O destino não deixou Antoninho sem títulos pelo Santos

O craque Antoninho

O Santos FC nasceu na década de 10 dominando o futebol da cidade. Na década de 20, mais precisamente na segunda metade, com um ataque matador formado por craques como Araken e Feitiço, só não foi campeão paulista por detalhes e erros de arbitragem que beneficiaram os clubes da capital do estado. Na década de 30, veio o primeiro título estadual, em 1935.

Em seguida, veio um hiato grande e a década de 40 foi um período de vacas magras do clube. Porém, o Santos FC sempre foi conhecido por ter grandes jogadores em todas as fases de sua história. E, mesmo em um momento não tão bom, esta característica foi mantida por um talentoso meia-direita: Antônio Fernandes, o Antoninho.

Em pé, da esquerda para a direita: Nenê, Pascoal, Hélvio, Dinho, Alfredo e Chiquinho.
Agachados: Pinhegas, Antoninho, Juvenal, Simões e Nicácio

Antoninho nasceu em Santos no dia 13 de agosto de 1921. Morava no Boqueirão e durante a segunda metade dos anos 30, quando já era adolescente, jogava por equipes amadoras da cidade, como o São Paulo do Marapé e o C.A. Theodor Wille, onde despertou a atenção de dirigentes e militantes do Santos F.C pelo futebol clássico que praticava.

O craque chegou à Vila Belmiro aos 19 anos. Sua estreia no time principal do alvinegro praiano aconteceu no dia 25 de maio de 1941, na vitória diante do SPR (atual Nacional da Barra Funda), no Estádio da Vila Belmiro. Meia direita de origem, Antoninho era especialista em deixar seus companheiros na cara do gol.

Ataque da seleção paulista: Julinho Botelho,
Antoninho, Baltazar, Pinga e Rodrigues

Antoninho representou para o Santos na década de 40 algo semelhante ao que foi Giovanni nos anos 90: mesmo em um período de vacas magras, sem títulos, a técnica estava presente. Mas há uma diferença, pois Giovanni jogou pelo clube apenas entre 1994 e 1996, voltando depois mais duas vezes, já nos anos 2000. Antoninho jogou no Santos entre 1941 e 1954. Os tempos eram outros. Para os mais antigos, o meia Antoninho foi o que melhor aconteceu ao Santos durante a década de 40. Já para os torcedores do Peixe na faixa de idade entre 30 e 40 anos, Giovanni é ídolo.

Incansável e com facilidade para marcar gols, comandou o time nos vice-campeonatos estaduais de 1948 e 1950. Nos 13 anos em que vestiu a camisa do Santos, Antoninho lutou muito pela conquista de um Campeonato Paulista, mas só pôde comemorar títulos com menor expressão.

Um dos maiores admiradores de seu refinado futebol foi Zizinho, o Mestre Ziza. Antoninho por despeito dos cariocas que tinham o comando da CBD, nunca foi convocado para defender o selecionado nacional, para tristeza dos torcedores do alvinegro. Mas na seleção paulista Antoninho era figurinha carimbada e esteve presente em várias formações jogando ao lado de Julinho Botelho, Baltazar, Pinga e Rodrigues Tatu.

Santos 1, São Paulo 0, em 1948. Vila Belmiro lotada

O craque fez sua última temporada no Santos em 1954, quando o Santos começava a preparar uma nova geração, que se transformou, anos depois, no melhor time do mundo da época. Por ironia do destino, o alvinegro voltara ganhar o Campeonato Paulista já no ano seguinte. Antoninho ainda jogou mais dois anos no Jabaquara e encerrou a carreira de futebol. Como jogador, Antoninho fez 400 partidas pelo Santos, balançando as redes em 145 oportunidades, sendo um dos 15 jogadores que mais marcaram gols pelo Peixe.

Mas todo o seu empenho e dedicação ao Santos FC seria recompensado na segunda metade da década de 60. Antoninho virou técnico depois de parar de jogar. Passou por Canto do Rio, Atlético Mineiro e Fluminense. Em 1965, voltou ao Peixe para ser o auxiliar do técnico Lula. Ao final do ano, Lula deixou o clube e acertou sua ida para o Corinthians.

Helvio e Antoninho, quando defendeu o Jabaquara

E o destino, que não o deixou ser campeão pelo Santos como jogador, deu a oportunidade de ouro para Antoninho. Ele assumia a direção técnica do time que contava com Pelé, Edu, Carlos Alberto, Clodoaldo, Lima, Cláudio, Ramos Delgado, Joel Camargo, Toninho Guerreiro... uma verdadeira constelação de craques!

Como treinador do Santos, Antoninho foi tricampeão paulista em 1967-68-69, campeão do Robertão em 1968, venceu as Recopas Sul-americana e Mundial, no mesmo ano, e foi o técnico do Santos na célebre noite em que Pelé marcou seu milésimo gol no Maracanã, contra o Vasco da Gama, em 1969. Além disso, foi o responsável em lançar no profissional jogadores como Douglas, Negreiros, Edu, Clodoaldo e Manoel Maria.

O lateral esquerdo Rildo, Antoninho, como treinador,
e o preparador físico Júlio Mazzei

Em 1971, Antoninho deixaria o comando técnico do Santos para outro grande nome do clube: Mauro Ramos de Oliveira. Ele ainda dirigiu Figueirense e Noroeste, seu último clube como treinador.

No dia 16 de dezembro de 1973, quando saiu de Santos indo para São Paulo acompanhar um San-São no Morumbi, Antoninho morreu de infarto. Acabou deixando três filhos (um homem e duas mulheres), quatro netos e dois bisnetos. Curiosidade: Antoninho é tio-avô do técnico do Santos campeão paulista de 2015, Marcelo Fernandes. E uma coincidência: ex-zagueiro também não foi campeão como jogador do Santos, mas conseguiu um título como treinador.

Mesmo não sendo campeão como jogador, Antoninho já havia deixado sua marca na história do Santos. A oportunidade de assumir o comando técnico na segunda metade da década de 60 só veio consertar um erro que o destino pregou no passado.
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