Suíça 2 x 1 Equador - O sonho e o despertar

Suíça virou para cima dos equatorianos

* por Nílcio Regueira Dias

Assim que iniciado o período de vendas de ingressos para a Copa do Mundo, me cadastrei e concorri aos ingressos para vários jogos em São Paulo, cidade onde moramos, e para a final no Maraca. Sempre selecionando os setores com menores preços, e claro, mais concorridos.

Como não fui sorteado, ao iniciar o período de vendas diretas dos ingressos remanescentes, procurei oportunidades que fossem viáveis financeiramente e compatíveis com minha agenda. Surgiu ingressos nos setores mais baratos para a partida entre Suíça e Equador, em Brasília, minha cidade natal e onde ainda moram meus parentes. Não pensei duas vezes! Liguei para meu pai e “convoquei” ele para a realização de um sonho meu de infância, assistir, ao lado dele, um jogo de Copa do Mundo no estádio.

Ele, que já tem mais de 70 anos, relutou, mas logo concordou. E aí comprei nossos ingressos e as passagens de avião para Brasília. Pouco dias depois, minha irmã, meu cunhado e meus sobrinhos, conseguiram comprar seus ingressos. Para ser perfeito só faltou todos estarem no mesmo lugar, o que em parte aconteceu, mas só durante a partida. Meu cunhado e sobrinhos ficaram em um setor do outro lado do estádio, mas eu, meu pai, meus filhos, esposa e minha irmã conseguimos lugares próximos e com o decorrer da partida, alguns lugares permaneceram vagos e acabamos nos juntando.

A ansiedade para o dia do jogo foi crescendo com a proximidade da Copa, e quando embarcamos para Brasília, o clima do evento já tomava conta de todos no aeroporto, com muitos suíços e equatorianos com suas bandeiras, chapéus e outros itens que identificavam seus países circulavam animadamente, com provocações divertidas e respeitosas, integração e muitas e muitas fotos.

A chegada na capital foi animada e com muitos cantos. Meus pais nos aguardavam no aeroporto e comentaram que torcedores não paravam de chegar. Meu filho, sempre curioso, observava cada novidade.

O dia do jogo começou com preocupação, pois o início da partida era às 13 horas e precisávamos tentar chegar cedo, o que não foi uma tarefa fácil com toda a família, principalmente as crianças, que precisavam de um café da manhã reforçado para aguentar o jogo sem almoçar. Como meu pai é idoso, a FIFA ofereceu uma credencial de estacionamento no belo Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, mas como havia grandes filas, foi complicado acessar este local.

Festa do lado de fora do estádio

Quando chegamos e conseguimos estacionar no local determinado para idosos, estávamos praticamente dentro do Estádio, mas já eram quase 13 horas. O clima era de chateação e irritação pelas longas filas e muitas reclamações pela demora na entrada. Esta foi a primeira partida da Copa em Brasília. Nas proximidades dos detectores de metais e da revista às bolsas e mochilas, haviam voluntários esforçados a acelerar a entrada de todos e recepcionar, com bom humor as reclamações. E o Pedro, meu filho, perguntava: “papai, você vai torcer pra Suíça ou pro Equador? E você vovô?”
Perdemos a entrada dos times em campo e ouvimos os cantos dos hinos nos arredores do Estádio e o clima de copa tomou conta de todos nós. Quando passamos pela revista, era só procurar nosso setor e encontrar nossa cadeira, mas não pude deixar de parar no Bar para comprar uma cerveja, que acompanhava um copo personalizado da partida. Relíquia que guardarei para sempre!

Ao sentarmos em nossos lugares, o Equador já fez seu gol, um gol em lance de bola parada. Como estávamos ainda impressionados com o clima de estádio em Copa do Mundo, mal vimos o lance. Essa foi a deixa para uma amigável conversa com um feliz, mas tenso equatoriano, que acompanhava a partida ao nosso lado e que relatou o lance sem quase tirar os olhos do campo.

Não queria perder nenhum lance, assim como meu filho, que assistia a sua primeira partida de futebol em um estádio. Estreia em plena Copa do Mudo no Brasil e ao lado do pai e avô apaixonados por futebol e pelo Fluminense. Quando queriam fotografá-lo, dizia: “tô vendo o jogo” e repetia “não posso, quero ver o jogo”. Um privilegiado!

O jogo era bem disputado, com poucos lances de qualidade técnica, mas com muita garra, disposição e vontade de vencer. A prova foi o último gol da partida, que nasceu em um desarme dentro da área suíça e terminou num rápido contra-ataque, com troca de passes e o gol em bola cruzada na pequena área, já nos acréscimos do segundo tempo. A Seleção Suíça venceu de virada, com dois gols no segundo tempo, o primeiro logo no início, após cobrança de escanteio. O Pedro contava que havia torcido para a Suíça.

Os equatorianos ao nosso lado reclamaram muito da forma como levaram esse gol da virada e deixaram o estádio rapidamente. Já os suíços, fizeram uma grande festa e comemoraram muito o final da partida. O jogo terminou, o estádio esvaziou e nós seguimos dentro do Estádio acompanhando a grande festa que os torcedores faziam.

Estádio lotado para o jogo

Aproveitamos para reunir toda a família e tirar mais algumas fotos. Ainda tentei comprar a última cerveja, mas já não havia mais bares abertos. A saída do Estádio foi bastante tranquila e os arredores estavam repletos de torcedores brasileiros, suíços, equatorianos e de outras nacionalidades em uma grande confraternização.

Acompanhamos um pouco da festa e seguimos para o estacionamento, onde só restava nosso veículo. Partimos para um “almojanta” em família em um tradicional restaurante de comida nordestina de Brasília, onde nos encontramos com diversos outros espectadores dessa histórica partida, ainda “caracterizados”  com adereços e camisas das seleções e de seus clubes.

No voo de volta à São Paulo, ainda no clima, encontramos alguns dos torcedores estrangeiros, sempre trajando algo que identifique sua origem, e compramos alguns souvenires em um quiosque da Copa no desembarque do aeroporto de Congonhas.  

Assim realizei um sonho de infância! Assim despertou mais um apaixonado por futebol, que já nasceu tricolor, meu filho Pedro! E que venham as Olimpíadas do Rio!



* Nílcio Regueira Dias (de branco), 39 anos, é arquiteto e urbanista, é natural de Brasílias mas atualmente mora em São Paulo . tricolor, meu filho Pedro... e torce para o Fluminense.
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