972. O então presidente Oswaldo Teixeira Duarte afastou imediatamente seis jogadores do elenco: Piau, Lorico, Hector Silva, Samarone, Ratinho e Marinho Peres.

Depois da Portuguesa, Samarone pegou novamente sua ponte aérea e foi jogar pela simpática agremiação do Bonsucesso, onde definitivamente pendurou suas chuteiras.

O ex-jogador atualmente

Samarone vive hoje no Paraná, mas sempre como pode visitar Santos. Ele foi um grande jogador e as torcidas da Portuguesa Santista e Fluminense o consideram como um grande ídolo.


Estádio Pedro Benedetti: a casa do Mauaense

Mauaense enfrenta o São Paulo na inauguração
do Estádio Municipal Pedro Benedetti

Mauá sempre foi uma cidade que teve tradição no futebol amador, principalmente com os times bancados pelas fábricas de cerâmica do município, isto durou até o início dos anos 80. Em 15 de dezembro de 1981, vários adeptos do futebol se reuniram para fundar um novo clube, que representaria Mauá no futebol profissional. E assim nasceu o Grêmio Esportivo Mauaense.

Para o primeiro ano, o Mauaense fez uma seletiva entre os jogadores da várzea da cidade e montou seu elenco para o Campeonato Paulista da Terceira Divisão de 1982. Na primeira partida, ocorrida em 31 de janeiro de 1982, uma derrota por 3x0 para o Suzano FC. Os primeiros jogos do Grêmio Mauaense foram disputados no antigo campo do Cerâmica, na entrada do Jardim Zaíra. O campo não existe mais e em seu lugar está o Almoxarifado Central e a Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura.

O Mauaense disputou o Paulista da Terceira no Campo do Cerâmica até 1984. Como o time atraia um bom público, a Prefeitura decidiu construir um novo estádio. A praça esportiva ganhou o nome de Pedro Benedetti, um ex-jogador que, na década de 1960, jogou em todas as seleções formadas em Mauá e no grande ABC, além de clubes como: Independente Futebol Clube, Associação Atlética Industrial, Cerâmica Futebol Clube, entre outros.

Para a inauguração do novo estádio, o São Paulo Futebol Clube foi o convidado de honra para enfrentar a equipe da casa. E no dia 8 de dezembro de 1984,  o tricolor paulista entrava em campo para enfrentar o Mauaense.

Estádio passou por reformulação em 2006

Com entrada franca, o estádio estava tomado por 15 mil torcedores. No primeiro tempo as redes não foram inauguradas. Já na segunda etapa da partida Cilinho ajustou o tricolor, que não demorou para marcar. O primeiro gol fora anotado por Careca, em seguida foi a vez de Pita balançar as redes do Mauaense.

Mas o público foi ao delírio somente aos 42 minutos do segundo tempo. Foi quando Valtinho aproveitou um cruzamento na área do tricolor, subiu entre o destemido zagueiro Oscar e acertou uma cabeçada fulminante, sem defesa para o goleiro Abelha. 

“No começo da partida eu apostei com o Bôni, zagueiro do São Paulo, que faria um gol em cima do Oscar, um jogador de seleção. O Bôni duvidou, mas no final da partida teve de me dar a camisa dele”, alegra-se Valtinho, em entrevista dada para o ABCD Maior, publicada em 1º de junho de 2013. Foi uma das suas últimas partidas como atleta profissional.

O novo estádio deu sorte para o clube já no primeiro ano. O Mauaense conquistou o título da Terceira Divisão, garantindo sua vaga no grupo de acesso em 1986. Com uma campanha praticamente impecável, onde só não liderou na primeira das quatro fases, o título veio após dois jogos contra o Mirassol. No jogo de ida, um sonoro 3 a 0 no Pedro Benedetti. Na volta, em Mirassol, o empate garantiu a taça.

Equipe do Grêmio Mauaense, campeão Paulista da B1 em 2003

O Mauaense jogou por dois anos o grupo de acesso, sendo rebaixado em 1987. Entre 1988 e 1991, o clube ficou na Terceira Divisão, sempre com campanhas medianas. No ano seguinte, os diretores do clube resolveram tirar um ano sabático, devido a problemas econômicos.

Depois dos 12 meses licenciados, o Mauaense volta a disputar a Terceira Divisão em 1993. Com a reformulação das divisões, em 1994 o clube disputou a Quarta Divisão, onde ficou por três anos. Em 1996, o Pedro Benedetti foi palco de mais uma bela campanha do clube. Com o vice-campeonato, o Mauaense conseguiu o acesso para a A3.

Entre idas e vindas de divisão, o Mauaense conquistou o título paulista da B1 de 2003. O estádio recebeu um dos jogos das finais da Copa Mauro Ramos de Oliveira, em 2002, entre Santo André e Ituano e, em 2006, passou por uma grande reformulação. Atualmente, o estádio tem capacidade para 10.800 pessoas, de acordo com o site da Prefeitura de Mauá, proprietária da praça esportiva.

Atualmente, o clube disputa o Campeonato Paulista da Segunda Divisão, mas que é equivalente à quarta. Todos os jogos em casa são disputados no Pedro Benedetti. Inclusive, amanhã (sábado, dia 25 de abril), o Mauaense faz seu segundo jogo pela competição, o primeiro em casa, contra o Diadema, às 15 horas.

* Quero aqui agradecer ao amigo e grande torcedor do Grêmio Mauaense, Luiz Gustavo Folego, que forneceu informações importantes para este artigo. Na foto abaixo, eu estou com ele no esquenta para o jogo Equador x Honduras, em Curitiba, na Copa do Mundo do ano passado. Um grande abraço, meu amigo!


Palestra Itália de 1932: o campeão 100%

Esta é a equipe que venceu todos os jogos no Paulista de 1932

O Campeonato Paulista de 1932, organizado pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) foi marcado por diversos fatos, inclusive extracampo. Foi neste ano que Germânia, Atlético Santista e SC Internacional disputaram seu último certame estadual, já que o futebol se profissionalizou e as agremiações eram contra. Também foi o campeonato que ficou paralisado entre julho e novembro. A competição teve seu andamento abalado por um evento político, a Revolução Constitucionalista.

Esportivamente, este Campeonato também tem uma grande marca. É o único até hoje que teve uma equipe que venceu todos os jogos: o Palestra Itália, atualmente o Palmeiras, que assim conquistava seu quarto título paulista.

O Campeonato teve início no primeiro dia de maio. O Palestra fez sua estreia contra o Sírio e, sem dificuldades, venceu por 4 a 0. Na semana seguinte, a equipe fundada por imigrantes italianos enfrentou o São Paulo da Floresta. Em um jogo disputado, o Palestra fez valer de seu melhor time e venceu por 3 a 2.

E as vitórias continuavam. 2 a 1 na AA São Bento, 3 a 1 no Internacional e no Juventus, uma sonora goleada de 7 a 0 no Atlético Santista e uma bela vitória contra o Ypiranga por 4 a 2, no dia 3 de julho. Nesta data, foi realizada a última rodada antes da paralização devido à Revolução.

Cartaz convocando os paulistas para a Revolução

O campeonato ficou parado por longos quatro meses. Os palestrinos ficaram com receio de que, se o campeonato voltasse, a equipe perderia o embalo das vitórias. Ciente das seqüelas provocadas pela turbulência política, a APEA (entidade organizadora do campeonato) determinou que ao fim do conflito, o campeonato voltaria. Porém, seria realizado apenas as partidas que restavam do primeiro turno. O time que somasse mais pontos, seria declarado campeão.

A Revolução teve fim em novembro e, com a decisão da Apea, as equipes voltaram a campo para realizar mais quatro rodadas. Para quem achava que o Palestra iria perder o ritmo, se enganou.

Reportagem do jogo Palestra 8x0 Santos

O time parecia ainda melhor do que antes da paralização. No primeiro jogo, uma vitória por 3 a 0 contra o grande rival Corinthians. Com o resultado, o Palestra precisava apenas de mais uma vitória para garantir o título e ela veio com o placar idêntico à partida anterior, agora contra a Portuguesa.

Com a taça garantida, as duas últimas partidas foram um deleite para os palestrinos, com duas goleadas acachapantes: 9 a 1 no Germânia e 8 a 0 no Santos, já em 11 de dezembro. A festa foi grande, até aquele momento, nenhum havia conquistado o Paulistão ganhando todos os jogos. Até hoje a marca se mantém.

Palestra 9 a 1 no Germânia

Nos 11 jogos, o atual Palmeiras fez 49 gols e sofreu apenas oito. Ao final, a equipe ficou cinco pontos na frente do São Paulo da Floresta, que havia sido o campeão no ano anterior. Vale lembrar que a vitória, na época, valia dois pontos.

O time base do Palestra Itália no campeonato era o seguinte: Nascimento; Loschiavo e Junqueira; Tunga, Goliardo e Adolfo; Avelino, Romeu, Sandro, Lara e Imparato. Estes jogadores estão para sempre na história do Paulistão, sendo os únicos que venceram todos os jogos no mesmo campeonato.
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