Fla-Araçatuba

Sávio era uma das grandes estrelas do Fla na época

Uma divergência entre o presidente do Flamengo em 1997, Kleber Leite, e o mandatário da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) na época, Eduardo Vianna, o Caixa D'água, criou uma possibilidade de o clube da Gávea mudar campeonato estadual no ano seguinte: sim, os dirigentes rubro-negros negociaram com a Federação Paulista de Futebol (FPF) a possibilidade de jogar o Paulistão de 1998.

O Flamengo alegava que o Estadual do Rio era deficitário e queria mudanças drásticas, como formato de disputa e pagamento maior para as equipes. Leite se reuniu com o então presidente da FPF, Eduardo José Farah, além de dirigentes da Associação Esportiva Araçatuba, clube do interior que disputava a elite do Paulistão na época, e com membros da prefeitura da cidade. Essas reuniões ocorreram no segundo semestre de 1997.

Farah prometera, na época, uma cota de R$ 500 mil por partida a cada mando de jogo, desde que o Flamengo utilizasse no Paulista suas principais estrelas, como Junior Baiano, Juan, Athirson e Sávio, entre outros. A equipe jogaria em Araçatuba, na vaga do AEA. Inclusive, os fãs de futebol já tinham apelidado a equipe de Fla-Araçatuba,

E aqui vai um adendo. A cidade de Araçatuba já teve um rubro negro filiado à FPF. O Clube Atlético Flamengo, fundado em 1956, jogou a Terceira Divisão Paulista em 1957 e a Segunda no ano seguinte, quando se despediu do futebol profissional. O clube foi extinto anos depois. Atualmente, há um Flamengo, de Guarulhos, disputando as competições da FPF.

Voltando ao assunto da década de 90, na verdade, Kleber Leite queria apenas pressionar Caixa D'água a melhorar o regulamento e os repasses aos clubes no Campeonato do Rio de Janeiro. Porém, nem ele esperava uma proposta tão boa da FPF. "Tenho uma folha de pagamento de cerca de R$ 650 mil mensais e não posso continuar disputando o Campeonato Carioca, que não tem data, adversário e contrato marcados”, falou Leite em novembro de 1997.

Kleber Leite era o presidente do Rubro Negro na época

Na verdade, a hipótese era muito difícil de se concretizar, vide que não tinha apoio dos torcedores e não deveria ser aprovada pelo conselho do clube. Mesmo que fosse, Vianna poderia recorrer à CBF, com quem sempre teve boa relação, para barrar a aventura. O próprio Kleber Leite admite isso, mesmo dizendo que a ideia era “espetacular”. 

“Falamos com o Farah, com o Araçatuba, e as pessoas estavam animadas com relação a isso. Nós teríamos apoio do clube e da Federação Paulista, seria um fato novo, espetacular, esse apoio nós teríamos. Mas era humanamente impossível, até porque o Flamengo era um clube do Rio. Mas foi um grande alerta, e o Campeonato [Carioca] de 1998 foi bem mais organizado", disse Kleber Leite em reportagem para o UOL Esporte em 2012.

Apesar de a chance ser quase remota, os dirigentes agiam como se tudo pudesse acontecer. E até o uniforme “novo” do time, que teria que incluir a cor do Araçatuba, amarelo, foi imaginado.

Eduardo Vianna, o Caixa D'água

“Lembro que na época se imaginou uma camisa ´meio de caminho´, com fundo amarelo e o vermelho e preto em cima. Foi um conjunto de hipóteses que não dá nem pra se ter ideia. Todo mundo pirou e começou a dar várias sugestões”, disse Leite na mesma entrevista.

Ao fim de tudo, Flamengo e FERJ entraram em acordo e o Rubro Negro disputou o Cariocão de 1998, ganho pelo Vasco. No Paulistão, o São Paulo foi o campeão. Em 2015, houve uma história muito parecida. O atual presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, convidou Flamengo e Fluminense para participarem do Paulistão, em maio. Mas poucos dias depois, disse que o convite, na verdade, foi apenas uma brincadeira.
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